O Brasil tem hoje cerca de 50% da força de trabalho feminina, mas apenas 7% estão em cargos de direção. Além desse dado pouco alentador, as mulheres ainda têm de lidar com as barreiras culturais, preconceitos e a falta de diversidade, que atrapalham tanto as relações pessoais como o mundo dos negócios. Mas tem empresa preocupada em aumentar a diversidade no ambiente corporativo e promover processos de autoconhecimento e desenvolvimento.
A fabricante francesa de veículos Renault do Brasil, com sede em São José do Pinhais, aplicou um piloto do Projeto Mulherar no ano passado, com a participação de 25 colaboradoras. Durante seis meses as participantes discutiram, aprenderam e entenderam o verdadeiro significado das palavras sororidade, empatia e protagonismo. “A ideia é promover a equidade de gênero em prol da diversidade, ou seja, mostrar para as mulheres, desde sempre vistas como frágeis, que são capazes e podem ter autoconfiança para superar os desafios da vida pessoal e profissional”, explica a coach executive Mari Martins, criadora do projeto e diretora da Duomo Educação Corporativa.
O projeto acontece em quatro fases: diagnóstico e preparação, palestras, workshop, e estímulo à prática. Durante o diagnóstico são realizadas reuniões com gestores e colaboradores, para afinar quais serão os temas principais a serem abordados. Na palestra intitulada “Inteiras para Mulherar o Mundo”, é discutido o cenário que as mulheres vivem na empresa, as ameaças e obstáculos internos e externos para a ascensão feminina e as mudanças necessárias em prol da diversidade. Na fase do workshop acontecem sete encontros, que discutem temas recorrentes, como inteligência emocional, estereótipos e preconceitos. Por fim, o estímulo à prática, por meio de um game interativo.
O trabalho desenvolvido, aponta Mari, permite criar um ambiente de negócio mais próspero, incorporando os melhores talentos de homens e mulheres, para gerar soluções mais criativas, assim como ampliar a diversidade da organização, para gerar mais receita, prosperidade, inovação e melhorar os índices de performance e adaptação a mudanças. O fortalecimento do diálogo e a troca entre as mulheres é fundamental diante do cenário social atual, destaca a coach. “Equipes mais diversas apresentam melhor desempenho e trazem perspectivas diferentes, que podem levar a soluções inovadoras e criam um ambiente corporativo mais colaborativo e humanizado.”
A dinâmica veio como um projeto de autodesenvolvimento, avalia a gerente de projetos e coordenadora do programa de diversidade Women@Renault, Vanessa Colturato. Para ela, as mulheres dentro dessa ascensão profissional têm diversos dilemas, justamente relacionados a como dividir ou balancear, ou se efetivamente é preciso buscar uma carreira profissional, por conta de questões como a maternidade e outras decisões pessoais.
“Muitas vezes recuamos e o projeto busca dar esse empoderamento, a escolha consciente sobre a carreira e [considerando] as condições que se tem de galgar posições maiores dentro da companhia. Algumas chegaram à conclusão que querem ser experts onde estão e não necessariamente é a gestão o que buscam”, diz Vanessa.
Dentro do grupo de participantes, duas foram promovidas esse ano. Uma delas é Talita Cartier Larentes, de 31 anos. Formada em administração, ingressou na Renault do Brasil em Jundiaí (SP) em 2011 como analista de garantia e passou a analista de relações com clientes, em 2014. No ano seguinte foi transferida para a sede da fabricante, na região metropolitana de Curitiba. Em março deste ano, foi novamente promovida e agora é supervisora de relações com clientes e garantia.
Ela conta que o projeto reforçou o empoderamento e casou com o percurso que ela estava trilhando dentro da empresa. “Deu mais força e confiança para assumir o que queria, me deixou mais confortável e fez perceber que não há um padrão. O grupo criou uma união muito importante, compartilhamos experiências. E imediatamente muitas questões começaram a ser trabalhadas na prática, como inteligência emocional, não agir com impulsividade.” Talita pretende chegar ainda a uma gerência e até a um cargo de direção.
Hoje a Renault tem 12% de colaboradoras mulheres (908 em um universo de 7.392 funcionários), entre operação e administrativo. A meta é aumentar em 50% o número de mulheres em posições técnicas e chegar a um índice de 20% da participação feminina em cargos gerenciais. Atualmente, em 16%.
Para quem é de Curitiba, nesta sexta-feira (20), a Duomo vai discutir o resultado do projeto testado na Renault em um bate-papo entre a coach Mari Martins, a gerente de projetos e coordenadora do programa de diversidade Women@Renault, Vanessa Colturato, e a gerente de aquisição de talentos Jenssen - Companhia Farmacêutica da Johson & Johson, Patrícia Tourinho. Inscrições neste site: http://bit.ly/2HA2kM8
Uma dica: o peso da opinião da famÃlia caiu bastante para as novas geraçõesð®//bit.ly/2vmGmaB
Publicado por Vida Financeira e Emprego em Quinta-feira, 19 de abril de 2018