É possível trabalhar fora e ainda ter tempo para estudar para concursos públicos. Que o diga o curitibano Pedro Medula. Aprovado na seleção para auditor fiscal de Curitiba aos 24 anos, ele é um exemplo de concurseiro bem sucedido que, em seu período de estudos, trabalhava 40 horas semanais.
O segredo disso? “Muita disciplina”, garante o jovem, que abriu mão do cargo público para atuar como coach e orientar concurseiros que querem ter seu nome na tão sonhada lista dos aprovados. A quem está começando nesta empreitada, ele diz que o melhor momento para começar a preparação é agora. E ele não é o único expert em concursos a bater nesta tecla.
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O professor e orientador de estudos Ricardo Beck explica que os processos seletivos têm matérias recorrentes que podem ser estudadas já, antes mesmo do lançamento do edital. Até porque já tem gente se dedicando há meses e não dá para perder tempo. Uma pesquisa realizada pela Rota Concursos, em parceria com a Netquest, mostra, por exemplo, que 36% dos concurseiros começam a estudar um ano antes da prova.
Mas como ter fôlego suficiente para não desistir no meio do caminho? O escritor e consultor de carreira Emerson Weslei Dias lembra que o candidato precisa sempre se lembrar do porquê quer passar, ter foco e acreditar no próprio potencial, mesmo que não vá bem em uma, duas ou várias provas. “Use a autoafirmação como se fosse um mantra”, aconselha.
Separamos algumas dicas para ajudar os candidatos, especialmente os iniciantes, a montar um cronograma de estudos que se adeque à sua rotina.
Quanto antes, melhor
Especialistas da área são unânimes ao lembrar: “não espere o edital sair, comece a estudar já”. Mas, como, se você nem sabe o que vai cair na prova? Comece buscando as provas e conteúdos programáticos dos concursos anteriores, principalmente das seleções de órgãos em que você deseja trabalhar.
Se analisar bem, verá que é tudo muito parecido. Algumas matérias sempre aparecem e não é incomum que o mesmo formato de questão se repita nas provas, especialmente quando são feitas pela mesma banca. São estas coisas que você deve levar em conta para elaborar seu cronograma de estudos. Depois de pesquisar os conteúdos que mais aparecem nos processos seletivos, é importante estabelecer um roteiro de leituras e resolução de questões.
Gaste um tempo fazendo um roteiro de estudos
Faça uma lista com as matérias mais comuns que você encontrou nos editais. Depois, pense: quanto tempo levarei para estudar tudo? No desespero, a tendência é querer ler tudo de uma vez, mas, vá com calma. Medula indica uma tática para não se perder com o tempo: a técnica do 3X.
Pegue a bagagem teórica que você terá que adquirir. Calcule quanto tempo precisa para ler e assistir aulas sobre tudo. Depois, multiplique por três. Isso porque para cada minuto de teoria serão necessários, em média, dois minutos usados na realização de simulados, revisão e correção de provas. Muito tempo, não é?
Acumulado, sim. Mas se você distribui isso no decorrer da sua rotina, o peso se dilui, aliviando um pouco o fardo.
Não descuide da sua saúde
O estudo deve fazer parte da sua vida. Então, monte projeções reais que não atropelem suas necessidades básicas. Lembre-se: você precisa comer, dormir, trabalhar, se divertir. “Não adianta passar o dia se dedicando, se não tem um respiro”, destaca Ricardo.
Também não dá para ter sucesso, com uma rotina irregular de estudos. Não dá para estudar 10 horas em um dia e, no dia seguinte, deixar tudo de lado. O primeiro passo para chegar ao equilíbrio é listar todas as suas atividades importantes quanto tempo gasta com elas. Quais são suas práticas de lazer e trabalho? Em que períodos você precisa executá-las? Quantas horas você precisa dormir por noite?
Por fim, pegue o tempo restante e separe em blocos de estudos, conforme orienta Medula. Por exemplo, se você trabalha das 8h às 17h, e dedica seu fim de semana ao lazer, reserve o horário das 19h às 22h, de segunda a sexta-feira, para mergulhar nos conteúdos.
Feita esta reserva na sua agenda, distribua as matérias dentro de cada bloco, em horários de 45 minutos a 1h30, mais ou menos. Fazer pequenas pausas é fundamental e ajuda a sustentar a motivação. Cada intervalo é um indício de missão cumprida e, entendendo isso, corpo e mente se mantêm mais dispostos.
Por qual matéria começar?
Há quem diga que o melhor a se fazer é começar a semana ou o expediente de concurseiro estudando as matérias mais difíceis. Medula discorda. “O ideal é partir do que você tem mais facilidade, assim a autoconfiança aumenta”. E, na hora de mexer no conteúdo complicado, o candidato deve ter em mente que nada é insuperável. Você pode aprender tudo, desde que recorra a materiais e professores alinhados ao seu nível de conhecimento e perfil de aprendizagem.
Outra coisa legal é identificar na sua rotina os momentos em que você tende a estar mais disposto, segundo Ricardo. Se no fim da noite você fica sempre empolgado e pode estudar neste turno, use este momento para aprender aquilo que é mais desafiador e complicado para você. Quanto mais energia, mais fácil resistir ao cansaço.
Autoconhecimento
Os motivos para aprimorar o autoconhecimento são inúmeros. A começar pela necessidade que todo mundo tem de conhecer os próprios limites. Adianta estudar nove horas, trabalhar sete e dormir cinco, quando você precisa de oito para descansar? Não. Então, conheça bem suas demandas e as respeite.
Outra razão são as diferentes maneiras como as pessoas podem assimilar conteúdos. “Para quem tem memória visual, aulas que trabalhem com bons esquemas no quadro ajudam. No pós-estudo, a produção de mapas mentais também é interessante”, exemplifica Pedro.
Se você se considera mais auditivo, pode baixar vídeo aulas em mp3, áudios das leis que mais aparecem nos concursos e até ir para o trabalho escutando esse conteúdo.
Use a tecnologia a seu favor
E aqui entramos em outro ponto legal: vários recursos tecnológicos podem facilitar bastante a rotina dos concurseiros. No Youtube, por exemplo, há diversas aulas gratuitas das mais variadas matérias, além de áudios completos de leis brasileiras. Não deixe de fazer uma busca por lá.
Outra coisa: quando você for montar seu cronograma, pode criar planilhas e textos no Google Drive e acessar estes arquivos de qualquer lugar . O mesmo vale para apostilas e cadernos de exercícios. No seu Drive, é possível montar pastas por matérias, conteúdos e outros tipos de seleções.
E se hoje em dia existe aplicativo para quase tudo na vida, não é diferente quando o assunto é concurso público. Há várias ferramentas que podem ser baixadas pelo celular e auxiliam na memorização de conteúdos. É o caso dos aplicativos do Estratégia Concursos, Casa das Questões, Concurso Fácil e Concursare. A maioria pode ser obtida gratuitamente, com alguns itens específicos para assinantes.
Os sites das bancas também oferecem provas de concursos anteriores que podem ser resolvidas, uma a uma, como termômetro para você saber o quanto já está afiado.
Crie um bom ambiente de estudo
É claro que, com tanta tecnologia, você pode estudar de onde estiver, em seu horário de almoço, no ônibus, a caminho de um passeio e por aí vai. Mas esta mobilidade toda apenas complementa suas possibilidades. Ter um cantinho de estudo, com uma boa iluminação, uma cadeira confortável e um espaço arejado é fundamental.
Pode estudar ouvindo música? Segundo Ricardo, pode, desde que isso te ajude a se concentrar e não o contrário. No Youtube, há várias músicas instrumentais e lentas para foco e concentração.
Ricardo também destaca que, apesar de o lugar do estudo ser fundamental, é sempre bom sair da monotonia de vez em quando. Ler em um parque ou debater a matéria na casa de um amigo pode animar o árduo dia a dia dos concurseiros.
O Dia D
Medula lembra que um dos maiores erros de boa parte das pessoas que querem passar em um concurso é o desespero no dia da prova. A calma e o equilíbrio são muito importantes e, para alcançar esse patamar, o jeito é descansar a mente um pouco antes do exame. O que tinha que ser feito, já foi feito. Portanto, respire fundo.
A falta de controle emocional leva muita gente a responder as questões com euforia colocando meses de estudo a perder. Quando chegar o grande dia, pense que você fez tudo o que podia ter feito. Se você se planejou, riscou os conteúdos do programa no seu checklist, cuidou da saúde mental e física, vá tranquilo.