Para quem tem dívidas até o pescoço e está com o nome sujo na praça (no cadastro de maus pagadores), os bancos tradicionais não oferecem mais crédito. Nesse cenário, caminhando pela rua ou assistindo TV em casa, é possível que o endividado depare com uma oferta providencial: empréstimos rápidos para quem está “negativado”, sem consulta aos cadastros de devedores. Cair na tentação pode piorar a situação financeira.
INFOGRÁFICO: Veja um comparativo entre crédito pessoal e empréstimo para negativado
Pesquisa deste ano do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que 15% dos brasileiros inadimplentes buscaram esse tipo de empréstimo. Mas sete em cada 10 deles reconheceram não ter resolvido o imbróglio financeiro.
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“Em momentos de estresse, é fácil tomar decisões apressadas, mas nem sempre a solução que parece ser mais fácil é a melhor”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Nada contra as instituições financeiras legais que oferecem esse crédito, reguladas e fiscalizadas pelo Banco Central. A questão é que, fora de uma estratégia bem calculada, esse empréstimo será mais uma dívida, e cara.
Os juros das operações são bem mais altos, porque o empréstimo é para quem já é inadimplente. De acordo com pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), os juros para o crédito pessoal oferecido nos bancos está em 4,41%. Para negativados, em financeiras, a Anefac estima taxas a partir de 15%.
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“É simples: maior o risco, maior a taxa de juros. Para negativados, é mais caro o empréstimo. É razoável falar em 15% ao mês. Mas as taxas podem ser maiores, de 20%”, diz o diretor executivo da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira.
Para especialistas em educação financeira, a armadilha do crédito para negativados está em acreditar que esse dinheiro é a “bala de prata” no endividamento. Ou seja, que somente com esse empréstimo se resolve o problema. A saída passa pela família identificar todas as dívidas, ver para onde está indo o dinheiro, cortar os excessos de gastos e tentar renegociar pendências.
Para quem busca a contratação de um empréstimo, toda a atenção é necessária. A instituição deve ser regulada pelo Banco Central. Jamais confie em quem promete tirar o nome da lista de negativados.
“Não há mágica para limpar o nome. O devedor não precisa de terceiros. Isso é diretamente com o credor”, alerta José Vignoli, educador financeiro do SPC Brasil e do portal Meu Bolso Feliz.
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Como sair das dívidas
-Tenha consciência do endividamento excessivo e de que é preciso resolver a situação é fundamental.
-É importante saber o tamanho do problema. Conheça as dívidas e mapeie detalhadamente as informações importantes.
-Coloque no papel todas as dívidas e a taxa de juros mensal de cada uma. A informação está na fatura ou carnê.
-Ordene as dívidas por ordem descrente da taxa de juros. A lista final revela a ordem de pagamento a privilegiar: pagar primeiro as com juros mais altos (cartão de crédito, por exemplo), porque crescem rápido.
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-Procure pessoalmente os credores, leve comprovante da dívida, reconheça o atraso e questione propostas para quitar o débito.
-Não faça novas dívidas e promova um corte nos gastos.
-Peça o cancelamento do cartão de crédito e do cheque especial.
-Negociar condições mais vantajosas para o pagamento das dívidas é outro aspecto fundamental para a saída do endividamento.
Fontes: Anefac, Banco Central, CNDL, SPC Brasil, Portal Meu Bolso Feliz e educadores financeiros Reinaldo Domingos e José Vignoli.
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