Batel (foto) é o bairro que concentra os apartamentos novos mais caros de Curitiba.| Foto: Daniel Castellano/ArquivoGazeta do Povo

Se você mora em Curitiba há algumas décadas vai ver que não há novidades no ranking mostrado abaixo. Há tempos, o Batel é o bairro com os apartamentos novos mais caros da cidade. Mas é sempre bom prestar a atenção nos demais bairros da lista e também no fato de que o mercado já está ensaiando uma retomada e repassando mais do que a inflação aos preços dos imóveis verticais da cidade. 

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Veja o preço do metro quadrado privativos dos aptos novos de Curitiba por bairro

No último mês de fevereiro, a pesquisa da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), em parceria com a Brain Bureau de Inteligência Corporativa, aponta que o preço médio do metro quadrado privativo dos apartamentos residenciais novos ficou em R$ 6,9 mil, valor que, em 12 meses, representa uma alta de 5,2%, algo acima dos 4,7% registrados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no mesmo período. 

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Segundo a Ademi-PR, os apartamentos com três e quatro dormitórios apresentaram o maior reajuste nesses 12 últimos meses (6,9% e 6%, respectivamente), o que fez com que essas tipologias fechassem o período com um preço médio do metro quadrado privativo de R$ 6.846 e R$ 10.738. 

Os apartamentos de quatro dormitórios são os mais caros do Batel: R$ 12.479 o metro quadrado privativo. E isso não deve mudar. “A perspectiva de a região mudar, não só em Curitiba mas em outras cidades onde já há bairros mais valorizados, é mínima. Nessa região, historicamente, estão os terrenos mais caros e com menos disponibilidade da cidades. Além disso, tem a menor oferta e a demanda estável”, ressalta o o diretor de pesquisa de mercado da Ademi/PR, Luiz Francisco Viana Jr. 

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Estoque menor, preço maior? 

Também segundo os dados da Ademi-PR fechados em fevereiro deste ano, o estoque de apartamentos residenciais novos de Curitiba teve queda de 17,5% nos últimos 12 meses, saindo da casa das 9 mil para próximo de 7,5 mil unidades. 

No discurso adotado pelo mercado, escaldado após o boom imobiliário e a invasão e debandada de incorporadoras nacional da capital paranaense, essa quantidade de apartamentos novos é o “estoque ideal para uma cidade do porte de Curitiba”. A Gazeta do Povo já tinha mostrado em março que o estoque fechado em 2016 era o mais baixo em seis anos na capital paranaense.

As quedas mais significativas em números de unidades foram para os apartamentos econômicos (com preços entre R$ 215 mil e R$ 250 mil), que tiveram volume reduzido em mais de quatro vezes (de 1.290 para 282 unidades), e para os imóveis standard (R$ 250mil a R$ 400 mil), com recuo de 27% das unidades disponíveis para a venda (de 1.709 para 1.328 imóveis). 

Para quem anda pelas ruas da capital paranaense é difícil entender essa redução de estoque, já que as placas de plantão de vendas parecem se multiplicar ou estar há muito tempo na fachada de prédios já inaugurados. Mas a explicação está em dois fatores: a freada no número de lançamentos de 2014 para cá e a venda de boa parte das unidades encalhadas pela maioria das construtoras e incorporadoras da cidade — quem não lembra das ações de desconto promovidas em fins de semana e eventos afins nos últimos três anos?

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Ainda assim, a pesquisa da Ademi-PR e da Brain traz dados um pouco diferente das expectativas que o mercado divulgou no início do ano. O volume de apartamentos residenciais novos lançados na capital paranaense no mês de fevereiro praticamente triplicou em relação a fevereiro de 2016, passando de 126 para 358 unidades. O número de empreendimentos residenciais novos também cresceu: foram quatro no referido mês em 2017, contra três no ano passado.

Se observados os últimos 12 meses, porém, fica claro que o crescimento nos lançamentos se deu em extremos: as novas unidades colocadas no mercado concentraram-se nos imóveis supereconômicos (com preço de até R$ 215 mil), que recebeu sete novos empreendimentos, e de luxo (entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões), padrão que teve cinco empreendimentos a mais do que em fevereiro de 2016.

O segmento standard (R$ 250 mil a R$ 400 mil), responsável por cerca de 40% do mercado da cidade e que também representa a porta de entrada da classe média curitibana, com renda entre R$ 8 mil e R$ 13 mil, está em falta. Dados fechados em 2016 mostram que o número de unidades nessa padrão caiu de 2,4 mil para 1,6 mil, queda que a Gazeta do Povo mostrou no último mês de março.

Embora os recentes anúncios sobre a permissão para que as linhas do FGTS também sejam usadas para financiamento de imóveis de até R$ 1,5 milhão e as correções das faixas do Minha Casa Minha Vida, que passaram a atender famílias com renda de até R$ 9 mil, também tenham animado o mercado, é preciso mais para destravar o setor. A pedra no sapato para o mercado neste e nos próximos anos é a mesma que atrasa a vida de outros setores e da própria população: as altas taxas de juros e o desemprego. Por isso também é que, segundo Viana Jr, é só no segundo semestre que um número maior de apartamentos novos devem ser lançados na cidade.

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Se é hora ou não de comprar o imóvel? Isso depende de outros fatores, principalmente do perfil do comprador. Como já mostramos outras vezes nas reportagens da Gazeta do Povo, a escolha por comprar um imóvel ou não vai além do pensamento racional: deveria ter mais a ver com a taxa de juros no país e situação de renda da família, entre outros fatores, mas frequentemente respeita a lei do coração e a vontade do brasileiro de ter uma casa.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]