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Mesmo com recuo na Selic, investidor deve se manter mais conservador

Selic cai, mas a hora ainda é de cautela para investidores.  | Pixabay
Selic cai, mas a hora ainda é de cautela para investidores.  (Foto: Pixabay)

Com a Selic a 10,25% ao ano seria a hora de arriscar um pouco mais. Mas dado o cenário político tumultuado, o melhor é não mexer nas aplicações em curso, a não ser que seja para evitar perdas em posições arriscadas demais. Quem teve acesso a um dinheirinho extra, como o FGTS inativo e não quer deixar o recurso parado, a dica é também buscar por aplicações mais conservadoras. Esse é o conselho que, em geral, corretoras e bancos enviaram a seus clientes nesta quarta-feira (31), horas antes da divulgação da nova taxa básica de juros.

Em relatório, os analistas do banco Santander disseram que, embora a crise política tenda a pressionar o mercado no curto prazo, as perspectivas econômicas de médio prazo seguem as mesmas. Eles citaram a inflação controlada, as contas externas em ordem e o volume elevado de reservas internacionais. Para o banco, a grande dúvida são as reformas, mas observou que seu impacto só poderia afetar as taxas de juros de longo prazo. Portanto, para as próximas reuniões do Copom, nada muda para o Santander: ele mantém sua projeção de uma Selic a 8,5% e do dólar em R$ 3,50 no fim do ano. 

Embora também mantenha perspectivas de uma Selic mais baixa no fim de 2017, o Itaú BBA recomendou aos seus clientes uma mudança defensiva na carteira. Em razão disso, a gestora deixou de aconselhar a aplicação em Petrobras, Gerdau, ALL e Lojas Americanas, embora tenha mantido a aposta na Vale. “Observamos uma forte volatilidade no mercado nos dois últimos pregões. As incertezas podem continuar nas próximas semanas, deste modo estamos recomendando em nossa carteira uma troca para empresas que se beneficiam de um dólar mais valorizado (Suzano, Embraer e Minerva) e com características mais defensivas (Vivo)”, justificou. 

De maneira geral, o mercado tem se agarrado na esperança de uma renúncia do presidente Michel Temer, mas isso dificilmente acontecerá se não houver um acirramento da crise política, a confirmação ou o envolvimento do chefe do Executivo em mais escândalos. Dado este cenário, de que a solução não virá rapidamente, a orientação é mesmo ter cautela.

Onde investir?

Como falado acima e também em reportagem publicada pela Gazeta do Povo no dia seguinte ao estouro da delação da JBS, o investidor que já tem uma carteira diversificada deve procurar não mexer muito nas suas posições no momento, a não ser que seja para sair de uma aplicação arriscada demais. Quem seguiu essa recomendação na semana do escândalo viu seus ativos se recuperarem dias depois.

Outra dica é reforçar, ou mesmo incluir, um fundo cambial nesse pacote, que tem o poder de proteger um pouco o investidor das perdas. Já que nos momentos de crise, o dólar e outros ativos tradicionais tendem a servir de área de escape e subir, é sempre uma boa opção ter fundos desse tipo na cesta de investimentos.

“Se você tem um carteira com ativos de risco, é sempre interessante ter de 5% a 10% em fundos cambiais e em fundos atrelados ao ouro, ou em ouro e dólar mesmo (...) Na quinta-feira [pós-escândalo], enquanto os fundos [em geral] caíram entre 1% e 6%, um fundo cambial ‘barato’ subiu 6%. É um seguro que, no restante do tempo, se houver queda, não vai te machucar”, disse a planejadora financeira Luciana Seabra dos Anjos, responsável pelo relatório de fundos de investimentos da Empiricus, no último podcast de Vida Financeira, o podcast da editoria Livre Iniciativa da Gazeta do Povo. 

Para quem é um investidor iniciante ou pensou em sair da poupança agora, a recomendação é Tesouro Direto. Como já mostramos aqui, o Tesouro é considerado o investimento mais seguro do mercado brasileiro e é também uma ótima maneira de sair da poupança e aprender a ganhar dinheiro num país onde os juros são altíssimos. Se a pessoa tem certeza de que não vai precisar dos recursos a curto prazo, uma boa opção é mantê-los em renda fixa, mas em títulos prefixados (que pagam uma taxa determinada, de modo que quem compra sabe antecipadamente o quanto irá resgatar lá na frente).

"O título público federal é o mais indicado para este momento, porque é difícil encontrar outra alternativa segura. Em renda fixa, o crédito privado (títulos emitidos por empresas ou bancos) até paga mais, porém a incerteza na política pode levar o país a crescer menos, e aí aumenta o risco de crédito dessas empresas emissoras, já que elas tendem a vender menos também”, explica Ricardo Almeida, professor de Finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA).

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