Sua mãe estava certa. A biologia comprova que uma maçã podre pode estragar todas as outras que estiverem ao lado. Na vida social, a lógica é a mesma. Uma pessoa que age errado consegue levar um grupo inteiro para o mau caminho. Os estudiosos Stephen Dimmock e William C. Gerken se debruçaram sobre este ponto por um bom tempo e concluíram que, sim: no meio corporativo, todo mundo tem grandes chances de se deixar levar por atitudes tóxicas.
Em um artigo publicado na Harvard Business Review , a dupla conclui que 37% das pessoas são mais suscetíveis a quebrar regras quando se aproximam de alguém com más condutas. São vários os comportamentos capazes de intoxicar um grupo.
A coach e pesquisadora Erika Lotz, da Estácio Curitiba, lembra que é bom ficar atento a situações em que um colega desvaloriza a si mesmo, dispende muita energia para falar mal dos outros, só vê defeitos no trabalho alheio ou foca mais nas perdas do que nos ganhos mediante um modelo mental extremamente rígido.
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Com pessoas assim por perto, projetos grandes podem ir por água abaixo. Pode ser que relações entre amigos se fragilizem, a motivação na empresa caia e a produtividade também. Aliado à falta de comunicação, o problema pode virar uma avalanche. Empresas cuja cultura não abarque o fomento ao feedback e a políticas de transparências têm grandes riscos em contextos como estes.
E se a “maçã podre” da empresa for você?
Como saber se você não é a má influência em questão? Pode acontecer. Erika lembra, inclusive, que um dos comportamentos mais tóxicos e virais é aquele ligado à mania de perseguição constante. Sabe quando alguém está sempre se sentindo injustiçado, perseguido e invejado? Essa pessoa sofre muito e pode causar insegurança, inimizade e insatisfação na equipe toda.
E uma coisa ainda mais séria nisso é que o indivíduo que sempre se vitimiza dificilmente olha para si e, como a culpa é sempre do outro, o sujeito fica cada vez mais distante de solucionar qualquer questão.
É por isso que, para a especialista, trabalhar a inteligência emocional é muito importante, não apenas para não ser impactado por más influências, mas também para se conhecer ao ponto de não prejudicar ninguém e viver com mais leveza.
Você pode procurar padrões de comportamento em seu colega e verificar até que ponto ele não está sendo exageradamente negativo, fofoqueiro e insatisfeito. Depois disso, é preciso fazer a mesma análise para a sua própria conduta.
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O que fazer depois de identificar a “maçã podre” da empresa
Identificou um colega tóxico? Está no rumo certo. Este é o primeiro passo para não se deixar influenciar por ele. O gestor é a primeira pessoa que pode auxiliá-lo. A solução deve partir de um bom feedback, uma conversa franca e empática sobre algum problema que a equipe identifique no ambiente. “Mas o bate-papo não pode ser agressivo. Tem sempre aquela pessoa grossa que diz ‘eu falo o que penso porque sou sincera’ e acaba piorando a situação toda”, destaca Erika.
Quando você não é o chefe, pode pedir ao superior que faça esse meio de campo. Para tudo dar certo, é bom que o líder seja referência entre a equipe. Aliás, quando a empresa possui lideranças sérias e confiáveis é muito menos comum que condutas ruins afetem o setor, conforme explica a Gestora de Executive Search da consultoria De Bernt, Rubia Pereira. Para ela, a transparência, a confiança e a credibilidade construída dentro da companhia são verdadeiros antídotos contra comportamentos tóxicos e influências ruins.
Boas correntes também são “contagiosas”
O mal pode se alastrar, mas o bem também tem força. Erika, que é adepta da chamada Psicologia Positiva, defende que um simples bom dia é capaz de mudar o humor de quem estiver por perto. Para o especialista em gestão de pessoas, Joel Ziemann Ferruci, da Uninter, atitudes éticas devem ser cultivadas dia a dia e, assim, qualquer má influência não terá muito espaço para avançar. ”Quando se é sempre entusiasta, humilde, comprometido e focado no bem coletivo, as coisas tendem a dar certo”.