O lançamento mais recente nessa área é da própria Nubank, que anunciou em outubro a expansão dos seus serviços para as transações bancárias com uma conta digital, a NuConta.| Foto: Divulgação/Nubank

As jovens empresas de tecnologia da área financeira estão se destacando em alguns segmentos do mercado, especialmente naqueles voltados ao público jovem. A onda se espalhou primeiro no ramo de cartões de crédito com serviços como o Nubank, mas agora já envolve serviços bancários, investimentos e até câmbio, sempre na ideia de pouca burocracia e taxas, aliadas a mais agilidade e transparência, tudo muito acessível para quem tem um smartphone atualizado. Mas até que ponto as chamadas fintechs conseguem substituir os bancos tradicionais?

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O empresário Paulo Deitos Filho é um dos que se propôs a essa missão. Ele próprio sócio fundador de uma fintech – uma plataforma de crowdfunding imobiliário, o URBE.ME –, considerou a “gota d’água” o fato de não encontrar de forma clara o quanto lhe rendeu uma aplicação no banco, onde pagava mais de R$ 800 por ano para manter a conta.

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“Não dependo de nada do tradicional hoje, estou 100% nas fintechs”, revela. Entre os serviços, estão o Banco Neon, para conta corrente, o Trigg Brasil e o Nubank para cartão de crédito, o próprio URBE.ME e a Warren Brasil para investimentos, entre outros. O Trigg, por exemplo, tem um sistema de cash back que devolve parte do dinheiro gasto. “Existe uma fintech para praticamente qualquer necessidade”, afirma.

E de fato existe. As mais conhecidas como Trigg, Nubank, Banco Neon, Banco Original, Conta Um, e as mais recentes como, por exemplo, Banco Inter e Pag. Mas no fim, o ideal é que o consumidor tire um tempo para pesquisar qual instituição oferece os serviços que precisa. Até porque – outra característica comum às fintechs – os serviços, tarifas e limites também podem mudar constantemente, o que exige uma dose de atenção antes de “assinar” digitalmente o contrato. Pelo lado da economia, pode ser realmente vantajoso para o bolso, mas o fato de nem todas as fintechs oferecerem todos os tipos de serviços pode ser um complicador para quem deseja simplificar a vida financeira.

Tarifa zero, mas sem saque

O lançamento mais recente nessa área é da própria Nubank, que anunciou em outubro a expansão dos seus serviços para as transações bancárias. A NuConta tem tarifa zero, mas não oferece a possibilidade de saque e nem o pagamento de boletos, por enquanto.

A princípio a conta serve apenas para transferências e investimentos, que a instituição promete que renderão mais do que a poupança. Seguindo a cartilha das startups, a ideia da empresa é “entender as reais necessidades dos clientes” à medida em que os serviços vão sendo utilizados.

Opções

Entre as opções já existentes há algum tempo está a do Banco Original, que foi um dos primeiros nessa linha no Brasil. A conta gratuita, porém, também tinha problemas em alguns serviços, como a impossibilidade de se fazer depósitos em dinheiro – já que o banco não tem agências físicas.

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Pertencente ao grupo J&F, o mesmo que controla o frigorífico JBS, a marca também vem sofrendo para se desvincular das notícias negativas envolvendo sua controladora, ao mesmo tempo em que enfrenta a concorrência de dezenas de outras fintechs que invadiram o mercado.

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Há pouco mais de um ano também surgiu a Conta Um, com premissa parecida: oferecer acesso barato e sem burocracia a serviços bancários. Como o cartão oferecido é pré-pago, é possível ter uma conta mesmo com nome negativado ou sem comprovação de renda, por exemplo. Mas o serviço não é gratuito. Caso haja movimentação há uma taxa.

O Banco Neon é um dos primos mais novos: não cobra mensalidade, mas o serviço dá direito apenas a um saque, uma transferência e um depósito a cada 30 dias. O que passar disso é cobrado à parte. A quantidade pode ser suficiente para muitas pessoas, mas quem precisa de mais pode acabar pagando preços semelhantes aos dos bancos “comuns”.

Contra-ataque

Ainda antes das fintechs, bancos tradicionais também vinham oferecendo contas gratuitas e com menos burocracia. As chamadas contas digitais surgiram a partir de uma resolução de 2010 do Banco Central, que determinou a gratuidade de serviços oferecidos exclusivamente via canais de autoatendimento, como internet, aplicativos e caixa eletrônico.

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No entanto, com o rápido avanço da tecnologia pessoal nos últimos anos essa característica passou a ser comum a praticamente todo tipo de transação. Assim, o termo conta digital caiu em desuso, assim como os produtos nessa linha. Mas isso não quer dizer que os bancos não estão de olho nos clientes em potencial das fintechs.

Bancos como o Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Santander permitem que contas pessoas física sejam abertas com menos burocracia, por meio eletrônico, sem a necessidade de se ir até a agência. A facilidade foi liberada no ano passado pelo Banco Central. Mas, quem diria, é a existência de agências, ao contrário da maioria das fintechs, um dos diferenciais dos “velhos bancos”: pode ser uma vantagem para o caso de necessidades mais específicas. O que é difícil, porém, é usar um mês de serviços sem fugir de alguma tarifa.

O Itaú, por exemplo, descontinuou sua iConta, que era gratuita. No Next, do Bradesco, também não há essa opção. Já na Conta Fácil, do Banco do Brasil, a modalidade gratuita existe mas é limitada a saldos de R$ 5 mil por mês. No Santander também não há gratuitade: a opção mais barata sai por R$ 7,90.