O líder do governo no Senado, senador Jaques Wagner (PT-BA), propôs o aumento de mais um imposto para compensar a desoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia, e que se tornou uma queda de braço entre o Planalto e o Congresso.
Wagner sugeriu a elevação do chamado JCP – ou Juros sobre Capital Próprio – de 15% para 25%. A proposta ocorre após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) descartar o aumento de outro imposto para compensar a desoneração, a Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), que tem resistência no Congresso.
O governo corre para acertar com o Legislativo alguma saída para o impasse, que precisa de uma solução para se fechar as contas deste ano e o Orçamento de 2025 em equilíbrio.
“Todo mundo está fazendo conta de R$ 17 bilhões, mas não é. É R$ 25 bilhões. De qualquer forma, a soma do que a gente trouxe está dando R$ 25 bilhões, R$ 26 bilhões. Está sendo colocado JCP, lembremos que tem noventena, como um dispositivo de garantia”, pontuou Wagner na quarta (14) a jornalistas.
O JCP foi criado após o Plano Real e é um mecanismo utilizado por grandes empresas para remunerar os acionistas através de distribuição de lucros enquadrada como despesa, permitindo a dedução do Imposto de Renda. Wagner justificou a inclusão do aumento do JCP como um “dispositivo de garantia” para 2024, ressaltando que a medida só entrará em vigor após o período de noventena, conforme as regras da legislação tributária.
A compensação para os anos seguintes ainda não foi definida, mas Wagner destacou que o aumento do JCP já é uma parte significativa dessa conta.
Além do aumento no JCP, Wagner incluiu no relatório uma cláusula que obriga as empresas desoneradas a manter o número de empregados em quantidade igual ou superior ao verificado em 1º de janeiro de cada ano. Caso descumpram essa regra, a Receita Federal poderá cortar o benefício fiscal, restabelecendo a alíquota de 20% sobre a folha de salários – uma demanda de Lula, mas que enfrenta resistência entre empresários.
O pacote proposto pelo Senado para compensar a perda de arrecadação também inclui medidas como a abertura de um novo prazo para a repatriação de recursos no exterior e recolhimento de Imposto de Renda, a atualização do valor de bens (como imóveis) na declaração do Imposto de Renda e a criação de um programa de renegociação de dívidas para empresas com multas e taxas vencidas cobradas por agências reguladoras.
O Supremo Tribunal Federal (STF) deu ao Congresso um prazo até 11 de setembro para aprovar as medidas de compensação. Caso contrário, a desoneração em vigor será suspensa.
Governo promete reforma, mas evita falar em corte de gastos com servidores
Bolsonaro chora e apoiadores traçam estratégia contra Alexandre de Moraes; acompanhe o Entrelinhas
“Vamos falar quando tudo acabar” diz Tomás Paiva sobre operação “Contragolpe”
Brasil tem portas fechadas em comissão da OEA para denunciar abusos do STF
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast