A Bolsa brasileira engatou a décima alta seguida nesta sexta (5) e teve a melhor sequência de valorizações desde julho de 2010, em semana marcada por indicadores econômicos positivos e pela ajuda do exterior, onde os índices americanos atingiram patamares máximos. O dólar se manteve na casa de R$ 3,23.
O Ibovespa, índice das ações mais negociadas, subiu 0,54%, para 79.071 pontos, novo recorde nominal. Na primeira semana do ano, acumulou ganho de 3,49%.
O dólar comercial caiu 0,03%, para R$ 3,234, e na semana teve depreciação de 2,44%. O dólar à vista, que fecha mais cedo, subiu 0,10%, para R$ 3,231. Na semana, recuou 2,46%.
A semana foi de avaliação de indicadores positivos. Os economistas revisaram para 1% a expectativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2017. Dados de produção e venda de veículos apontam para recuperação do setor automotivo, e, nesta sexta, o IBGE informou que a produção industrial do país teve alta de 0,2% em novembro.
No campo político, o presidente Michel Temer viu sua reforma ministerial ser facilitada pela saída de alguns ministros. Marcos Pereira, que estava na pasta da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, pediu demissão nesta quarta, na terceira baixa no governo em um mês.
Para Alvaro Bandeira, economista-chefe do home broker Modalmais, as saídas abrem espaço para que o governo consiga votar a reforma da Previdência em fevereiro. “ Ainda que emagrecida, mas com boa sinalização para investidores em todo o mundo”, indica em relatório.
Os investidores também acompanharam a movimentação do governo para desenhar uma PEC (proposta de emenda à constituição) com objetivo de suspender a “regra de ouro”, que impede a União de emitir dívida em volume superior a investimentos. “Se a reforma da Previdência não sair, o governo vai ter que estourar o teto de gastos. Então o governo pode usar esse artifício para burlar um pouco essa regra”, afirma Julio Hegedus, economista da consultoria Lopes Filho.
A Bolsa brasileira também contou com uma ajuda do exterior. Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones bateu seguidos recordes nesta semana e superou, pela primeira vez na história, os 25 mil pontos. S&P 500 e o índice da Bolsa Nasdaq, de tecnologia, também estão nas máximas.
Comportamento das ações
Das 64 ações que compõem o Ibovespa, 43 fecharam em alta, 19 caíram e duas terminaram o dia estáveis.
As ações da BRF fecharam o dia com maior valorização, após subirem 4,92%. A BRF avançou 2,42%, e a Bradespar encerrou com ganho de 2,41%.
Na ponta contrária, a Embraer teve queda de 5,28%. As ações da fabricante de aviões acumulam valorização de 25,2% desde que a empresa anunciou que conversa com a Boeing uma parceria que incluiria a área de defesa. A Usiminas se desvalorizou 4,29%, e as ações preferenciais da Eletrobras tiveram queda de 2,52%.
Os papéis da Petrobras fecharam o dia em alta, embora os preços do petróleo tenham caído nesta sessão. As ações preferenciais da estatal subiram 0,60%, para R$ 16,83. Os papéis ordinários tiveram ganho de 0,79%, para R$ 17,84.
As ações ordinárias da Vale encerraram o dia com avanço de 1,56%, para R$ 42,29.
No setor bancário, o Itaú Unibanco teve alta de 0,29%. As ações preferenciais do Bradesco subiram 0,57%, e as ordinárias se valorizaram 0,03%. O Banco do Brasil ficou estável, e as units -;conjunto de ações- do Santander Brasil avançaram 1,07%.
Comportamento do dólar
A moeda americana ganhou força em relação a 29 das 31 principais divisas do mundo, apesar do relatório de emprego nos EUA ter sido considerado fraco por analistas.
A criação de empregos no país desacelerou mais do que o esperado em dezembro em meio a uma queda no setor de varejo, mas uma aceleração no aumento salarial indicou força do mercado de trabalho que pode abrir caminho para o Federal Reserve (Fed, banco central americano) elevar a taxa de juros em março.
A economia americana abriu 148 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola em dezembro, informou o Departamento do Trabalho. A expectativa girava em torno da criação de 190 mil.
A taxa de desemprego ficou em 4,1%, estável em relação a novembro.
No Brasil, o CDS (Credit Default Swap, espécie de seguro contra calote) do Brasil caiu 0,97%, para 147,2 pontos. Foi o 11º dia de queda, e o menor nível desde 19 de setembro de 2014.
No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados subiram. O contrato para abril de 2018 teve alta de 6,723% para 6,730%. O para janeiro de 2019 subiu de 6,770% para 6,805%.
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