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Socorro ameaçado

Líderes põem a Grécia nas cordas

Angela Merkel, Nicolas Sarkozy e o premiê grego, Georges Papandreou, na chegada para a reunião pré-cúpula do G20: líderes impuseram condições para aceitar o referendo grego | Lionel Bonaventure/AFP e Thomas Coex/AFP
Angela Merkel, Nicolas Sarkozy e o premiê grego, Georges Papandreou, na chegada para a reunião pré-cúpula do G20: líderes impuseram condições para aceitar o referendo grego (Foto: Lionel Bonaventure/AFP e Thomas Coex/AFP)

Na véspera da abertura da reunião de cúpula do G20 (grupo das 20 economias mais desenvolvidas do mundo), a Europa deu ontem um ultimato à Grécia. Dois dias depois de o primeiro-ministro do país, George Papandreou, anunciar de forma surpreendente um referendo sobre a adoção do plano de socorro negociado em Bru­xelas, líderes europeus impuseram três condições para aceitar a medida: a obtenção de um voto de confiança do Parlamento de Atenas amanhã, a realização da consulta popular no menor prazo possível e a adoção de uma questão direta sobre se a população quer ou não seguir integrando a zona do euro.

O ultimato foi feito na noite de ontem, em Cannes (França), durante uma reunião pré-cúpula do G20. No encontro, estavam presentes a chanceler da Ale­manha, Angela Merkel; o presidente da França, Nicolas Sarkozy; o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi; a diretora-gerente do Fundo Mone­tário Internacional (FMI), Chris­tine Lagarde; e os presidentes do Conselho Europeu e da Comissão Europeia, Herman Van Rompuy e José Manuel Durão Barroso, além de Papandreou.

Em outras palavras, os representantes europeus advertiram Papandreou que ou a Grécia diz "sim" à permanência na zona do euro e adota o plano de socorro aprovado por 17 países, ou diz "não" e abandona a moeda única por livre vontade. Em resposta, o premiê grego teria indicado que, se houver, o referendo será realizado em 4 ou 5 de dezembro.

O programa de auxílio negociado na madrugada de 27 de outubro prevê um novo programa de financiamento de 145 bilhões de euros e o corte da dívida da Grécia em 50%, o equivalente a cerca de 100 bilhões de euros, segundo dados de Bruxelas. O "haircut", que teria a anuência do Instituto Internacional de Finanças (IIF) – órgão que representa 400 bancos, seguradoras e fundos de investimentos – reduziria a dívida do país de 160% para 120% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em 2020. Essas medidas foram aprovadas por Papan­dreou na reunião da semana passada, antes que o premier mudasse de ideia e decidisse convocar o referendo.

Vai ou racha

"A ideia é colocar a Grécia frente às suas responsabilidades", disse um diplomata da França, que pediu para não ser identificado. Nesse caso, uma vitória do "não" no referendo representaria o abandono definitivo da moeda única.

Os primeiros sinais públicos do ultimato foram emitidos à tarde, em Paris, pelo primeiro-ministro da França, François Fillon. Em discurso à Assembleia Nacional, o premiê revelou a pressão sobre a questão a ser submetida a referendo. "Os gregos devem dizer rapidamente e sem ambiguidades se preferem ou não conservar seu lugar na zona do euro", disse.

Horas depois, Jean-Claude Juncker, premier de Luxemburgo e coordenador do fórum de ministros de Economia (Ecofin) da UE, adotou o mesmo tom. "Os 17 países tomaram decisões unânimes. Nós não aceitaremos que alguém se dissocie das decisões tomadas por todos os 17", disse.

Protestos

A véspera da cúpula do G20 foi marcado por protestos contra o capitalismo, principalmente em Nice, a 20 quilômetros de Cannes.

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