A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) anunciou nesta terça-feira (10) uma nova abordagem para os clientes que usam o cheque especial, com uma atenção especial para aqueles que costumam fazer isso por 30 dias consecutivos e comprometem mais do que 15% do limite disponível. Basicamente, a ideia é oferecer modalidades alternativas e mais baratas a esses clientes, como a do crédito pessoal, como forma de, com o tempo, dissuadi-los de usar o cheque especial, modalidade cara e emergencial que não deveria ser usada pelos brasileiros como é hoje. Tudo isso, a partir de 1.º de julho.
VÍDEO: veja as explicações da Febraban sobre as mudanças no cheque especial
Segundo a Febraban, o brasileiro continua usando muito o cheque especial: 24 milhões dos 150 milhões de clientes ativos do setor bancário estavam usando essa modalidade em dezembro de 2017, com um saldo médio de R$ 900 e prazo de utilização de 16 dias.
Isso mesmo em um contexto de juros altíssimos, de 12,77% ao mês (322,98% ao ano), segundo dados de março da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Como contraponto, os juros do empréstimo pessoal dos bancos estão, em média, em 4,12% ao mês (62,33%).
Diferentemente das mudanças no rotativo do cartão de crédito, que entraram em vigor em abril de 2017, porém, as novas diretrizes do cheque especial não serão obrigatórias, apenas sugestões aos clientes. A abordagem será feita via canais de atendimento tradicionais, como email, telefone e aplicativo.
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No caso dos clientes que usam o cheque especial por mais de 30 dias consecutivos ou mesmo ultrapassam o limite disponível em mais de 15%, os bancos pretender fazer uma abordagem mais insistente. Se o cliente não aceitar a sugestão de modalidade de crédito mais barato para saldar o cheque especial, uma nova oferta será feita a cada 30 dias.
Já caso o consumidor opte pelo parcelamento do saldo devedor, os bancos poderão manter os limites de crédito contratados, levando em consideração as condições de crédito do consumidor, ou estabelecer novas condições para a utilização e pagamento do valor correspondente ao limite ainda não utilizado e que não tenha sido objeto do parcelamento.
Objetivo final da medida é também colaborar para a queda dos juros do cheque especial no país.
Bancos vão ser mais sinceros sobre riscos do cheque especial
Também como parte da nova abordagem, os bancos se comprometeram a divulgar as condições e riscos do cheque especial de uma maneira mais clara. Isso inclui, por exemplo, comunicar o cliente, via mensagem, e-mail ou outra forma de notificação escolhida pelo usuário, que ele acabou de “entrar” no cheque especial e que essa modalidade é feita para necessidades temporárias e emergenciais.
Além disso, o valor do limite de crédito do cheque especial disponível para utilização deverá ser informado nos extratos de forma clara e apartada de modo a não ser confundido com valores mantidos em depósito pelo consumidor na conta corrente.
Todas essas mudanças vêm sendo discutidas desde o fim de 2016 entre Banco Central e instituições financeiras. As mudanças no cartão de crédito e, mais recentemente, do cartão de débito fazem parte do pacote para baixar os juros ao consumidor e reduzir a inadimplência, tudo em consonância com a queda da Selic. Mas o caminho para que os juros mais baixos realmente sejam sentidos pelo consumidor final ainda é longo.
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