Quanto custa viajar para a Europa? Em 2013, a designer gráfica Amanda Santiago e o namorado Fabio Yamahira recorreram à internet para responder a esta pergunta. Logo ficaram frustrados: as buscas só retornavam informações atualizadas sobre passagens e hospedagem. Quem já viajou por aí sabe que os custos vão muito além disso. Foi aí que eles tiveram uma ideia de negócio: criar um site que reunisse todos os gastos de uma viagem de acordo com o destino desejado, para ajudar no planejamento financeiro antes de fazer as malas.
LEIA MAIS >> Por que uma das maiores aceleradoras do mundo investiu em quase 50 startups brasileiras
Criado em Curitiba, o Quanto Custa Viajar estreou no final de 2014 reunindo informações atualizadas de cerca de 100 cidades ao redor do mundo sobre passagens, hospedagem, alimentação, transporte, passeios e atrações turísticas. Hoje são 250 destinos em todos os continentes disponíveis para consulta. A lista, segundo Amanda, atende bem ao gosto dos brasileiros.
No ano passado, oito milhões de viajantes visitaram o site, entre eles 450 mil que fizeram cadastro para ter acesso a duas ferramentas do Quanto Custa Viajar: a Calculadora do Destino e o Para Onde Viajar. Essa exigência de cadastro permite aos empresários conhecer melhor o perfil e as preferências do viajante.
Destino escolhido, a startup consegue fornecer uma média de gastos por dia. Para os indecisos, dá para comparar lugares e preços. Entre os destinos mais populares dos brasileiros, uma viagem para Santiago, no Chile, custa R$ 163 por dia. Do outro lado da Cordilheira, na capital argentina, o viajante desembolsa R$ 109 por dia. Se a ideia é ir mais longe, um passeio em Nova York sai, em média, por R$ 418 por dia.
Todos os valores da viagem em um único lugar
O site surgiu para facilitar a vida dos viajantes. Há uma infinidade de conteúdos sobre viagens disponíveis na internet, obrigando o viajante a fazer uma peregrinação em sites e blogs. A startup soube usar isso a seu favor, oferecendo todos os valores da viagem em um único lugar, com poucos cliques.
As informações sobre passagens, passeios, pacotes de viagens e hospedagens são atualizadas em tempo real por meio de um sistema que conecta o Quanto Custa Viajar com os sites de parceiros. Atualmente, são oito: Viajanet, Booking.com, Submarino Viagens, CVC, Hotel Urbano, Zarpo, Logitravel, Viator e Decolar.com. Já os preços de alimentação, transporte e atrações são atualizados pela equipe de conteúdo da startup a cada seis meses. Os viajantes que estão com o pé na estrada também podem compartilhar informações fresquinhas no site.
No início, a proposta era oferecer apenas os subsídios para o planejamento financeiro da viagem, mas aos poucos o site passou a agregar também conteúdo sobre os destinos, como um chamariz mesmo. “Tivemos muitos acessos, mas começamos a perceber uma queda. As pessoas não voltavam”, conta Amanda.
A estratégia funcionou. Além dos sócios, pelo menos cinco dos oito colaboradores do site trabalham remotos na produção de conteúdo sobre os destinos disponíveis no site. Tem lista dos 50 lugares mais baratos do mundo para viajar, cidades românticas para lua de mel, destinos para quem curte explorar a natureza.
Faturamento do Quanto Custa Viajar vem de comissão e publicidade
A cada passagem e hospedagem comprada ou pacote fechado nos sites dos parceiros por pessoas vindas do Quanto Custa Viajar, a startup ganha uma comissão de até 10%. De 2016 para 2017, o volume de vendas gerado para os parceiros por intermédio do Quanto Custa Viajar saltou de R$ 800 mil para R$ 3 milhões. A projeção para este ano é dobrar este valor. Outra fonte de recursos é a publicidade no site. Neste ano, a previsão é atrair 16 milhões de usuários, o dobro dos visitantes que passaram pelo site em 2017.
A startup começou com recursos próprios dos três sócios: Fabio Yamahira, Amanda Santiago e Igor Pucci. Hoje já paga as contas e dá lucro, mas passou por alguns perrengues, conta Amanda. “Começamos no timing errado, bem no começo da crise, quando as viagens recuaram, mas conseguimos nos manter firmes”.
O Quanto Custa Viajar está aberto a investidores, desde que não precise abrir mão da sua essência. “Estamos abertos a alguém que compre nossa proposta, com a produção de conteúdo e não com venda direta de passagens e pacotes. Não queremos nos tornar uma agência de viagem”.