São Paulo (AE e Folhapress) Uma avaliação do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) mostra que a conversão de pulsos em minutos nas ligações de telefones fixos causaria aumento nos custos dos clientes que realizassem ligações maiores que três minutos. Uma ligação de 15 minutos poderia ficar até 120% mais cara e uma ligação de 60 minutos até 160%. Em outro cálculo, a associação de defesa do consumidor Pro Teste concluiu que uma chamada de dez minutos ficaria 117,11% mais cara.
Como quem usa a internet com conexões discadas normalmente faz ligações mais longas, a alteração levaria a um aumento significativo na conta de quem usa a rede. Com o adiamento, o governo deixa de tomar uma medida impopular para mais de 4 milhões de internautas que utilizam a linha convencional. "Há uma preocupação generalizada que o novo sistema possa representar um prejuízo para o consumidor", disse o ministro das Comunicações, Hélio Costa, ao aununciar o atraso na mudança de sistema.
Apesar de impedir um aumento forte nas contas de telefone, o atraso na implantação do novo sistema traz uma perda para o consumidor: o adiamento da conta de telefone detalhada. A novidade começaria a valer entre março e julho de 2006, conforme fosse feita a troca do sistema de cobrança das ligações de pulso para minutos, e faria com que o consumidor soubesse com exatidão quantos minutos usa por mês.
"Para o consumidor é um tremendo retrocesso. O mínimo era ele poder controlar seus gastos, saber quanto consome", afirma Maria Inês Dolci, coordenadora do Departamento Jurídico da Pro Teste. Segundo ela, em vez de adiar a adoção do novo sistema de minutos, o governo deveria rever a fórmula de cobrança para que os consumidores não fossem prejudicados com valores mais altos nas tarifas.
Pelos cálculos feitos pela, só as ligações locais de curta duração (de até três minutos) ficariam mais baratas do que é pago atualmente com a troca. Para Maria Inês, a Anatel não monitorou como deveria o setor e assinou os contratos com as operadoras de forma muito apressada. "Existe um componente eleitoral nessa pressa toda e agora percebem a inviabilidade. Por que os contratos de concessão não foram adiados para que isso não acontecesse?", questiona.