Em janeiro deste ano, quando começou a trabalhar como consultora de imagem nas horas vagas, Alessandra Veloso só tinha a intenção de preencher seus finais de semana com uma atividade prazerosa. De lá para cá, a brincadeira ficou séria. O pagamento que recebe pelo trabalho paralelo já representa um acréscimo de 15% na renda “oficial”. Mas ela não pensa em deixar o emprego atual pela nova atividade — não ainda pelo menos.
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Não subestimar um hobby é um dos principais conselhos dos especialistas quando o assunto é reforçar o orçamento. Ainda mais em um período de crise e desemprego alto — são 13,5 milhões de pessoas sem trabalho, segundo o dado do IBGE referente a maio.
Veja as dicas do Sebrae sobre áreas promissoras para começar com um hobby
Um checklist para ver se você realmente deve transformar o hobby em algo maior
“O que você faz por hobby acaba não representando um trabalho, mas um prazer. É normalmente assim mesmo no início. Não acreditamos que aquilo que fazemos por prazer, mesmo que demande um bom tempo, possa ser uma fonte de renda. Mas é importante não subestimar essa possibilidade”, alerta a coordenadora do curso de Economia da FAE, Solidia dos Santos.
É nessa instituição de ensino, aliás, mais precisamente no Núcleo de Empregabilidade da FAE, que Alessandra trabalha, há sete anos. Ela conta que o gosto pela moda começou ainda na adolescência, mas que, por um bom tempo, ficou adormecido.
“Quando vim para Curitiba, com 18 anos, eu ouvi de uma pessoa que eu não conseguiria fazer sucesso no mundo da moda, ser uma grande estilista, sem um padrinho. Isso me desmotivou [à época], mas eu nunca me esqueci desse sonho”.
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Alessandra conta que conheceu a atividade de consultoria de imagem no ano passado. Procurou alguns cursos e se preparou. A faculdade de Psicologia, que ela deve terminar na metade do ano que vem, também entrou como um complemento e tanto na nova atividade.
“As mulheres que me procuram querem melhorar algo, no âmbito profissional ou no pessoal. Muitas estão com uma autoestima baixa. Para fazer o meu trabalho, que dura cerca de dois meses, eu preciso entrar na intimidade delas (...) e elas precisam estar dispostas a passar por esse processo doloroso que é a mudança. Os conhecimentos em psicologia, não vou mentir, ajudam e muito”, conta Alessandra.
As primeiras clientes vieram via indicação de amigas e conhecidas no Clube da Alice, página que nasceu como um grupo fechado no Facebook, mas que cresceu e agora é sinônimo de empreendedorismo feminino.
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Como todo hobby, a atividade de Alessandra começou primeiro dando um certo “prejuízo” — a remuneração que Alessandra recebia não cobria todos os custos de transporte, alimentação etc envolvidos na consultoria. Mas isso mudou e o potencial da atividade paralela ficou mais claro.
Ela acredita que o hobby que ganhou seu coração e vem ajudando a engordar a conta bancária veio na hora certa. “Acho que só consigo fazer esse trabalho hoje porque tenho maturidade para isso. Talvez se tivesse me envolvido com moda lá com 18 anos o caminho fosse outro, mas estou feliz com o que o destino me reservou”.
Veja as dicas do Sebrae sobre áreas promissoras para começar com um hobby
Ainda no início deste ano, o Sebrae preparou uma lista com nove áreas promissoras para quem está interessado em empreender em 2017. Para fazer o estudo, o Sebrae analisou os segmentos com maior taxa de natalidade em 2016 e que devem continuar com demanda em alta neste ano, mesmo em momento de queda na renda e consumo em baixa.
Destas áreas, o consultor João Luís de Moura separou três que podem começar como um hobby e evoluir apenas para uma atividade extra ou mesmo para um negócio. Confira:
Dentro desse grande setor considerado promissor para 2017, Moura separou dois segmentos específicos comida de rua (aqui entram eventos e também vendas informais) e comida saudável. “São áreas com demanda, com tendência de consumo, e que geralmente nascem de um hobby. No caso da comida saudável, por exemplo, entram os alimentos veganos, específicos para quem tem algum tipo de intolerância alimentar, fitness e outros. É muito comum que a pessoa comece nesse ramo, inclusive, porque ela mesma não encontrou opções no mercado para atender as suas necessidades”.
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Reparação e manutenção de veículos usados, manutenção de máquinas e equipamentos, comércio de peças e acessórios para veículos usados, consertos de móveis, ... a lista aqui é grande! E a indicação do setor tem a ver com a crise. “Nos últimos dois anos, com a crise, a gente viu muitos negócios surgirem nesse ramo porque as pessoas tiveram de mudar seus hábitos, de deixar de comprar algo novo para consertar o que estragou”, observa Moura. Se a pessoa já costuma fazer isso como hobby, por prazer, alerta o consultor, então é hora de olhar com um pouco mais de carinho para a atividade.
Confecção, venda de vestuário e acessórios. É uma área um tanto tradicional já para quem busca por uma renda extra, mas se a atividade nasce como algo a mais, junto com uma afinidade com o mundo da moda, por exemplo, as chances de crescer são bem maiores. “É bastante comum a gente ver uma pessoa, na maioria mulheres, nos procurar aqui no Sebrae com uma atividade pequena, de revenda de roupas e acessórios e, em pouco tempo, acabar envolvendo a família inteira num novo negócio”, conta Moura.
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Seu hobby tem potencial?
Veja nesses cinco passos como avaliar se o seu hobby tem potencial para ser algo maior, até mesmo virar um negócio:
É uma pergunta elementar, mas essencial para transformar um passatempo em algo maior: eu quero fazer desse hobby uma fonte de renda? Esse questionamento é importante porque pode ser que o seu gosto por comprar carros velhos e reformá-los seja só um hobby mesmo e, portanto, uma fonte de gastos, ao lado de viajar nas férias, e não algo que poderá exigir mais tempo de você no futuro.
Se a resposta para a pergunta anterior for sim, então se prepare para uma caminhada, não para uma corrida. Mesmo tendo algum talento, leva tempo para fazer um nome do mercado, prospectar clientes, testar produtos e serviços... Mas não desanime.
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Familiares e amigos são um bom começo para saber sentir a receptividade de um produto ou serviço. “Só não recomendo aquela história de apresentar o produto para um amigo e perguntar o quanto ele pagaria pelo objeto. Por ser uma pessoa próxima, provavelmente vai dar aquela valorizada e dificilmente falará o que pensa”, observa o consultor João Luís de Moura. Ele recomenda que o preço inicial seja um capaz apenas de cobrir os custos. “A partir da resposta, da pesquisa com produtos parecidos no mercado, é que a pessoa pode começar a aumentar o valor”.
Conforme o tempo for passando, prepare-se para o momento em que terá de tomar uma decisão: a de investir pesado no hobby ou não. Embora o conselho dos consultores seja prudência acima de tudo, se os testes estiverem indo bem, se os clientes estiverem brotando e gostando muito do que estão comprando, é preciso, sim, começar a pensar em decisões difíceis. Investir ou não aquelas economias guardadas para comprar mais insumos ou um equipamento, investir mais tempo na atividade, entre outras decisões.
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Tudo o que foi descrito acima aconteceu da melhor forma possível. Ainda assim, cabe uma pergunta: você está feliz? Algo que nasceu como um hobby precisa desse tipo de avaliação. Se aquilo que era prazeroso durante uma horinha de sábado agora está maçante, cansativo demais, então pode ser que você não esteja no caminho certo.
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