Jovens que estão no final da graduação ou são recém-formados e sonham em entrar para uma grande empresa costumam passar por uma maratona de processos seletivos. Muitos são mecânicos, repetitivos. Mas quem procura emprego deve ficar atento à nova onda dos recrutamentos. Para inovar e testar novas aptidões dos candidatos, muitas empresas têm optado por seleções “moderninhas”, que incluem testes, desafios com trabalhos em grupo, jogos e até a criação de aplicativos.
Um exemplo disso foi o último processo seletivo para o programa de trainee da Nestlé, realizado pela Companhia de Talentos, que incluiu o desenvolvimento de um aplicativo e uma sessão de hackaton desenvolvidos especialmente para esse fim.
“Foi diferente porque tivemos de reconstruir os nossos testes para que tivessem uma nova linguagem, mais informal, que conversasse com essa inovação”, conta a gerente de projetos da companhia, Milie Haji. “O retorno foi bem positivo”. Essa não é a primeira vez que a empresa é a responsável por elaborar a seleção dos novos trainees da multinacional e o processo atraiu um número recorde de inscritos: 31 mil jovens.
Segundo o vice-presidente de recursos humanos da Nestlé, Marco Custodio, a inovação no processo de seleção busca descobrir jovens profissionais com perfil e características adequadas ao programa e para compor o time de futuros líderes da companhia. “Além disso, buscamos que os candidatos possam exercitar, desenvolver habilidades e conhecimentos ao longo do processo, a fim de colaborar para que se tornem melhores profissionais, independentemente de serem aprovados ou não na empresa”, afirma.
Candidatos podem usar seleções como processo de aprendizado
Estes processos “moderninhos” não descartam os métodos tradicionais. Entrevistas e dinâmicas de grupo fazem parte, mas são mesclados com outras técnicas, mais dinâmicas e completas. Para o candidato, é uma chance de não apenas conquistar a vaga, mas ter um aprendizado.
Augusto Gomes Drumond, selecionado no programa de trainee da Nestlé para a área de marketing corporativo, revela que durante a seleção sentiu como se já estivesse trabalhando, resolvendo problemas reais do cotidiano dos negócios.
“Na etapa do aplicativo, por exemplo, senti que não era uma avaliação de certo ou errado, mas sim uma chance de mostrar meu comportamento como profissional e também como pessoa. Isso permaneceu em todas as etapas e, na fase final, do Hackathon, ficou ainda mais tangível. Foi um dia inteiro de trabalho com apoio dos gestores da Nestlé, realmente colocando a mão na massa”, conta. Ao final das etapas, ficou a sensação de que a empresa realmente o conhecia.
E esse é o principal motivo deste tipo de metodologia ter uma boa aceitação entre os participantes, que sentem que conseguem se fazer mais visíveis para a companhia. “A receptividade é muito boa porque os candidatos muitas vezes conseguem se mostrar melhor por meio de um processo diferente, além de terem um retorno mais rápido, mais acesso à empresa e de diminuir a distância entre o gestor e o candidato”, enumera o diretor da Companhia de Estágios, Tiago Mavichian.
As iniciativas possibilitam que não apenas os poucos aprovados ganhem com o processo de seleção — cada etapa pode trazer um conhecimento diferente.
“Infelizmente não temos vagas para todo mundo, mas queremos que seja uma experiência positiva desde o começo. Queremos que eles saiam com a sensação de que valeu a pena participar independentemente do resultado, de que esse não foi um tempo perdido”, aponta a guardiã da experiência da companhia de recrutamento Eureca!, Gabriela Chagas.
Envolvimento com a empresa escolhida
Outro aspecto que se destaca nessa espécie de seleção é a possibilidade de diminuir o número de desistências, já que os candidatos que se inscrevem já sabem que haverão muitas etapas e que é preciso dedicação para chegar ao final com sucesso.
Os longos processos seletivos, que exigem tanto tempo e atenção, devem ser escolhidos com mais cuidado para garantir que não falte disposição para os que mais interessam aos jovens profissionais.
“Mais do que examinar um currículo ou as experiências que o jovem teve, faz muito sentido analisar o quanto ele se interessa por aquela empresa e quanto ela faz sentido para ele”, explica Gabriela. Assim, já existe, desde o começo, mais sintonia com a cultura da empresa, aparando arestas.
Os resultados podem ser vistos no cotidiano, integração com a equipe e no índice de retenção desses talentos. No caso da Nestlé, os números não mentem: 98% dos profissionais que passaram pelo processo de trainee são aproveitados em posições de liderança. “[As inovações] aumentam as chances do profissional saber o que vai encontrar na empresa e, para a companhia, as chances de encontrar um profissional que se encaixe no perfil buscado”, ressalta Custodio.
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Publicado por Vida Financeira e Emprego em Quarta-feira, 3 de janeiro de 2018