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Carreira

A atitude dos recrutadores que mais irrita os candidatos no processo seletivo

Dos mil brasileiros entrevistados pela Robert Half, 84% aceitaram uma segunda opção de oportunidade de emprego porque o empregador de sua preferência demorou muito para responder. | Bigstock/
Dos mil brasileiros entrevistados pela Robert Half, 84% aceitaram uma segunda opção de oportunidade de emprego porque o empregador de sua preferência demorou muito para responder. (Foto: Bigstock/)

A demora no retorno sobre o posicionamento em um processo seletivo para uma vaga de emprego é o que mais frustra os candidatos no mercado de trabalho. A constatação é resultado de uma pesquisa da Robert Half, especializada em recrutamento, realizada com nove mil pessoas (mil brasileiros) em 11 países do mundo (Austrália, Áustria, Bélgica, Brasil, França, Alemanha, Hong Kong, Holanda, Singapura, Suíça e Reino Unido), entre dezembro de 2017 e janeiro de 2018.

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De acordo com o levantamento, a lentidão na resposta é um problema para 58,1% dos entrevistados brasileiros. Também geram insatisfação a realização de várias rodadas de entrevista com o mesmo gestor (48,6%), a falta de comunicação sobre todas as etapas do processo (48,2%), a demora na decisão (30,2%), as alterações das exigências do cargo (29,1%), a dificuldade para marcar entrevistas (25,2%) e a decepção com os termos de contrato (18,9%).

Em todo processo, um dos pontos mais importantes é o alinhamento de expectativas, comenta o gerente sênior de recrutamento da Robert Half, Caio Arnaes. Para evitar que haja a frustração, as empresas precisam repensar seus métodos. “A guerra de talentos sempre existirá. Gente boa se movimenta rápido, é disputada no mercado e escolhe onde quer trabalhar. O retorno rápido adianta o lado do candidato, mas, mais do que isso, as empresas precisam dar um feedback dentro de um prazo previamente combinado.”

Dois lados precisam ter bom senso

Esse tipo de falha pode inclusive afetar a imagem da empresa e gerar impactos negativos para a marca, alerta o especialista. De acordo com a pesquisa, 52,1% dos candidatos a emprego no Brasil afirmam que não recomendariam uma companhia com falhas no processo de seleção como possível empregadora e 43,1% demonstram disposição de cancelar a candidatura caso não recebam um retorno em tempo hábil.

A expectativa por um parecer, porém, é legítima desde que o candidato tenha passado por uma entrevista ou ao menos cumpra os pré-requisitos exigidos para pretensão ao cargo. Arnaes aponta que o brasileiro costuma enviar currículos mesmo que não tenha todas as competências mínimas solicitadas, como inglês fluente, por exemplo, com o pensamento de que não custa tentar. Porém, exigir que a empresa dê um retorno não parece adequado neste caso.

“Mas se o candidato já passou pela etapa da entrevista e não houve um feedback na hora, vale a clareza sobre os próximos passos e até entrar em contato, com um telefonema ou por e-mail, passado o prazo previamente estipulado, principalmente se recebeu um cartão do recrutador. Subentende-se que ele está aberto à comunicação”, recomenda Arnaes.

84% dos candidatos já recusaram o emprego dos sonhos

Os processos de recrutamento longos e complexos prejudicam as chances que uma empresa tem de contratar os melhores talentos. Dos mil brasileiros entrevistados pela Robert Half, 84% aceitaram uma segunda opção de oportunidade de emprego porque o empregador de sua preferência demorou muito para responder. Na média global, esse índice cai para 68%.

Outro dado de destaque é que mais da metade dos candidatos brasileiros (55%) teve que esperar um mês ou mais para ter um retorno relativo ao processo para o qual foram entrevistados: 22,1% esperou um mês; 6,3%, seis semanas; 10,8%, dois meses; 6,2%, três meses; 3,9%, seis meses; e 5,7% só receberam contato após mais de seis meses. Apenas 4,1% tiveram um feedback no mesmo dia.

“O processo de recrutamento deve ser entendido pelas empresas como uma ação estratégica, principalmente em momentos de retomada do mercado, quando a disputa por talentos fica ainda mais acirrada.”

Com relação ao prazo ideal para retorno sobre uma entrevista de emprego, 37,8% dos profissionais brasileiros disseram estar dispostos a esperar até uma semana, 27,3% acreditam que duas semanas é o período ideal e 19,3% esperariam até um mês.

Alto assédio a mais de 50% dos candidatos

Quando estão buscando uma nova colocação, os profissionais se empenham de verdade. De acordo com a pesquisa da Robert Half, 63,4% dos profissionais brasileiros chegam a se candidatar a cerca de dez oportunidades ou mais ao mesmo tempo. Outro dado importante é que 99,5% dos entrevistados afirmaram ter recebido mais de uma oferta enquanto buscavam novas oportunidades, com 51,2% deles recebendo mais de uma oferta “com frequência” ou “sempre”.

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