Quem está acompanhando o dólar porque vai viajar nas férias ou tem um intercâmbio no horizonte certamente tomou um susto nas últimas semanas ao ver a moeda bater recordes de cotação. Só nas últimas duas semanas, o dólar ficou R$ 0,12 mais caro no mercado à vista. O dólar turismo, que inclui taxas e custos das casas de câmbio, chegou a R$ 3,70.
Uma viagem estimada em US$ 4 mil teria saltado, só nesse período, de R$ 14.320 para R$ 14.800. Se o planejamento foi feito antes da alta, o susto é maior: em meados de fevereiro, a viagem sairia por R$ 13.280.
Para não correr o risco de ficar no vermelho, o viajante precisa tomar alguns cuidados, principalmente com gastos que ainda vão ser feitos na moeda estrangeira, como transporte, alimentação e passeios.
Serviços de transporte urbano como Uber e táxis podem ser substituídos por ônibus e metrô, diz o planejador financeiro José Faria Júnior, da associação Planejar.
A alimentação também pode ficar mais em conta. Em vez de fazer refeições na rua, o turista pode comprar comida no supermercado e economizar, diz Joelson Sampaio, professor de economia da FGV (Fundação Getulio Vargas).
A margem de manobra é menor para despesas grandes que costumam ser contratadas antecipadamente, como passagens aéreas e estadia. “Esses gastos representam cerca de dois terços da viagem”, diz Faria Júnior.
Também é possível diminuir o número de passeios e priorizar os programas gratuitos, afirma o planejador. No entanto, é importante conter gastos sem gerar frustração, diz ele.
“Corte aquilo que conseguir sem provocar insatisfação com a viagem, principalmente se aquela é uma ocasião especial, se a pessoa não costuma viajar muito. O planejamento financeiro é importante, mas se a viagem não trouxer satisfação, aí é que a despesa não valeu a pena.”
Perspectivas para o dólar em 2018 não são animadoras
No boletim Focus desta segunda-feira (7), relatório que traz as perspectivas do mercado para a economia do país, a aposta é de que a moeda chegue a R$ 3,37 no fim deste ano — a previsão da semana anterior era de R$ 3,35. Segundo o economista Guide Investimentos, Ignacio Crespo, quem viu a moeda americana oscilar entre R$ 3,20 e R$ 3,30 no ano passado, agora verá esse movimento num degrau acima (entre R$ 3,30 e R$ 3,40), com picos além disso.
Crespo explica que a proximidade de uma eleição com candidatos mais incertos do que em anos anteriores e o cenário externo apreensivo — com o embate entre Estados Unidos e China e a ofensiva americana na Síria —, deixam o mercado mais apreensivo.
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Para quem tem planos de curto prazo envolvendo a moeda norte-americana, “esperar baixar” pode custar caro. Assim, se não foi possível se planejar com antecedência, ao menos pesquisar preços pode ajudar com alguma economia.
Além da pesquisa pelas casas de câmbio, vale também pesquisar por lugares diferentes, aconselha o diretor de estratégia e inovação da Meu Câmbio, Mathias Fischer.
Os fatores que afetam a composição de preço são custos logísticos, de importação e gastos internos de atendimento das próprias corretoras, além da demanda. Em períodos de férias, esses custos podem ficar ainda mais altos.
Quem só vai viajar no 2.º semestre deve comprar dólar aos poucos
O superintendente de varejo do Grupo Confidence, Juvenal dos Santos, aconselha os viajantes a planejar e acompanhar o mercado de câmbio com um prazo de três meses antes do embarque, sobretudo em períodos de mais volatilidade na moeda. Assim, a pessoa comprará moeda com cotações ao longo do tempo e no fim do período terá um valor médio da compra —nem muito alto e nem muito baixo.
Este ano, caso já tenha algum recurso, o indicado é já ir poupando em moeda estrangeira, mesmo que seja de pouquinho em pouquinho. Para quem tem medo de deixar dólar guardado em casa, ele aconselha fazer a poupança no cartão pré-pago. Mas atenção: o IOF sobre o cartão é de 6,38%, contra 0,38% na moeda em espécie. O ideal, então, é tentar equilibrar custo e segurança, avaliando que tipo de uso da moeda você fará mais durante a viagem.
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7 DICAS PARA ECONOMIZAR NA VIAGEM AO EXTERIOR
Antecedência
Comprar antes permite conseguir preços mais baixos em passagens e hospedagens, além de abrir espaço para o planejamento de gastos com refeições e passeios e permitir que se guarde aos poucos os recursos necessários para a esperada viagem.
Gastos extras
Itens muitas vezes esquecidos, lembranças de viagem, passeios, ingressos em atrações e até refeições mais caras do que o normal devem ser levados em conta ao elaborar o orçamento da viagem de lazer.
Kit de sobrevivência
Vá ao supermercado para comprar água, bebidas, biscoitos, etc. Sai mais barato do que o preço cobrado em hotéis e lojas de conveniência.
Reveja passeios
Para não estourar o orçamento, corte programas e tente buscar alternativas gratuitas na cidade.
Quedas do câmbio
Compre moeda estrangeira aos poucos para evitar pagar caro; não tente acertar a cotação, sob risco de ser surpreendido com uma forte valorização.
Guarde dinheiro
Quem recebe salário ganha, no início das férias, o adiantamento do que deveria receber no mês seguinte. É prudente guardar parte do valor para pagar despesas na volta das férias, evitando dívidas e surpresas desagradáveis.
Pagamento de contas
Se puder pagar contas fixas com antecedência, como luz, condomínio e telefone, você garante que parte das despesas da volta estará quitada e evita gastar o recurso e ter que se preocupar com o orçamento ao retornar.
Para quem quer comprar, com os juros caindo lentamente, mas caindo, é uma boa notÃciað//bit.ly/2FJGyQY
Publicado por Vida Financeira e Emprego em Domingo, 6 de maio de 2018