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Curitibano que aprendeu a consertar celular pelo YouTube fatura R$ 5 milhões por ano

Sem curso superior, Guylherme aprendeu praticamente tudo sobre gerenciamento de negócios por cursos online e livros. Sempre que sentia necessidade prática, buscava ler alguma coisa. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Sem curso superior, Guylherme aprendeu praticamente tudo sobre gerenciamento de negócios por cursos online e livros. Sempre que sentia necessidade prática, buscava ler alguma coisa. (Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)

Aos 20 anos, Guylherme Ribeiro tinha muita vontade de abrir um negócio. Além da necessidade financeira, sentia que esse era o seu caminho profissional. Sem nenhuma ideia nem capital, procurou duas pessoas: o pai, que lhe emprestou dinheiro, e um amigo que lhe deu uma dica. Com apenas R$ 7 mil reais e a indicação de assistir vídeos no Youtube para aprender a consertar celulares, o empresário conseguiu começar. Montou uma pequena loja de venda e conserto de aparelhos, no bairro Novo Mundo. Sete anos depois, com quatro lojas próprias e 22 franquias, alcançou um faturamento de R$ 5 milhões por ano.

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Embora sempre tenha atuado na área de vendas – trabalhou em pastelaria e em lojas de shoppings –, Guylherme nunca chegou perto do ramo de assistência técnica para celulares. Assim que um amigo, que trabalhava em uma loja da área, comentou que podia ser uma boa ideia de negócio, ele não perdeu tempo. Correu para o Youtube para ver como funcionava. “Passei a estudar pelos vídeos que via. Foi tudo muito rápido. Em uma semana aluguei uma lojinha simples e pequena, com móveis usados, e trabalhava de domingo a domingo. No primeiro dia vendi R$ 100 reais e já achei muito”, comenta.

O pouco lucro do primeiro dia cresceu rápido. Em apenas seis meses, o então pequeno empresário abriu sua segunda loja, no Sítio Cercado. Além de consertar celulares, ela vendia eletrônicos. Porém, um problema afetou os negócios: os assaltos. As lojas passaram a ser constantemente roubadas, dando um prejuízo médio de R$ 5 mil por mês. Preocupado, Guylherme começou a estudar a possibilidade de um novo negócio e, pesquisando, descobriu que 90% dos aparelhos e peças de conserto que usava na loja vinham da China. Não pensou duas vezes. Comprou uma excursão para lá, em 2014, para participar de um evento sobre eletrônicos no país. Voltou de lá com uma nova ideia.

O ponto da virada

De volta ao Brasil, depois de visitar três fábricas chinesas que produzem peças em escala para eletrônicos, resolveu fechar as lojas e virou fornecedor para lojas de conserto. Para se sentir mais seguro e evitar assaltos, trabalhava com as portas fechadas. “Importava tudo da China. Não sabia nada de inglês, mas fazia tudo pela internet usando ferramentas de tradução online”, conta.

Em cinco meses com a distribuidora, o lucro era maior que o que tinha anteriormente com as duas lojas. O faturamento anual chegou a R$ 2 milhões. Com esse valor, partiu para um lugar maior, em um bairro de região nobre da cidade, o Seminário. Ainda apenas distribuindo peças e com uma equipe pequena – eram dois vendedores e um motoboy – ficava incomodado de ter um espaço físico grande, de dois andares, e ocupar apenas um. Em 2015,depois de sentir que existia uma demanda bem específica por peças de Iphone na região que trabalhava, decidiu usar o espaço vazio para abrir uma loja para consertar apenas celulares da marca, a I-Service Soluções.

Guylherme, por indicação de um colega, resolveu anunciar conserto de telas de Iphone em uma rádio. Deu tão certo que em um mês o faturamento da loja dobrou. Passou a ser quase o mesmo que tinha com a distribuidora de peças, só que com uma margem de lucro maior. No total, com os dois negócios, o faturamento era de R$ 3 milhões por ano.

De volta às lojas

Com o lucro da loja de consertos de aparelhos da Apple crescendo, o empresário decidiu focar apenas na I-Service. Investiu mais em marketing – anúncios em rádio, redes sociais e Google – e, em 2016, abriu a segunda loja. No ano seguinte, logo vieram a terceira e a quarta. No final de 2017, o faturamento da empresa alcançava a marca dos R$ 5 milhões. “O negócio ia tão bem, que mesmo com a recessão na economia conseguíamos manter nosso lucro”, lembra.

Com as lojas em alta, a ideia era abrir mais. Porém, Guylherme sentia dificuldade em administrar todas, por não ter nenhum conhecimento de gestão e liderança. Passou a estudar o assunto, fazer cursos, e começou a prestar atenção no que seus clientes falavam. Muitos deles gostavam do negócio e sugeriam que ele o levasse para outras cidades. Foi assim que surgiu a ideia de franquear a I-Service, em 2017. Hoje são 22 franquias com projeção para chegar a 100 até o final do ano.

Coaching

Sem curso superior, Guylherme aprendeu praticamente tudo sobre gerenciamento de negócios por cursos online e livros. Sempre que sentia necessidade prática, buscava ler alguma coisa. Foram esses cursos e leituras que o ajudaram na época em que montou as franquias. Ele contava com um total de 50 funcionários em suas lojas, mas depois de estudar percebeu que muita mão de obra estava ociosa, que existia jeito de agilizar os processos cortando custos. Reduziu o quadro de funcionários para 35 e foi assim que conseguiu um valor maior para investir nos franqueados.

“Gostei tanto de estudar que percebi que minha verdadeira habilidade era liderança, gestão. É disso que eu gosto”, conta. Hoje ele está se formando em um curso de coaching em negócios e pretende dar palestras e ajudar seus franqueados e outros empresários a melhorar a administração e aumentar os lucros.

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