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Com turbulência política, 1.º tri de 2018 fecha sem a estreia de empresas na Bolsa

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As turbulências no exterior e o cenário doméstico incerto inibiram as ofertas públicas iniciais de ações no primeiro trimestre, contrariando expectativa de especialistas de que os IPOs se concentrariam nos três primeiros meses do ano para evitar contágio eleitoral.

Até março, a Bolsa brasileira só realizou uma oferta de follow-on, quando a empresa que já emitiu ações volta ao mercado para oferecer mais papéis. Não houve um IPO no período. Como comparação, nos três primeiros meses do ano passado duas companhias haviam lançado ações no mercado brasileiro Movida e Hermes Pardini.

A seca de IPOs fez o volume de ações emitidas no primeiro trimestre somar R$ 100 milhões, contra R$ 9,4 bilhões no mesmo período de 2017 sendo R$ 7,9 bilhões em follow-ons. Assim, nem o ano passado se confirmou como o ano dos IPOs que os analistas esperavam, nem este ano está parecendo ser o momento de virada do setor.

José Eduardo Laloni, diretor da Anbima, reconhece que havia uma perspectiva de emissões iniciais de ações no primeiro trimestre que acabou não ocorrendo. “O primeiro trimestre não foi muito bom. As incertezas no exterior afetaram pouco a renda fixa, mas impactaram a renda variável. Somado ao cenário local, isso deu o tom no primeiro trimestre”, diz.

Uma das principais turbulências ocorreu no final de fevereiro, com a ameaça de uma guerra comercial entre Estados Unidos e China após a imposição, pelo governo americano, de tarifas sobre a importação de aço e alumínio. Os principais índices globais sofreram fortes quedas, o que acabou impactando a Bolsa brasileira. Aqui, as preocupações com o cenário eleitoral acabaram pressionando o mercado.

“Mas há várias ofertas em andamento. O mercado internacional ainda é importante para a renda variável, e tudo vai depender de como vai andar o cenário externo e interno para que vejamos os mercados nos patamares que vimos no ano passado”, ressalta.

Há sete ofertas em análise: Grupo SBF, Banco Inter, NotreDame Intermédica, Hapvida, JHSF Malls, Dass e Blau Farmacêutica.

Essa incerteza pode afetar também as captações externas de empresas. Até março, as empresas emitiram R$ 9,8 bilhões no exterior, em dívida e renda variável. No primeiro trimestre do ano passado, foram R$ 10 bilhões no período.

“Há uma quantidade maior de empresas acessando o mercado, e uma taxa de juros mais baixa. Acho que o mercado externo de renda fixa para o Brasil tem sido bastante receptivo e há a tendência de continuar. As exportadoras sabem bem disso. E as novas empresas deveriam emitir para se tornar conhecidas lá fora”, avalia.

Emissões se concentram em debêntures

No primeiro trimestre, as empresas brasileiras emitiram R$ 60,7 bilhões no mercado de capitais, ante R$ 60,5 bilhões no mesmo período de 2017. O valor ficou acima do volume médio de emissões para o período nos últimos sete anos, que foi de R$ 48,9 bilhões.

A maior parte das emissões se concentrou na renda fixa, com as debêntures – título de dívida – respondendo por 73% do volume total ofertado. Elas foram seguidas por fundos imobiliários, com 9%, e notas promissórias, com 8%.

As debêntures de infraestrutura, isentas de Imposto de Renda para pessoas físicas, tiveram crescimento de 264%, para R$ 3,4 bilhões.

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