Em um ano de operação, o Empresômetro chegou à marca de R$ 1 milhão em faturamento. Seu negócio são os dados de outras empresas. Numa combinação de robôs e trabalho humano, a Empresômetro mantém uma base de dados atualizada com dados públicos de todas as empresas do país. Algo que pode ser muito útil para quem quer fazer negócios.
As informações começaram a ser coletadas há sete anos, como um projeto interno do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), onde trabalhava o advogado Otávio Amaral.
Ele notou que havia dezenas de dados públicos já disponíveis sobre as empresas brasileiras, como o cartão do CNPJ e informações da Rais (Relação Anual de Informações Sociais). E começou a juntar isso tudo num único sistema.
O Empresômetro entrou no ar em janeiro do ano passado (2017). Há dados coletados por robôs, que fazem uma varredura diária em diferentes órgãos públicos, como a Receita Federal. Outros são garimpados pela equipe da plataforma, muitas vezes mediante Lei de Acesso à Informação.
A plataforma lucra com a venda dos dados em um e-commerce. Otávio Amaral garante que não há irregularidade pois só vende dados públicos, que qualquer pessoa pode acessar, por exemplo, no site da Receita Federal.
São todos dados corporativos, focados no chamado mercado B2B (de empresas que fazem negócios com outras empresas, e que não vendem direto ao consumidor final).
O diferencial do Empresômetro é justamente compilar essas informações e também aplicar uma metodologia própria de análise. "Cruzando os dados a gente consegue descobrir o faturamento de uma empresa, o porte dela, quantas filiais elas têm. E montou um banco de dados para empresas".
O Empresômetro consegue construir mailings segmentados por região, tamanho de empresa, ramo de atividade, número de funcionários, entre outros critérios. A plataforma também exclui aquelas empresas "fantasmas", que constam como ativas na base de dados da Receita, mas que já não funcionam de verdade há algum tempo.
"A gente vai cruzando dados e consegue tirar outras informações. São extraídos de dados oficiais, que estão no PIS, na Rais. Então eu não consigo ver quanto a empresa ganha e nem quem ela é. Mas sei quantas pessoas estão trabalhando, e com isso consigo chegar na massa salarial", explica Otávio, sobre um exemplo de segmentação.
O e-commerce tem uma base de quase 20 mil usuários, sendo dois mil clientes. Os dados são comprados, em geral, por agências de marketing e profissionais autônomos.
Gigantes de olho
De início, o Empresômetro pensou em ganhar dinheiro com escala. O custo da coleta de dados é baixo. E a plataforma consegue vender para pequenas e médias empresas, que normalmente não gastam com pesquisas de mercado. Mas a iniciativa acabou chamando a atenção de gigantes do mercado, como a montadora Fiat.
A Fiat Chrysler Automobile Brasil (FCA) contratou o Empresômetro em agosto do ano passado para uma pesquisa sobre o mercado automotivo. Cruzando os dados fornecidos pelo cliente com o banco de dados da startup, foi possível traçar resultados de vendas da FCA por público e região.
A primeira grande empresa a contratar o Empresômetro foi a GFK, multinacional alemã que realiza pesquisas de mercado em mais de 100 países. Nestes casos, a startup presta um serviço mais aprofundado, de consultoria.
No lugar de entrar no e-commerce e selecionar quais dados quer baixar, o cliente senta com a Empresômetro para definir uma análise mais aprofundada de mercado. Qual o marketshare de um produto em uma determinada praça, por exemplo.
Nestes casos são assinados contratos de confidencialidade. O Empresômetro fica proibido de abrir os dados cedidos à empresa. Além disso, como política de compliance, são feitas análises mais amplas de mercado. Mas dados individuais dos concorrentes, por exemplo, não são abertos.
Com as duas frentes, e-commerce e consultoria, o Empresômetro tem planos de faturar R$ 5 milhões até o fim deste ano. Com sede em Curitiba, a empresa conta atualmente com 26 funcionários, entre equipe de programação, marketing, vendas, além de consultores de mercado.
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