Com sede no Vale do Silício, a 500 Startups é uma das aceleradoras mais disputadas por empreendedores do mundo todo. Nos EUA, ela responde sozinha por quase 2% das startups que chegam a rodadas de investimento robustas. E o Brasil é um dos queridinhos da 500, que já investiu em quase 50 empresas por aqui.
“Os próximos cinco anos vão ser maravilhosos [para startups no Brasil]. Eu brinco que é como uma onda que vem vindo no horizonte. Simplesmente não tem como ela desparecer.”
A avaliação é de Rodolfo Pinotti, diretor de operações da 500 no Brasil, que não economiza no otimismo. Vale lembrar que, até o início deste ano, o país não tinha nenhuma startup considerada “unicórnio” (que vale US$ 1 bilhão ou mais). Com 99, Nubank e Pagseguro entrando para o clube, já são três.
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Mas a relação da 500 com o Brasil não vem de agora. Sócia responsável por coordenar as ações da empresa ao redor do mundo, Bedy Yang é brasileira, e foi por anos a responsável por acompanhar o Brasil e a América Latina. Ela desenvolveu aqui boa parte de sua carreira.
“A capacidade dela de encontrar diamantes produtos e levar para o Vale do Silício lapidar, demonstrou que o Brasil tinha (e tem) grande potencial” para o negócio de startups, explica Rodolfo.
Hoje boa parte do trabalho dele é acompanhar as 42 empresas nas quais a 500 já investiu no Brasil (a 43.ª está a caminho). Geralmente são startups que já ganharam algum corpo e passaram por novas rodadas de captação de dinheiro.
No mundo todo, a 500 mantém 24 fundos de investimentos (de acordo com o banco de dados do site Techcrunch), e já realizou investimentos em 1.656. Além de investir nas empresas que estão no chamado early stage (estágios iniciais), os fundos por vezes reinvestem em empresas que partem para uma segunda ou terceira rodada.
Recentemente a empresa participou da rodada da Pipefy, que captou US$ 16 milhões em um pré-seed. A startup curitibana foi acelerada na 500, e teve a norte-americana como uma de suas primeiras investidoras.
Dimensões continentais, problemas continentais
Não foi só o acaso que trouxe a 500 para o Brasil. O país tem elementos que o tornam ideal para a inovação. Dimensões continentais, um mercado consumidor gigantesco, empreendedores criativos. E muitos problemas.
“O Brasil tem nós enormes, problemas de dimensões continentais, e muitas oportunidades de crescer”, resume Rodolfo. Ao mesmo tempo, o país tem dois terços de sua população conectada à internet, “cada vez mais buscando comodidade”, o que abre uma avenida para soluções com base tecnológica.
Sinal disso é que os ecossistemas de inovação brasileiros vão ficando cada vez mais maduros, no número e qualidade das empresas que surgem. “Florianópolis e Joinville são dois ecossistemas super bem organizados, Curitiba agora está ficando um pouco mais forte, tem uma galera boa (mas ainda falta um pouco de volume). São Paulo tem um mercado super aquecido, você tem São José dos Campos”, resume Rodolfo, só para ficar em alguns exemplos.
A avaliação dele é de que ainda falta, no Brasil, investimentos mais firmes de capital de risco. (“agora, com a queda da taxa de juros, que os investidores estão ficando com mais apetite”). Por outro lado já há, por parte das grandes empresas, um comprometimento com o chamado “corporate innovation”, a inovação que nasce em setores tradicionais.
Com corporate innovation, venture capital e empreendedore dispostos a saírem de seus trabalhos e correrem riscos, para mim a receita está feita. A massa está no forno e é só questão de aguardar ela ficar pronta.
Soluções locais ou globais, tanto faz
Com seu grande número de problemas sociais, o Brasil é um prato cheio para startups que nascem para resolver problemas "caseiros", e que não necessariamente vão conseguir reproduzir sua lógica para o resto do mundo.
A explosão de fintechs é um exemplo disso. Dezenas de startups surgem todas as semanas de olho em diferentes serviços prestados pelo setor bancário, como cartão de crédito, empréstimos financeiros, antecipação de recebíveis, entre outros.
Para Rodolfo Pinotti isso não é um problema. “Depende do caso. Tem solução que é muito específica para o mercado brasileiro. Um sistema de gestão financeira para PMEs no Brasil, por exemplo, é totalmente diferente [do mesmo serviço] nos EUA”.
O que não deve impedir o apetito do empreendedor brasileiro para escalar em escala global. Mas é preciso avaliar a estratégia de expansão. “Muitas vezes o problema que ele busca resolver é específico da realidade brasileira”.
Não é uma regra. Pinotti cita a Pipefy, que oferece soluções de gestão, e a Gympass, plano de benefícios que dá acesso a academias, como exemplos de startups brasileiras que já está em países do mundo todo.
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