A demora na aprovação do ajuste fiscal contribuiu para a manutenção da expectativa negativa do mercado financeiro em relação à economia brasileira, afirmou nesta segunda (1) o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, na capital americana, pouco antes de participar de seminário do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a América Latina. Levy, porém, mantém o otimismo e acredita que o Produto Interno Bruto (PIB) irá reagir no segundo semestre.
A economia será favorecida, disse Levy, por medidas que o governo começará a anunciar nos próximos dias, como o Plano Safra 2015/2016 e o novo programa de concessões. A presidente Dilma Rousseff antecipou, semana passada no México, que uma terceira edição do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, também sairá do papel.
“Eu acho que se nós tomarmos as providências necessárias com rapidez, nós temos bastante chance de ver uma ver um segundo semestre, uma segunda metade do ano, favorável para a economia”, afirmou o ministro.
Segundo pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira pelo Banco Central, após a divulgação do PIB do primeiro trimestre pelo IBGE, o mercado piorou de 1,24% para 1,27% a magnitude da recessão esperada para 2015. Também antevê, diante da persistência da inflação elevada, duas novas rodadas de elevações dos juros: 0,5 ponto percentual esta semana, para 13,75%, e 0,25 ponto no próximo encontro do Copom, para 14% ao ano.
Para Levy, o desânimo do setor privado com a economia, em contraste com o otimismo contido do governo, “é normal”. “Acho que, em geral, tem um período em que você mergulha e depois começa a recuperar. Talvez, em parte, algumas das discussões tenham demorado um pouquinho mais (para serem aprovadas) no Congresso, entre outros lugares, do que o previsto inicialmente e isso tenha levado a esta atualização do mercado.”
Estímulos
O ministro avalia que, a partir da próxima semana, estímulos adicionais ao ajuste fiscal serão oferecidos à recuperação da economia. Esta semana ainda, disse ele, Dilma anunciará um novo plano de safra “muito robusto”, que atenderá às expectativas “de um setor que também vai nos ajudar a passar este ano”.
“O importante é a gente continuar avançando, o governo está se dedicando para anunciar as coisas que têm que ser anunciadas, continuar a economia operando. Tem a própria questão da infraestrutura, que a presidente também deve anunciar brevemente. Acho que tudo isso vai dando a direção e o fôlego para a nossa economia passar esta fase de travessia”, afirmou Levy.
Esses passos, porém, não substituem reparos mais profundos que devem ser feitos na economia brasileira, as chamadas reformas do lado da oferta, explicou o ministro da Fazenda. “Nós temos que começar a focar cada vez mais em reformas do lado da oferta. Durante um tempo, se achou que bastava apoiar a demanda, dar incentivos e tal, ficou evidente que isso não está mais nos levando para frente. Acho que nós temos que ter os preços no lugar certo, facilitar o pagamento de impostos. A gente tem essa reforma do PIS/Cofins que a gente quer fazer. Tem toda uma discussão muito importante com todos os governadores da questão do ICMS. O ICMS é hoje uma trava do crescimento. Não traz dinheiro suficiente para os governadores e faz as empresas não quererem investir.”
Perguntado se, com o trabalho árduo de conduzir a economia brasileira, está exausto em menos de seis meses no cargo, Joaquim Levy demonstrou disposição. “Eu durmo bem, continuo dormindo bem.”
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