O Feirão da Caixa abre nesta sexta-feira (25) em Curitiba, no Expo Unimed, no bairro Campo Comprido. O evento, que já passou por oito cidades e fica na capital paranaense até domingo, é uma boa oportunidade para quem está procurando um imóvel. Serão mais de 10 mil unidades, ofertadas diretamente por construtoras e incorporadoras, além de imóveis usados e outros retomados pelo banco e que também serão vendidos via leilão durante o evento. Mas é preciso aproveitar o evento sem impulso, pois o estrago no bolso pode ser grande e a longo prazo.
Segundo o gerente regional da Caixa Econômica Federal em Curitiba, André Baú, a expectativa é de que o evento deste ano supere os números de 2017, que, mesmo sob fortes efeitos da crise, chegaram a 11 mil visitantes e quase 7,4 mil unidades vendidas.
No caso dos imóveis que vão a leilão, são dois eventos presenciais, um às 12h de sexta (25) e outro às 15h do mesmo dia. No primeiro horário, serão leiloados imóveis dos editais 0124, 0125, 0126 e 0127. No segundo horário, as unidades dos editais 132, 0118 e 0119. Ao todo, são mais de 300 imóveis em Curitiba e outras cidades do Paraná, com lances a partir de R$ 49 mil.
O leilão é o primeiro passo da Caixa para vender um imóvel retomado. O primeiro leilão é realizado 30 dias depois da devolução. Se o imóvel não for vendido, um segundo leilão é realizado quinze dias depois do primeiro. Se mesmo assim o imóvel não for vendido, ele é oferecido pelo banco por meio de licitação aberta, licitação fechada ou venda direta.
INFOGRÁFICO: COMO FUNCIONAM OS LEILÕES DA CAIXA + 7 dicas para comprar em leilões
“Pela primeira vez, teremos também correspondentes bancários no evento”, conta André. Serão 115 correspondentes, recebendo os clientes interessados nos imóveis das mais de 40 construtoras participantes, verifiquem renda, condições de financiamento e, se for o caso, deem entrada no contrato. Para isso, a recomendação é de que os visitantes levem consigo documento de identidade, CPF, comprovante de renda e residência atualizados.
Toda essa agilidade exige cautela do consumidor, alerta a advogada especialista em Direito e Negócios Imobiliários, Paula Farias, e cada tipo de imóvel, um cuidado a mais. “Para imóveis na planta é essencial conhecer o projeto do imóvel, seu valor, as taxas de juros e o prazo para entrega”, afirma Paula. De fato, com exceção da linha que usa recursos do FGTS, a Caixa está perdendo a corrida dos juros para os bancos privados (leia mais sobre isso abaixo).
Segundo a advogada, é essencial que o consumidor não se deixe levar pelas contas que lhe forem apresentadas pelas construtoras e incorporadoras. “Com mais calma, faça você os cálculos, busque por outros bancos para comparar as taxas e, principalmente, conheça a correção aplicada [durante a construção] e tenha certeza de que o imóvel caberá no seu bolso”, recomenda.
“Para imóveis usados ou de leilão é imprescindível ter acesso à matrícula. Não raras vezes imóveis são adquiridos com ônus e aquele que compra deve arcar com esses prejuízos. Esses imóveis requerem ainda mais cautela. A compra deverá acontecer apenas com a matrícula atualizada, certidão de ônus e ações e certidões negativas de despesas como IPTU e taxa condominial”, aconselha Paula.
“Em termos leigos, a matrícula do imóvel é como o registro médico de um paciente. Ali o comprador pode saber todos os dados relacionados àquele imóvel, se há algum problema, alguma dívida, alguma indisponibilidade averbada”, explica o promotor de Justiça Hugo Evo Urbano, do Ministério Público do Paraná, que atuou em vários casos relacionados a irregularidades imobiliárias em loteamentos na Região Metropolitana de Curitiba. “Esse é o principal cuidado a se tomar antes da compra”, afirma.
O consumidor deve ainda pedir que o proprietário do imóvel apresente certidões atualizadas da Justiça do Trabalho e Cível das Comarcas em que reside ou residiu nos últimos anos. Isso permite verificar se a pessoa tem alguma dívida em execução que pode incluir o imóvel que está sendo negociado, ainda que posteriormente. Também é importante procurar a prefeitura para verificar se está tudo regular, inclusive, no que se refere às obrigações fiscais, especialmente em caso de terrenos em loteamentos, pois o empreendimento imobiliário precisa estar regularizado junto ao município. Quando o imóvel é financiado o próprio banco faz toda essa verificação, mas é bom conferir.
SERVIÇO
Feirão CAIXA da Casa Própria em Curitiba. De 25 a 27 de maio. Horários: sexta e sábado, das 10h às 20h; domingo, das 10h às 18h. Local: Expo Unimed - Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300, bairro Campo Comprido. Mais informações no site da Caixa (www.caixa.gov.br) ou no SAC 0800 726 0101, disponível 24 horas por dia, inclusive nos fins de semana.
Na corrida dos juros, Caixa está perdendo para os bancos privados
Conforme a Gazeta do Povo mostrou na última segunda (21), embora o banco público tenha baixado suas taxas em abril, tanto no Sistema Financeiro de Habitação (SFH), que usa sobretudo recursos da poupança, quanto no Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), que tem foco em imóveis mais caros, a Caixa voltou a perder a corrida dos juros para os concorrentes. É que logo em seguida da redução, os bancos privados correram e também recuaram com suas taxas.
No SFH, para imóveis até R$ 950 mil em SP, RJ, MG e DF e até R$ 800 mil para outros estados, as taxas e condições praticadas pelos bancos atualmente são:
Caixa 8,8% ao ano + Taxa Referencial, com financiamento de até 80% do valor dos imóveis novos, e 70% do valor para usados
Santander 8,99% ao ano + TR, até 80%
Bradesco 8,95% ao ano + TR, até 80%
Banco do Brasil 8,99% ao ano+ TR, até 80%
Itaú Unibanco 8,8% ao ano+ TR, até 82%
No SFI, para imóveis acima de R$ 800 mil, as taxas praticadas são:
Caixa 9,3% ao ano+ TR, com financiamento de até 80% do valor dos imóveis novos, e 70% do valor para usados
Santander 9,49% ao ano+ TR, até 80%
Bradesco 9,45% ao ano+ TR, até 80%
Banco do Brasil 9,35% ao ano+ TR, até 80%
Itaú Unibanco 9,3% ao ano+ TR, até 82%
Na linha Pró-Cotista, que usa recursos do FGTS, as taxas começam em 7,85% ao ano + TR na Caixa e 9% ao ano + TR no Banco do Brasil.
7 cuidados na hora de participar de um leilão de imóveis:
- Examine o edital do leiloeiro com atenção. Confira as formas de pagamento previstas, a comissão da empresa leiloeira, que geralmente é de 5%, e se o imóvel está sendo oferecido sem pendências. Ainda que não baste confiar 100% nessas informações, verificá-las é o primeiro passo.
- Dê preferência para os imóveis desocupados. Ações de emissão de posse podem demorar e se o imóvel também estiver enrolado em outras ações judiciais, a chance de você não conseguir usá-lo é bastante grande.
- Tenha um advogado, de preferência com experiência na área imobiliária, que possa lhe ajudar em todas as verificações necessárias antes do leilão.
- Mesmo que o edital diga que o imóvel está desimpedido, é necessário fazer uma série de verificações. Algumas típicas de qualquer compra de imóvel. É preciso tirar certidões negativas no cartório de registro de imóveis e no judicial para ter certeza que ele não corre o risco de ser penhorado em razão de outras pendências; consultar as receitas estadual e federal para saber se não há pendências relativas a atividades comerciais passadas no imóvel; e também verificar dívidas relativas a IPTU e condomínio (duas questões que, embora bem mais demoradas, também podem trazer dor de cabeça).
- Tente visitar o imóvel com antecedência. Mesmo que não consiga entrar, veja como ele está por fora, converse com vizinhos, analise fotos. Se puder contar com o auxílio de profissionais de arquitetura e engenharia, melhor ainda. Isso é importante porque os custos com reformas podem fazer com que o barato saia caro no final.
- Pense num lance máximo de antemão para não passar do ponto na hora do leilão. E não esqueça de incluir nesse pacote eventuais gastos com reformas, impostos e advogados.
- Se comprar realmente o imóvel, não se enrole para registrar o arremate. Isso é importante principalmente caso o imóvel seja alvo de outras ações e outros possíveis leilões.
Veja outras dicas do Centro de Apoio Operacionais da Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor e da Ordem Econômica do MPPR:
- Taxa de corretagem: o consumidor deve estar atento à cobrança da taxa de corretagem, que é o custo pela intermediação do negócio feita pelo corretor de imóveis, contratado pelo vendedor ou empreendedor, que é repassado ao comprador. Ela é admitida, desde que o consumidor seja informado previamente sobre a taxa, o valor, o que representa no preço do imóvel, etc.
- Anúncios: deve constar nas peças publicitárias de venda de imóveis a informação do número da matrícula do imóvel (ou do loteamento), e o Cartório do Registro onde está inscrito. A publicidade deve ainda incluir informações sobre a área privativa e a área total do imóvel.
- Rescisão: para o caso de rescisão contratual, o consumidor precisa atentar para a inserção de cláusula que dê essa condição, especialmente quanto ao percentual de perda das prestações eventualmente pagas. No caso de rescisão unilateral, por parte do comprador principalmente, o Caop já recebeu notícia de contratos que incluíam cláusulas que representavam perdas expressivas em desfavor do consumidor.
- Tolerância: no caso de empreendimentos em construção, é importante ainda observar a chamada cláusula de tolerância, pela qual os contratos preveem atrasos na entrega do imóvel (normalmente por 180 dias). O Centro de Apoio entende que é direito do consumidor negociar esse prazo e determinar condições bem definidas para caso de atrasos de modo a não ter prejuízos.
- Dúvidas: o consumidor que tiver alguma questão a respeito da compra de imóveis pode buscar informações no Centro de Apoio ou na Promotoria de Justiça de sua comarca com atribuição na área do Consumidor. Clique aqui e acesse os contatos.