Depois de terminar o ensino médio, Barbara Pavesi fez carreira como vendedora. Mas o trabalho, repetitivo, numa loja de roupas, começou a cansá-la. Levou três anos, depois que decidiu mudar de ares, para pedir as contas. Em pleno início de crise econômica, e a catarinense se deparou com o desemprego. Sem alternativa, decidiu que ia vender doces. Três anos depois, a ex-vendedora estaria no comando de uma rede com faturamento na casa dos R$ 4,5 milhões.
Quando saiu do emprego, Barbara conta que "tentou de tudo: telefonista, secretária". Mas simplesmente não achava vaga nenhuma na cidade de Brusque, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, onde mora. As poucas alternativas que encontrou pagavam menos da metade de seu antigo salário.
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Sem saber a quem recorrer, a jovem investiu todas as suas economias — R$ 70 — em ingredientes para fazer doce. Ela tinha aprendido três receitas (brigadeiro comum, de limão e palha italiana) com uma tia de Minas Gerais, que estava de passagem pela cidade.
Barbara levou duas horas para vender todos os docinhos, no Centro da cidade. Faturou R$ 240. "Ali eu já tive uma mentalidade empreendedora e reinvesti tudo. No dia seguinte fiz R$ 1,2 mil", conta a empresária. Logo ela começou a aceitar encomendas de festa e passou a ganhar dinheiro com a venda de doces.
De doceira para empresária
O ponto de virada da Barbara "doceira" para a "empreendedora" veio em 2015. Numa tarde, andando pelas ruas, ela notou que a cidade não tinha nenhuma cafeteria do tipo "gourmet". Barbara resolveu abrir a primeira, com o dinheiro arrecadado das encomendas de doces.
Polo têxtil, Brusque tem pouco mais de 100 mil habitantes e uma atividade econômica intensa. A cidade conta, por exemplo, com shoppings e lojas voltadas para o atacado de roupas, que recebem clientes do Brasil todo. E "tem cafeterias, mas nenhuma do tipo gourmet", conta a empresária.
Barbara inaugurou a Petite Amie Brigaderia e Café Gourmet em agosto de 2015. O sucesso foi ligeiro. Em 30 dias teve que dobrar o espaço do salão, de 15 para 40 lugares. Os brusquenses compraram a ideia.
Nos meses seguintes, de tanto ouvir dos clientes que "nossa, seu café parece uma franquia!", Barbara resolveu tomar um próximo passo. Contratou uma consultoria de negócios e resolveu se abrir para o franchising.
Modelo de franquia
Não foi simples. Além de moldar toda a parte burocrática da franquia (como modelos de contrato), Barbara teve que repensar toda a parte gastronômica da loja.
Produzir doces para consumo imediato é uma coisa. Produzir em escala industrial, e manter o padrão de qualidade e receitas em lojas do país todo, é outra, bem diferente.
Barbara estudou o processo de congelamento dos alimentos, e recriou suas receitas de uma forma que os alimentos são todos produzidos numa fábrica, em Brusque, e chegam 90% prontos na loja.
A primeira unidade de franquia foi inaugurada em 2017, em Blumenau, próximo da fronteira com o Paraná. As duas lojas e a fábrica, juntas, passaram dos R$ 4,5 milhões de faturamento, em 2017.
Em abril, a Petite Amie abriu sua primeira unidade fora de Santa Catarina, na cidade de Brasília. E uma nova loja, em Fortaleza, deve ser inaugurada nos próximos meses.
A experiência de mandar os produtos para o Distrito Federal animou a empresária, que comprovou que é possível trabalhar com longas distâncias, enviando os produtos quase prontos. "O que diminui o tempo e aumenta a rentabilidade do franqueado", diz ela.
A meta é seguir na expansão em nível nacional. Algumas cidades, como São Paulo, já estão mapeadas.t