Inaugurado em novembro do ano passado, o Bragança Garden Shopping, o primeiro shopping da cidade de Bragança Paulista, cidade do interior do Estado de São Paulo, tem um serviço inusitado: o “maridódromo”. Num área ociosa de 100 metros quadrados que, em épocas de vacas gordas estaria alugada para loja, o shopping criou um ambiente de convivência para os maridos que não têm paciência para acompanhar as mulheres nas compras. “Notamos que muitos ficavam dentro do carro aguardando as esposas”, conta o superintendente, Arno Krug Junior.
O “maridódromo” é equipado com mesa de sinuca, jogo de pebolim, TV, cadeiras massageadoras e Wi-Fi grátis. Nessa área é possível até tomar um chope - mas, neste caso, não é por conta do shopping.
Veja a ficha técnica de 3 franquias que apostam nos shoppings para crescer
Além de resolver o problema do espaço vazio, o maridódromo traz oportunidades de negócio. Rodrigo Martins Miras e João Victor Rodrigues abriram um quiosque para vender chope ali dentro. E estão satisfeitos com os maridos que frequentam o ambiente. No último final de semana, entre sexta e domingo, eles venderam 1,6 mil tulipas de chope, um movimento considerado bom. Além do preço menor cobrado pela tulipa - R$ 4,90, ante R$ 7,50 em um bar comum -, Miras explica que o aconchego do local atrai os consumidores, que podem usufruir dos serviços, sem custos.
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O superintendente do shopping conta que essa estratégia para ocupar espaços ociosos também é usada em outros três dos 15 shoppings do Grupo Tenco: Lages (SC), Arapiraca (AL) e Juazeiro (BA). O grupo atua em empreendimentos localizados em cidades do interior, com até 300 mil habitantes. A interiorização é uma tendência do setor, o que tem puxado o setor de franquias para as cidades pequenas.
Dificuldades em atrair lojistas
Os shopping centers que vêm sendo abertos no Brasil encaram uma dificuldade cada vez maior de atrair lojistas. Segundo um estudo feito pelo Ibope Inteligência, os 20 centros de compra abertos no ano passado (2016) operam com uma vacância média de 55% - ou seja, mais da metade das lojas estão vagas.
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“A situação se agravou para os shoppings novos”, afirmou Márcia Sola, diretora de Varejo e Shopping do Ibope Inteligência. Em números absolutos, a ociosidade dos shoppings novos corresponde a 900 mil metrso quadrados, o que corresponde a 7,6 mil lojas vagas.Somada à desocupação que há nos shoppings consolidados, o número de lojas vazias chega a 13,4 mil ou 1,46 milhão de metros quadrado.
Nas contas da especialista, é como se o Brasil tivesse 49 shoppings “fantasmas”, com 30 mil metros quadrados cada. Para dar a volta por cima, a aposta tem sido em redirecionar espaços para outra finalidade (como lazer e alimentação) e buscar lojas âncoras. Ainda é um desafio trazer de volta as lojas menores, mais afetadas pela crise.
Criatividade para voltar a crescer
Além do “maridódromo”, o shopping de Bragança aposta em lojas-modelo. Elas custam 40% menos que o normal e o lojista pode parcelar a despesa por um prazo mais longo.
Além disso, muitos shoppings têm optado por serem mais flexíveis nos aluguéis e nas luvas, que é a comissão pelo ponto de venda, segundo o presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Glauco Humai. Para Márcia, do Ibope, uma alternativa é desenvolver shoppings de vizinhança, com muitas lojas de prestação de serviço.
Franquias ainda priorizam os shoppings
Mesmo com o ritmo ainda lento de retomada do setor, há franquias que veem os shoppings como principal ponto de venda para suas marcas. E apostam nestes espaços para crescer. A principal vantagem é que o consumidor já vai ao shopping predisposto a gastar, além do fluxo intenso de pessoas (muitas vezes superior ao de um ponto de rua), aponta a gerente de expansão das redes Euro e Touch, Renata Barbieri.
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“O investimento de aluguel no shopping é alto, mas pode-se negociar esse valor de tabela. Na nossa operação, que é toda com quiosques, temos uma vantagem clara: não existem luvas para esse modelo de negócio”, diz ela.
A Mr. Cheney, rede de cookies, também foca nos shoppings. Hoje, apenas 10% das unidades estão na rua. Em todas as unidades são vendidas uma média de 664 mil cookies por mês, com uma média de 3,3 mil clientes atendidos.
Confira a ficha técnica das franquias
Franquia Quiosques Touch:
Investimento total: cerca de R$ 103 mil
Taxa de Franquia: R$ 20 mil
Capital de Giro: R$ 20 mil
Taxa de Royalties: isenta, devido à venda de produtos aos franqueados
Taxa de Propaganda: custeada inteiramente pela franqueadora
Faturamento mensal: média de R$ 50 mil
Lucratividade: 12 a 25%
Ticket Médio: R$ 230,00
Retorno do Investimento: de 10 a 30 meses
Metragem padrão: 6m²
Número de funcionários: de 4 a 5
Tempo de Contrato: 4 anos
Franquia Quiosques Euro:
Investimento total: cerca de R$ 123 mil
Taxa de Franquia: R$ 20 mil
Capital de Giro: R$ 20 mil
Taxa de Royalties: isenta, devido à venda de produtos aos franqueados
Taxa de Propaganda: custeada inteiramente pela franqueadora
Faturamento mensal (média Brasil): R$ 50 mil
Lucratividade: 12% a 25%
Ticket Médio: R$ 280,00
Retorno do Investimento: de 10 a 30 meses
Metragem padrão: 6m²
Número de funcionários: de 4 a 5
Tempo de Contrato: 4 anos
Franquia Mr. Cheney:
Investimento total: R$ 350 mil a R$ 400 mil
Capital de Giro: R$ 40 mil
Taxa de Franquia: R$ 43 mil
Taxa de Royalties: 5% sobre o faturamento bruto
Metragem média das unidades: de 15 a 30 m²
Número mínimo de funcionários: 5
Faturamento médio mensal: R$ 45 a 60 mil
Lucratividade: entre 8% e 30%
Prazo de contrato: 5 anos