Com inúmeras opções no mercado e aceitação quase universal no comércio, os cartões de crédito ocupam papel cada vez maior nas compras dos brasileiros. Só este ano devem ser realizadas cerca de 13 bilhões de transações nessa modalidade, segundo estimativas da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). A comodidade, porém, pode facilmente acabar em descontrole, sendo o mais grave a entrada no crédito rotativo, cujos juros vêm baixando mas ainda são os mais altos do mercado.
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Em pesquisa recente realizada pela Abecs e pelo Instituto Datafolha, 21% dos entrevistados afirmaram que a última fatura está acima do que podem pagar. Para 15% das pessoas, o valor representa mais da metade do orçamento do mês.
Confira quatro sinais listados por especialistas financeiros de que você está usando o cartão de crédito de forma descontrolada:
1.º sinal: Você está levando em conta o limite do cartão (e não quanto dinheiro tem disponível)
Para o educador financeiro Ricardo Pereira, do site Dinheirama.com, os erros mais cometidos na utilização do cartão de crédito acontecem quando, no lugar de respeitar os limites do orçamento, as pessoas usam como base o limite do cartão de crédito. “O cartão é uma ferramenta importante que, quando bem utilizado, oferece oportunidades. Mas é uma ferramenta que precisa ser utilizada com critério”, alerta.
2.º sinal: você paga o mínimo da fatura, e não o valor total
Pereira lembra que, depois de gastarem mais do que podem com o cartão, muitas pessoas acabam cometendo um segundo erro, que é pagar o porcentual mínimo da fatura. O chamado crédito rotativo, apesar de este ano ganhar regras novas justamente para evitar endividamento, ainda traz juros extremamente altos.
3.º sinal: você parcelou compras demais e estourou o orçamento
A Abecs, que tem uma cartilha com dicas para quem usa cartão de crédito, recomenda cuidado ao parcelar compras, já que as parcelas comprometem os orçamentos dos próximos meses. Outro erro comum dos usuários de cartão de crédito é parcelar compras demais que, somadas, podem estourar as contas pessoais. E se dividir muitas compras é um erro, fazer isso em compras recorrentes – como o supermercado ou a farmácia – é ainda pior, pois fatalmente os valores vão acumular com novas compras no mês seguinte.
4.º sinal: você paga caro por um programa de milhas que não serve para muita coisa
Por mais tentadores que possam parecer, os programas de milhagem muitas vezes podem não valer a pena. Fatores como o dólar mais alto, exigência de cada vez mais pontos para trocar por passagens e anuidades bastante altas tornaram a opção pouco interessante em comparação a uma “era de ouro” dessas modalidades no passado.
Taxas estão em queda, mas ainda são altas
Dados divulgados pelo Banco Central em outubro mostram que as taxas anuais do rotativo do cartão de crédito vêm diminuindo consideravelmente. Se em setembro do ano passado os consumidores que não conseguiam pagar o valor total de suas faturas arcavam com quase 16% ao mês de juros, um ano depois essa taxa foi para pouco menos de 13% (ou 332% ao ano).
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Muito dessa queda se deve a novas regras que entraram em vigor em abril. Segundo elas, quem não paga o valor cheio da fatura só pode ficar no crédito rotativo por até 30 dias. Depois disso, caso o cliente ainda não consiga pagar a dívida, os cartões são obrigados a oferecer parcelamento do saldo devedor, o que garante juros menores – hoje em torno de 8,5%.
Ainda assim, os juros são os mais altos oferecidos no mercado. As taxas médias do crédito consignado, por exemplo, não passaram de 3% ao mês em setembro. Servidores públicos e aposentados e pensionistas do INSS podem conseguir taxas ainda mais baixas. No empréstimo não-consignado, mais caro, os juros passam de 7%.
Dica para conseguir pagar a fatura
Dessa forma, a dica pra quem não conseguiu pagar a fatura do cartão é sempre pesquisar por outras opções de empréstimo. Pereira lembra ainda que uma reserva para emergências também pode ajudar. “É importante que as pessoas percebam que a educação financeira e o planejamento financeiro precisam ser encarados como um estilo de vida. Um erro que pode parecer bobo, ao estourar o limite do cartão ou do cheque especial, pode custar muito caro”, avisa.