Dados da consultoria de recursos humanos Robert Half apontam que no final de 2017 o mercado, embora “preocupado com os cenários econômico e político”, apresentou alta no volume de contratações, ainda que os salários não tenham sofrido variações significativas. Em 2018, a tendência de contratações deve continuar, impulsionada principalmente por projetos especiais dentro de empresas.
Esses projetos podem ser a implantação de novos sistemas e novas linhas de produção, o lançamento de produtos, entre outros. “Normalmente são projetos que se embasam em uma perspectiva positiva do mercado”, afirma o diretor geral da Robert Half, Fernando Mantovani.
No que diz respeito às remunerações praticadas pelas empresas, entretanto, a perspectiva é de uma “estagnação” geral no curto prazo, segundo Fernando. O próprio salário mínimo para o próximo ano reflete isso: de uma expectativa de R$ 969 do próprio governo, ele foi fixado em R$ 965, frente aos R$ 937 atuais; considerando que o PIB de 2016 sofreu retração ante o registrado em 2015, o novo salário não apresenta aumento real.
“A expectativa é de que, se a economia se recuperar como os indicadores apontam, talvez a gente comece a ver um aumento na remuneração entre o final do ano e início de 2019”, diz em uma análise geral do mercado.
Mas isso muda quando o especialista passa a analisar cada setor individualmente. Tendem a ter aumento acima da média nas remunerações cargos dos setores jurídico, de tecnologia, recursos humanos.
A justificativa para as “boas previsões” de tais áreas é a própria crise. “No caso da área jurídica, vimos uma demanda maior em questões fiscais e tributárias. O setor de Recursos Humanos, pela demanda de reorganização de pessoal nas empresas”, explicou. O crescimento do setor de tecnologia se justifica, já que se trata de um que vê o surgimento de novos cargos e exigências a cada ano.
Renato Villalba, gerente sênior da consultoria Michael Page, segue a linha de Mantovani, mas vai mais longe e coloca também os setores de saúde, logística, infraestrutura e principalmente o de finanças como os que sentirão a retomada do mercado em remunerações e contratações.
“Nos últimos anos, os recrutamentos da área financeira tinham perfil mais voltado para cuidar de custos, processos e controles, posições que representavam uma cautela por parte das empresas. Com a retomada de investimentos por parte das próprias empresas no Brasil, elas agora procuram profissionais com uma base sólida, conhecimentos técnicos e que atendam perfis do dia a dia, uma maior integração entre as áreas”, explicou.
Perspectivas mais otimistas não passam de 17% de aumento
Dados do Guia Salarial 2018 da Robert Half, que apresenta a previsão dos salários para diversos setores e cargos diferentes do mercado, apontam que, de fato, o setor de tecnologia é o que verá maior aumento nas remunerações, de 16,98% no cargo de CSO – Diretor de Segurança, a maior variação de todo o estudo. Não existe variação negativa dos cargos analisados do setor.
Na ponta oposta está o setor de engenharia, que apresenta variação negativa – ou seja, uma redução das remunerações de 2018 frente às de 2017 – que chega a 16,7%.
Foram avaliados oito setores diferentes: engenharia, finanças e contabilidade, jurídico, marcado financeiro, seguros, tecnologia e vendas e marketing. Ele se baseou em pesquisas globais com diretores de RH, CFOs e CIOs e uma análise do mercado de recrutamento com base nos dados da Robert Half.
As empresas deste setor buscam, hoje, profissionais que tenham perfil comercial, com maior capacidade analítica e “jogo de cintura”, segundo a consultoria. Os segmentos de equipamentos médicos, químicos, automotivo, tecnologia e agronegócio são os com melhor perspectiva para a área.
O objetivo do setor é, de acordo com os CFOs entrevistados pela pesquisa da Robert Half, melhorar o desempenho e as margens de lucro. As áreas que mais procuram profissionais são as de relação com o investidor e fusões e aquisições — a preferência, entretanto, é por profissionais que sejam multitarefas, tenham perfil conciliador, flexibilidade e saibam lidar com pressão.
Nos últimos anos, em razão da sanção da Lei Anticorrupção (n.º 12.846/2013) em 2014, empresas de diversos setores começaram a dar maior atenção também a profissionais para a área de compliance. Se destacam nesse cenário os profissionais com experiência na área financeira pela capacidade de criar maiores índices de eficiência.
Além do compliance, as maiores oportunidades, de acordo com o Guia da Robert Half, estão da área estão nos segmentos de operações estruturadas, fiscal, contábil e auditoria.
Duas características são valorizadas nos currículos de advogados: boa formação e estabilidade no currículo. Ganharam maior espaço no mercado os advogados das áreas empresariais, especialistas em direitos societário, fusões e aquisições, contratos. Essa tendência continua em 2018, com a busca de profissionais com perfil empreendedor e mais generalista.
Essa é uma área que não verá quedas nas remunerações, pelo contrário: os aumentos vairam entre 0,3% e 6,6%.
O setor cada vez mais vem exigindo formações mais específicas dos profissionais - entre elas, as três mais exigidas são as certificações CFA, CFP e CPA20. Também aumentou a exigência de fluência em espanhol.
Além da formação técnica, também é importante que os profissionais tenham comportamentos e características específicas: tenham atitude de dono, olhar estratégico e visão de longo prazo para resultados.
As oportunidades aqui são para segmentos de compliance e auditoria, crédito, comercial, costumer experience & digital innovation.
Para 2018, as remunerações apresentam variações de até 10,5% nenhum dos cargos avaliados terá uma remuneração menor.
O perfil do profissional buscado pelas empresas é de business partner: profissionais que estejam alinhados ao negócio da empresa, tenham senso de dono e consigam representar a área nas diferentes frentes. Eles também devem ter um perfil generalista.
As oportunidades do setor são nas áreas de compliance & controles internos, ramos elementares e resseguros. Os profissionais devem ter formação nas áreas de engenharia, administração ou ciências atuariais, além de ter boa comunicação e visão estratégica.
Essa é uma das áreas que nos últimos anos têm apresentado maior crescimento, também em razão da sanção da Lei Anticorrupção (nº 12.846/2013). As remunerações seguem a tendência e veem um aumento de até 10,2%, de acordo com o ranking — e, de todas as profissões, o menor salário é de R$ 5 mil, para analistas de finanças.
Em todo o setor, três segmentos mais demandam profissionais para projetos especiais nesta área: desenvolvimento de aplicativos e software, operações e suporte ténico e administração de sistemas. Todos visam driblar os cinco principais da área: segurança e ameaças cibernéticas, gerenciamento da carga de trabalho, retenção de funcionários, acompanhamento da rápida evolução das tecnologias e alinhamento da área com os objetivos gerais da empresa.
No geral, o foco da área neste ano é em segurança, com maior espaço para o CSO — Chief Security Officer. As oportunidades estão exatamente nos segmentos de segurança da informação, BI, big data, ciência de dados, PO e Scrum Master.
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