Avaliação
Para analistas, ideal é premiê deixar o governo
Na sexta-feira, o parlamento grego deve decidir sobre o voto de confiança no governo e a realização do referendo. George Papandreou tem maioria apertada e vem perdendo apoio dentro do próprio partido. Se for derrotado, o governo cairá e serão convocadas novas eleições. Se ganhar, o primeiro-ministro se mantém no poder e a população do país dará o veredicto sobre o pacote de ajuda, em meio à explosão de insatisfação social.
Analistas de mercado acreditam que o primeiro caso seria o menos pior. Isso porque traria a possibilidade da chegada de um novo governo favorável às medidas de austeridade impostas pela União Europeia, sem a necessidade do referendo. O segundo cenário representaria um longo período de incertezas e, caso a população vote contra o pacote da UE, poderia significar a saída da Grécia da zona do euro. "O cenário menos favorável aos mercados seria o governo ganhar na sexta-feira e o referendo decidir pelo não", avalia Jim Reid, estrategista-chefe do Deutsche Bank.
Nada de dinheiro
Segundo o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF, na sigla em inglês) e o FMI podem não repassar novas parcelas de 8 bilhões de euros referentes ao primeiro plano de socorro (de 110 bilhões de euros, aprovado em maio de 2010) enquanto o referendo não tiver sido realizado. A ameaça põe o premiê grego em xeque, já que seu governo só teria liquidez para honrar dívidas até dezembro.
Na véspera da abertura da reunião de cúpula do G20 (grupo das 20 economias mais desenvolvidas do mundo), a Europa deu ontem um ultimato à Grécia. Dois dias depois de o primeiro-ministro do país, George Papandreou, anunciar de forma surpreendente um referendo sobre a adoção do plano de socorro negociado em Bruxelas, líderes europeus impuseram três condições para aceitar a medida: a obtenção de um voto de confiança do Parlamento de Atenas amanhã, a realização da consulta popular no menor prazo possível e a adoção de uma questão direta sobre se a população quer ou não seguir integrando a zona do euro.
O ultimato foi feito na noite de ontem, em Cannes (França), durante uma reunião pré-cúpula do G20. No encontro, estavam presentes a chanceler da Alemanha, Angela Merkel; o presidente da França, Nicolas Sarkozy; o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi; a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde; e os presidentes do Conselho Europeu e da Comissão Europeia, Herman Van Rompuy e José Manuel Durão Barroso, além de Papandreou.
Em outras palavras, os representantes europeus advertiram Papandreou que ou a Grécia diz "sim" à permanência na zona do euro e adota o plano de socorro aprovado por 17 países, ou diz "não" e abandona a moeda única por livre vontade. Em resposta, o premiê grego teria indicado que, se houver, o referendo será realizado em 4 ou 5 de dezembro.
O programa de auxílio negociado na madrugada de 27 de outubro prevê um novo programa de financiamento de 145 bilhões de euros e o corte da dívida da Grécia em 50%, o equivalente a cerca de 100 bilhões de euros, segundo dados de Bruxelas. O "haircut", que teria a anuência do Instituto Internacional de Finanças (IIF) órgão que representa 400 bancos, seguradoras e fundos de investimentos reduziria a dívida do país de 160% para 120% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em 2020. Essas medidas foram aprovadas por Papandreou na reunião da semana passada, antes que o premier mudasse de ideia e decidisse convocar o referendo.
Vai ou racha
"A ideia é colocar a Grécia frente às suas responsabilidades", disse um diplomata da França, que pediu para não ser identificado. Nesse caso, uma vitória do "não" no referendo representaria o abandono definitivo da moeda única.
Os primeiros sinais públicos do ultimato foram emitidos à tarde, em Paris, pelo primeiro-ministro da França, François Fillon. Em discurso à Assembleia Nacional, o premiê revelou a pressão sobre a questão a ser submetida a referendo. "Os gregos devem dizer rapidamente e sem ambiguidades se preferem ou não conservar seu lugar na zona do euro", disse.
Horas depois, Jean-Claude Juncker, premier de Luxemburgo e coordenador do fórum de ministros de Economia (Ecofin) da UE, adotou o mesmo tom. "Os 17 países tomaram decisões unânimes. Nós não aceitaremos que alguém se dissocie das decisões tomadas por todos os 17", disse.
Protestos
A véspera da cúpula do G20 foi marcado por protestos contra o capitalismo, principalmente em Nice, a 20 quilômetros de Cannes.
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