O terceiro trimestre decepcionou, e a reação que o mercado imobiliário brasileiro esboçou no segundo trimestre deste ano não se confirmou entre julho e setembro, apontam dados da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) divulgados nesta segunda-feira (27).
Os lançamentos caíram 12,2% no terceiro trimestre, ante os três meses anteriores, nas 22 regiões avaliadas. As vendas recuaram 7,4%.
“Até o segundo trimestre, achávamos que 2017 seria no mínimo melhor que 2016. Agora, achamos que será no máximo igual”, diz José Carlos Martins, presidente da Cbic.
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Não há perspectiva de crescimento para o último trimestre do ano. “Outubro, novembro e dezembro são meses bem mais curtos para o mercado, com muitos feriados”, diz Celso Petrucci, presidente da Comissão da Indústria Imobiliária da Câmara, responsável pelo estudo.
Em relação ao terceiro trimestre de 2016, no entanto, os lançamentos saltaram 14,7%, e as vendas avançaram 4,2%.
Houve também redução da oferta final – unidades em construção ou prontas não vendidas –, que caiu 4% na comparação com o segundo trimestre e 3,4% ante 2016. Ao fim de setembro havia 120,2 mil imóveis não comercializados, 52% deles ainda sendo construídos.
“As vendas têm se mantido consistentemente superiores aos lançamentos, indicando redução da oferta inicial disponível ao consumidor”, avalia a Cbic no estudo. As vendas do trimestre superaram o volume de lançamentos em 5.524 unidades.
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“Se essa oferta final continuar se reduzindo, podemos ter aumento de preços, não sabemos ainda quando”, diz Petrucci.
O desempenho das regiões estudadas, porém, se mostra desigual. Na comparação do trimestre ano contra ano, 12 regiões registraram aumento nos lançamentos, mas sete reduziram.
A maior alta (1.029%) aconteceu na Região Metropolitana de Curitiba. A queda mais expressiva (-100%) foi em Manaus.
Na mesma base, houve crescimento de vendas em nove cidades – 233% na Grande Maceió –, e queda em oito, sendo maior recuo para Belo Horizonte/Nova Lima (-78%).
Migração
Das unidades lançadas no país no terceiro trimestre, 65,3% tinham dois quartos. A tipologia representou 60,8% dos imóveis vendidos no período.
Para a Cbic, com a crise e a dificuldade de acesso ao crédito, houve migração da demanda por apartamentos de três dormitórios para unidades de dois quartos.
“São distorções no mercado. Essa participação de dois e três dormitórios já foi quase meio a meio. Se continuar assim, os preços desses imóveis maiores pode explodir”, diz Martins.
Crédito
A Cbic se diz ainda bastante preocupada com a situação da Caixa Econômica Federal, que detém 70% do mercado de crédito imobiliário no país, mas tem enfrentado graves problemas de recursos.
“Se essa situação não for resolvida, não tem como 2018 ser melhor que este ano”, diz Martins. Segundo ele, a Caixa teria providenciado R$ 19 bilhões da caderneta de poupança para 2018.
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