Você é desses que chega para trabalhar de manhã e pensa "hoje eu vou inovar"? Desista. Inovação não é o que você faz, e sim uma cultura. E, num mundo onde quatro em cada 10 empresas devem simplesmente sumir nos próximos dez anos (se não souberem se adaptar), incorporar esta cultura não é um mero diferencial. É uma questão de sobrevivência. Este foi o recado do Empreender 2017, que reuniu mais de 120 pessoas nesta segunda-feira (11), em Curitiba.
E qual a receita para inovar? É clichê, mas não há fórmula secreta. Para André Pegorer, do NEX Coworking, um primeiro passo é "sair da bolha". "A gente não conversa com o nosso cliente, com o concorrente. E aí a empresa envelhece. A diferença é que antes elas levavam 100 anos para envelhecer, e agora levam seis meses".
Pergorer participou de um debate sobre o “espírito de startup” em um painel no Empreender, com inovadores de diferentes realidades. A fintech Ebanx – que é parceira no sistema de pagamentos online do Google –; O Boticário, uma indústria tradicional, e que hoje cria laboratórios de inovação; e a própria Gazeta do Povo, que em junho deste ano encerrou sua operação impressa diária para investir em um modelo digital de jornalismo.
"Estar numa startup, numa empresa que quer ser disruptiva, é absolutamente todos os dias querer inovar", resume André Boaventura, sócio e diretor de Marketing da Ebanx.
Ame o problema: esta é a melhor maneira de inovar sempre
Mas não se engane. A motivação não é inovar por inovar. "A gente tem amor ao problema. Tudo que a gente fez e continua fazendo é para resolver o problema", explica Boaventura. O que motivou, lá no começo, era algo prático: muitos brasileiros queriam fazer compras online e não conseguiam, por não ter cartão de crédito internacional. A Ebanx entrou para fazer um meio de campo entre quem compra e quem vende.
Uma solução, para grandes e pequenas empresas, é criar um ambiente que seja propício para as pessoas empreenderem. Não importa em qual função elas trabalhem. André Pergorer, do NEX Coworking, vive este desafio no dia a dia: "Nosso papel é criar um ambiente onde as pessoas possam se conectar. Do contrário a gente é só uma empresa de locação de mesa e cadeira".
Mas tirar isso do papel não é fácil. Mesmo na Ebanx, que tem só sete anos de operação, o recrutamento de novas pessoas é hoje um dos grandes desafios da diretoria.
Nas grandes empresas, já estabelecidas, o desafio toma outras proporções. "Hoje o grupo O Boticário tem em torno de 10 mil colaboradores, e todas as áreas querem inovar. A pesquisa e planejamento (que geralmente é inovadora) quer. Mas o industrial, o marketing, todo mundo também quer inovar", conta Alexandre Silva, gerente de inovação do grupo.
Na Gazeta, na transição para o digital, "praticamente todos os processos administrativos tiveram que ser inovados", conta Guilherme Vieira, diretor de negócios e tecnologia da empresa. "O grande desafio é crescer e se manter com a cabeça de quem é pequeno. Porque para criar um negócio novo, você tem que inovar em praticamente tudo". E o segredo é aprender como aplicar isso em uma empresa com diversos departamentos, onde cada um funciona "como uma microempresa".
O desafio é ter agilidade para dar conta de todas essas áreas, sem deixar ninguém defasado. A solução foi criar fluxos para incorporar a inovação. Fazer alianças com startups já estabelecidas, desafios com estudantes universitários. Recentemente, por exemplo, O Boticário realizou o primeiro hackaton de perfumaria do Brasil.
Vortex da Inovação
Com o tema “Inovação e Estratégia. Como crescer e se manter através da inovação?”, o Empreender 2018 da Gazeta do Povo contou com a mediação de Erica Marques, manager do Google Business Group em Curitiba. Além da palestra de Leandro Barbeita, da líder do Centro de Inovação da Cisco no Rio de Janeiro.
Barbeita conversou com a Gazeta sobre as mudanças no mundo da inovação, e explicou o conceito do “vortex da inovação”, fruto de uma pesquisa iniciada em 2015 pela Cisco em parceria com o instituto de gestão IMD, da Suíça. Confira a entrevista:
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