Os veículos da Hitech Electric são de baixa performance, com velocidade máxima de 60 km/h, pensados para a locomoção na cidade.| Foto: Divulgação/

Nos próximos anos, a locomoção nas grandes cidades brasileiras deverá exigir mudanças e soluções tecnológicas que facilitem a mobilidade urbana e a logística das empresas de forma prática e com baixo custo. É neste filão de mercado que a Hitech Electric, startup paranaense pioneira em mobilidade elétrica no país, aposta suas fichas.

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Desde maio de 2017, quando a empresa com sede em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, apareceu na Gazeta do Povo, muita coisa mudou: além dos quatro modelos que já produzia, a Hitech Electric passou a testar o primeiro carro abastecido com energia fotovoltaica do país e começou o desenvolvimento de um outro autônomo. Além disso, lançará, ainda neste mês de abril, a compra on-line dos veículos e de planos de mobilidade, em que os usuários poderão pagar pela utilização dos modelos, individualmente ou em grupos.

O objetivo da startup não é só fabricar e vender carros elétricos, mas investir em ideias inovadoras. A Hitech Electric foi fundada em 2016 pelo engenheiro mecânico Rodrigo Scheffer Contin, 35 anos, a partir da experiência que ele acumulou com a Hitech Racing, equipe de automobilismo criada em 2009 e que competia em provas nacionais e internacionais. Com esse know-how, mas de olho no futuro mercado de mobilidade urbana, Contin resolveu levar o conhecimento conquistado nas pistas e boxes para o novo mercado em desenvolvimento.

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Como é a operação da Hitech Electric 

Os quatro modelos do portfólio são todos para uso urbano – dois carros (de 2 e 4 lugares) e dois caminhões (modelo com caçamba e com baú) – e podem ser recarregados na tomada (110V e 220V). Os veículos são de baixa performance, com velocidade máxima de 60 km/h e autonomia de até 120 km com uma carga de energia. Ou seja, perfeitos para o uso nas cidades. 

“Temos contrato de exclusividade com duas montadoras chinesas para produção e fabricação dos produtos seguindo nossas diretrizes e adequações de projeto e, atualmente, finalizamos todos os veículos no Brasil. Essencialmente, nossa produção é feita fora do país, mas os modelos são trabalhados e customizados exclusivamente para o mercado brasileiro, atendendo às demandas locais, tanto regulamentárias quanto do consumidor”, explica Contin, CEO da Hitech. Em paralelo, a empresa fomenta fornecedores locais. No médio prazo, a ideia é que parte dos componentes dos veículos sejam fornecidos por empresas nacionais.

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Para se firmar em um mercado tão competitivo, a Hitech vem buscando investidores e parcerias no conceito smart money, com sinergias importantes para ganhar amplitude nacional. Entre essas parcerias está a WEG, multinacional fabricante de equipamentos elétricos, o fundo de venture capital Kick Ventures, empresas de tecnologia e TI, entre outras.

O carro abastecido com energia fotovoltaica é o e.coTech4. O veículo possui placas solares no teto, o que ajuda a aumentar a autonomia, dependendo menos da recarga na tomada. Além deste, a Hittech está desenvolvendo um modelo com automação para uso em compartilhamento, com funções semiautônomas de controle de velocidade por localização, entre outras tecnologias. “Recentemente, iniciamos também o projeto de um modelo autônomo, visando ao mercado de aplicação interna, fora do trânsito e em ambientes industriais, resorts, aeroportos, entre outros”, afirma Contin.

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Atualmente, a startup tem como principais compradores de seus produtos empresas e frotistas, ou seja, um público que está mais preparado hoje para comprar veículos elétricos. “Nosso produto é excepcional para este mercado, pois gera uma redução de custo operacional enorme, facilita a operação entregando muito mais tecnologia e automação e, claro, é a solução sustentável e de impacto que as empresas mais responsáveis, atentas e inovadoras estão buscando”, afirma Contin. Mas a Hitech também tem recebido pedidos de pessoas físicas, segundo ele.

Os veículos elétricos da empresa custam entre R$ 54 mil (com 2 lugares) e R$ 69 mil (caminhão). Isso se deve, em parte, à taxação de IPI, que no caso dos elétricos é de 25% – ante 7% de um carro popular a combustão. Mas a vantagem está mesmo no baixo custo de manutenção – em média 60% mais barata que dos carros tradicionais – e de operação.

Na foto, o modelo e.coTech2, de 2 lugares, que está à venda por R$ 54 mil. 

O gasto estimado por recarga elétrica é de R$ 4,50, para uma autonomia de 120 km. Enquanto isso, o preço da gasolina está batendo na casa dos R$ 4 o litro. Os elétricos ainda têm desconto no IPVA e estão isentos do rodízio de veículos em cidades como São Paulo, por exemplo. 

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Plataforma on-line da Hitech terá vendas e colaboração do usuário para melhorar fabricação

Até o final do mês de abril, a Hitech vai um novo portal de internet no qual estará disponível a modalidade de compra on-line, com reserva para test-drive. Além disso, a startup aposta que a mobilidade do futuro será no formato “mobilidade como serviço”, e não simplesmente ter a posse do produto. Por isso, o portal terá ainda à disposição dos clientes alguns planos de mobilidade, em que os usuários poderão pagar pela utilização dos veículos, individualmente ou em grupos.

Outra novidade será a Plataforma Colaborativa de Desenvolvimento Automotivo, que também estará no novo portal. “O fã automotivo poderá desenvolver projetos pontuais e específicos para soluções que precisamos buscar, como, por exemplo, um novo sistema de portas, uma nova função na comunicação do veículo, um sistema de monitoramento para entrada de mercadorias nos caminhões, entre outros. Vamos democratizar a forma como um produto é desenvolvido, saindo do modelo fechado trabalhado por engenheiros e indo para o modelo colaborativo. Claro que tudo isso terá supervisão de nosso time de engenharia, mas a agilidade no desenvolvimento e a criação compartilhada são características essenciais das empresas exponenciais”, explica Contin.

Por motivos estratégicos, o CEO da Hitech não revela o faturamento da empresa, mas afirma que as metas para o futuro próximo são audaciosas. “Queremos estar nos principais estados do país com showrooms ainda neste ano e, mediante representantes, nos demais estados. Nosso planejamento é bastante arrojado, independentemente de estarmos na situação de abertura de um novo mercado aqui no Brasil. Já obtivemos grandes e importantes marcos, o que nos indica que a caminhada está sendo sólida e bem feita. A meta é bem agressiva, mas possível”, conclui.

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e.coCargo, um dos modelos de caminhão elétrico da Hitech Electric, que custa R$ 69 mil. 

Hitech Electric não mira consumidor comum, mas soluções personalizadas

Diferentemente da montadora que faz um carro para a pessoa física e ou para empresas, a startup se propõe a desenvolver soluções dedicadas. Ou seja, os modelos para empresas vêm de fábrica com telemetria própria, possibilidade de integração com os principais aplicativos de gestão de frota do país, função de controle de velocidade semi-autônoma para minimizar acidentes e atualização de firmware de forma remota – desse modo qualquer nova função desenvolvida é enviada aos carros e aplicada simultaneamente em toda a frota. 

“Estamos desenvolvendo agora a função para identificação e agendamento de necessidade de manutenção de modo remoto. A ideia é que o usuário não precise sequer ligar informando eventual avaria no modelo. O próprio sistema reconhece e confere a oficina mais próxima com horário disponível, agenda e por fim comunica ao motorista via tablet do carro. Ele só tem que aceitar ou cancelar”, resume Rodrigo Contin, CEO da Hitech.

Para os consumidores finais, a empresa está desenvolvendo versões dos veículos que são grandes “computadores com rodas”, cuja configuração e outras funcionalidades dos carros poderão ser feitas via aplicativo, como o acionamento do ar condicionado ou o bloqueio dos veículos de forma remota, tudo pelo celular. 

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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