Com características que mesclam as rendas fixa e variável, o Certificado de Operações Estruturadas (COE) é o queridinho da vez dos investidores que buscam opções com riscos baixos de perda, mas ganhos maiores do que somente a renda fixa.
Emitido somente pelos bancos, é um produto flexível e acompanha as tendências e oportunidades de mercado, atrelados a ativos como inflação, dólar e índices internacionais (bolsas de valores ou cestas de ações de empresas como Apple, Tesla e Amazon). Tem se destacado por ser estruturado com base em cenários de ganhos e perdas selecionados de acordo com o perfil de cada investidor.
Em quatro anos de existência no Brasil, foram pelo menos 240 mil operações, que movimentaram R$ 31 bilhões. Somente em 2017, o volume superou os R$ 10,2 bilhões, 35% a mais do que em 2016, 45,8% das operações que venceram tiveram rentabilidade superior à taxa DI (Depósito Interbancário), índice normalmente semelhante à taxa Selic.
O COE tem basicamente duas modalidades, que servem a todo tipo de investidor. A mais procurada delas (96% do total) é de valor nominal protegido, popularmente chamada de capital garantido ou capital protegido. “É para quem quer diversificar a carteira e ter maior possibilidade de ganho, mas é interessante para todas as classes de investidores. Para um iniciante, é a oportunidade de participar de um ativo diferente, sem correr risco de perder o investimento inicial”, afirma o CEO da Easynvest, Marcio Cardoso. A outra modalidade é de valor nominal em risco, que permite perder parcialmente ou totalmente o capital investido.
Como funciona o investimento em COE
Em sua maioria, os aportes são oriundos de pessoas físicas (90%). O COE é um produto que está, sobretudo, nos segmentos private (patrimônios milionários) e de varejo de alta renda (rendimento mensal a partir de R$ 10 mil e pelo menos R$ 100 mil disponíveis para investimento imediato), explica o diretor de produtos de balcão da B3 (companhia responsável pelo registro, depósito e liquidação do COE), Fabio Zenaro. Os 10% restantes são pessoas jurídicas não-financeiras, que normalmente têm uma dívida e querem proteger seu caixa, além de investidores institucionais (fundos de investimento e de pensão).
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A redução da projeção da inflação e oportunidades de diversificação com investimentos no mercado internacional explicam os principais movimentos observados ao longo de 2017.
A maioria dos investidores apostou em COEs atrelados a índices internacionais (22,8% do total, contra 1,7% em 2016). Os certificados indexados a taxas de câmbio caíram de 37,9% para 14,6%. Outros indexadores foram taxa de juros (17,9%), cesta de ativos (17,2%), índices de ações (14%), inflação (7,3%) e outros (6,1%).
A corretora Easynvest tem um tíquete médio de investidores que varia de R$ 80 a R$ 100 mil. Atualmente são 268 mil ativos. A partir de R$ 1 mil é possível comprar um COE na empresa, mas, em média, são investidos entre R$ 10 mil e R$ 20 mil em cada certificado. O COE é um bom produto para compor parte da carteira de investimentos de uma maneira geral, na opinião de Cardoso. “O mais importante é diversificar as aplicações e não colocar tudo em uma única classe de ativo”, diz.
De um modo geral, os prazos dos COEs variam conforme os pacotes pré-estabelecidos pelos bancos (caso do varejo de alta renda) e preferências do investidor (segmento private). Em média, eles giram em torno de 1 ano e meio a dois anos. Depende da estrutura e tipo de ativo.
Se a referência for o dólar, é comum que seja a médio prazo (6 meses a 1 ano). No caso da inflação, normalmente é a longo prazo, de 2 a 3 anos. Não são cobradas taxas de administração. E para fins tributários, o COE tem o mesmo tratamento de títulos de renda fixa, ou seja, imposto de renda na fonte, dentro das alíquotas regressivas entre 22,5% até o nível de 15%, a depender do prazo do COE.
Os riscos e a versão brasileira do COE
Entre os riscos a serem observados, estão o de crédito — se o banco quebrar o cliente não recebe o valor de volta e deve requerer judicialmente; de liquidez — em caso de desistência é preciso negociar com o banco o valor de recompra; e do próprio mercado — se o COE andar contra aquilo que você tinha no seu horizonte, terá no mínimo perda de custo de oportunidade do dinheiro que não teve remuneração, apesar de ter capital investido.
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Criado pela Lei 12.249/10, a mesma que instituiu as Letras Financeiras, e regulamentado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) do Banco Central no segundo semestre de 2013, o COE é uma versão brasileira das Notas Estruturadas, nascidas há quase 30 anos na Europa e que ganharam popularidade nos Estados Unidos e na Ásia.
O instrumento surgiu no exterior em circunstância semelhante ao que ocorre atualmente no mercado brasileiro, de queda significativa do nível de juros. “Os bancos perceberam que os investidores começavam a procurar alternativas para melhorar a remuneração. No Brasil, o cenário nunca esteve tão favorável”, avalia Zenaro.
Com quatro anos de atuação, o COE ainda é considerado pequeno, frente a tradicionais produtos de captação dos bancos, como CDB, LCI e LCA, representando perto de 1% da captação das instituições. Mais do que consolidadas lá fora, as Notas Estruturadas, por sua vez, representam entre 10% e 12% da captação. “O produto é muito novo por aqui e tem amplo espaço para crescer, à medida que o investidor passa a conhecer melhor o instrumento e com a incidência de níveis mais baixos de juros.”
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