A Tritec Motors não poderá ser vendida por sua controladora, a montadora norte-americana Chrysler, ao menos enquanto durar o efeito de uma decisão da Justiça de Campo Largo (região metropolitana de Curitiba), onde está instalada a fabricante de motores. Na noite de quarta-feira, o juiz Antônio Ferreira da Costa Neto concedeu liminar solicitada pela montadora Óbvio, do Rio de Janeiro, e tornou indisponíveis todos os bens da empresa paranaense. A Óbvio não quis se pronunciar sobre o assunto, e a Tritec informou que "não comentará decisões judiciais passíveis de recurso".
Desde o início do ano passado, pelo menos quatro empresas demonstraram interesse em comprar a Tritec: duas montadoras russas, uma chinesa e a própria Óbvio. A Tritec interrompeu a produção de motores em 15 de junho e, um mês depois, demitiu 240 trabalhadores. Os 114 funcionários que permaneceram na empresa fazem apenas de trabalhos administrativos e de manutenção, embora circule a informação de que a empresa tem desenvolvido protótipos de novos motores.
A Óbvio havia enviado uma citação judicial à Tritec no início do mês, avisando que adotaria "medidas cabíveis para assegurar o cumprimento integral da proposta de fornecimento". A montadora alega que, se for vendida, a fábrica paranaense poderá descumprir um suposto contrato, que prevê a entrega de motores para equipar seus veículos mini-carros, com capacidade para três passageiros, com produção prevista para 2008.
Embora a Justiça tenha aceitado a versão da Óbvio, há divergências sobre o valor jurídico dos documentos apresentados pela empresa. Segundo fontes do setor, as empresas teriam apenas trocado cartas de intenções, e não assinado um contrato.
A Óbvio entende que a venda da Tritec poderia atrasar ou mesmo inviabilizar a produção dos automóveis. O projeto da montadora teve início em 2001, e os primeiros contatos com a Tritec ocorreram dois anos depois. No entanto, o lançamento dos veículos foi adiado várias vezes. O local onde eles serão montados é um galpão, ainda vazio, na região metropolitana da capital fluminense, e a Óbvio já teria firmado contratos para exportar 150 mil automóveis para Estados Unidos, Europa e Ásia.