Um dos tipos mais comuns (e irritantes) no ambiente de trabalho é o “sabe-tudo”. Do assunto mais complexo ao mais banal, ele tem opinião para tudo, acha que é o dono da verdade e, na maioria das vezes, sempre fica com a última palavra. Se já é difícil lidar com um colega sabe-tudo, imagine quando o dono da verdade é o seu chefe?
Em artigo escrito para a Harvard Business Review , a presidente da consultoria Career Strategies, especializada em coaching e gestão de carreira, Priscilla Claman , conta que aprendeu cedo, ainda na escola, o que muitas pessoas demoram anos para aprender ( e outras realmente não aprendem): não se pode competir com um sabe-tudo.
“Quando estava na sétima série, uma garota nova entrou na minha classe. Vamos chamá-la de Serena. Ela vinha de uma cidade grande e sabia tudo — o que vestir, as letras das músicas, como falar com os professores; havia até falado francês em Paris. Alguns colegas ficaram admirados; outros, irritados. Mas senti necessidade de competir com ela. Aprendi letras de músicas difíceis e importunei minha mãe para conseguir o que eu achava serem roupas sofisticadas de cidade grande. Levou alguns meses até que eu compreendesse que não se pode competir com um “sabe-tudo”.
Priscilla diz que eles costumam ser inseguros em relação aos seus status no grupo e procuram sempre estabelecer sua posição. Eles sentem-se sentem ameaçados, principalmente quando acabaram de chegar na empresa ou ao cargo. Neste caso, a dica é não compre essa briga, não vale a pena. Procure deixá-lo confortável em sua posição que, aos poucos, esse comportamento sabe-tudo tende a ser amenizado.
Nunca competir, portanto, é a primeira lição, pois você corre o risco de entrar numa queda de braço sem fim. Mas existem outras formas de tentar neutralizar um“sabe-tudo”, independente do cargo que ele ocupa na empresa.
Sou gestor de um sabe-tudo
Se você é o gestor de um profissional com esse perfil, tem a obrigação de lhe dar um feedback e alertá-lo sobre como esse comportamento pode ser nocivo para a sua carreira dentro da empresa. A recomendação, segundo Priscilla, é citar o exemplo de alguma situação que observou, dando, assim, mais credibilidade a conversa.
Tenho um colega sabe-tudo
Quando o sabe-tudo é um colega, a recomendação é ir com calma. O tipo de abordagem depende no nível de intimidade que você tem com essa pessoa. Se você é amigo e tem mais intimidade, crie uma oportunidade para falar sobre o assunto. “Comece perguntando: “Posso lhe dizer uma coisa?”. Isso ajuda a dar o tom certo à conversa. Depois, fale sobre coisas que você notou, enfatizando a especialidade de seu colega e as consequências de ostentá-la”, diz Priscilla.
Por outro lado, não é um boa ideia falar sobre o assunto se você não é próximo da pessoa e não tem um bom relacionamento. Neste caso, use outras técnicas ou tente ignorar.
Meu chefe é um sabe-tudo
A situação é mais delicada quando o sabe-tudo é seu chefe, portanto, seja cauteloso. Neste caso, Priscilla recomenda seguir estas três regras gerais que vão testar seriamente seu poder de argumentação e convencimento:
Regra 1: Se não for algo realmente importante, ignore. Ter de ouvir um sabe-tudo falando incessantemente pode ser bem irritante, mas não gaste suas energias. Você ainda corre o risco de se indispor com seu chefe.
Regra 2: Se a questão for importante demais para ser ignorada, você pode usar duas técnicas para convencer seu chefe a considerar a opinião dos demais: faça perguntas e
- Pergunte, pergunte e pergunte: faça perguntas que obriguem o sabe-tudo a ir além a detalhar suas experiências. Esse exercício pode fazê-lo perceber inconsistências no seu discurso, levando-o a ouvir mais o que as outras pessoas têm a dizer. Por exemplo: “Você alguma vez já decidiu avaliar algum de seus tradicionais fornecedores? O que você fez? E se fizermos uma licitação deste contrato? Você acha que conseguiríamos uma oferta melhor, mesmo de nosso atual fornecedor?”, sugere a autora.
- Tente adiar a tomada de decisão: Neste caso, você pode dizer: “Parece uma boa decisão, mas me deixe confirmar isso. Vamos nos reunir na semana que vem e até lá vou juntar novas informações a respeito de como nosso pessoal avalia a qualidade do serviço”
- Aponte riscos: com cuidado, mostre os riscos sérios que o seu chefe sabe-tudo possivelmente não consegue enxergar por estar tão certo e confiante sobre sua posição.
Regra 3: Por fim, se o seu poder de convencimento e argumentação funcionaram, não esqueça de dar o crédito ao seu chefe. Não esconda sua participação, mas tenha certeza de que parte da decisão também está sendo atribuída ao “sabe-tudo”.