Nos Jogos Olímpicos do Rio, quem olhava para o céu podia ver mais do que o Cristo e o Pão de Açúcar. Quatro balões equipados com câmeras pairavam acima da cidade, monitorando a segurança pública. A solução, inovadora, foi desenvolvida pela Altave, que integra um time crescente de startups brasileiras que têm impacto direto no mercado e na vida das pessoas.
Preso ao chão, o balão funciona como uma torre móvel. Uma empresa de telefonia, por exemplo, ao invés de instalar toda uma parafernália para levar sinal de celular a uma fazenda, pode colocar os equipamentos no balão e está pronto o sinal. A altura pode variar de 50 metros a 300 metros.
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Da Olimpíada para cá, a Altave ganhou visibilidade. Hoje são mais de 50 balões, 32 empregados, e um faturamento anual na casa dos R$ 13 milhões. Em função do tamanho, a empresa está de mudança para o Parque Tecnológico de São José dos Campos.
Mas, como muitas empresas, a Altave nasceu dentro de uma incubadora. O sucesso inicial da empresa indica a maturação do ecossistema de startups, aqui no Brasil. Cada vez mais empresas inovadoras deixam o papel e passam a fazer diferença na vida das pessoas. Ainda que indiretamente.
Um exemplo é a Nearbee, que busca soluções comunitárias de segurança. Considerada uma das 100 startups brasileiras mais promissoras para negócios e investimentos, a empresa começou tentando integrar pessoas próximas para se ajudarem em situações de emergência (você acionar o seu vizinho se estiver caído no chão do apartamento, por exemplo). Mas só oferecer uma tecnologia bacaninha não era suficiente para mudar a vida das pessoas.
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A grande sacada foi quando a empresa percebeu que poderia unir sua tecnologia à demanda do poder público. Foi assim que nasceu o Emergência RJ, que funciona como o "190 virtual" para toda a população do estado do Rio de Janeiro.
Por ali, uma vítima pode avisar de um crime sem precisar telefonar, e ainda permitir que o seu celular seja rastreado. As viaturas policiais também são geolocalizados. O sistema como um todo reduziu de 20 minutos para 4 minutos o tempo de encaminhamento de uma ocorrência policial.
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Como o impacto acontece
Mas, afinal, a partir de que momento as startups passam a impactar na sociedade? "Quando elas rompem a barreira do crescimento", explica Juliano Seabra, diretor geral da Endeavor. Caso contrário, elas não passam de uma boa ideia na cabeça do empreendedor.
O desafio, diz ele, é fazer com que as startups entrem para a estatística das empresas que crescem. Até porque as chamadas empresas de "alto crescimento" são responsáveis por 46% dos novos empregos no Brasil. E olha que elas não representam nem 2% do total de negócios no país.
Certo. Mas como promover este crescimento? Quais as condições necessárias para uma empresa ter escala? Seabra fala de duas:
"Primeiro, ter um mercado grande. Se você não opera num mercado grande, precisa de um modelo de negócios que possa ser replicado. Pensa na Uber, que opera em Curitiba, São Paulo, São Francisco Tel Aviv. É replicável. E tem um desafio adicional que é como uma inovação de uma startup pode ser implementada pelo poder público"
O assunto é especialmente relevante no Brasil, explica, onde o governo assume papel de destaque na economia. Uma mudança importante aqui é no modelo de compras. Pela forma como funcionam as licitações, atualmente, fica impossível o poder público incorporar qualquer tipo de inovação.
Não significa que as startups precisam ser contratadas diretamente. Mas um contrato com uma concessionária pode prever a subcontratação de projetos inovadores. Além disso, tem um papel simples e fundamental que o poder público pode cumprir, que é o de articulador.
Em uma cidade grande, por exemplo, são pequenas as chances de um empreendedor chegar até um grande empresário. Seja para pedir um investimento ou ofertar um serviço. O prefeito pode ser o cara que vai pegar este pessoal pela mão e fazer a ponte entre estes mundos.
Uma startup que surfou nesta onda é a Net Sensors. A empresa produz bueiros inteligentes, que têm uma estrutura facilmente removível e são equipados com sensores, que alertam a central quanto ele atinge 70% da capacidade.
O sistema tem um potencial enorme de baratear a manutenção destes espaços. Primeiro porque muitos bueiros estão vazios e não precisam ser limpos (em São Paulo, estima-se que este seja o caso de 60% deles). Mas o limpador só descobre isso quando abre a tampa. Além disso, pelo modelo atual, o funcionário leva até uma hora em cada limpeza. A Net Sensors estima que seja possível limpar até 30 bueiros por dia, com o seu sistema.
Como o negócio da empresa é com prefeituras, muitos protótipos já foram validados (inclusive no Porto Maravilha, no Rio de Janeiro). Mas a contratação ainda está em fase de negociação.
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