Com o aperto da crise econômica nos últimos anos, o número de desempregados abrindo caminho com empresa própria só cresce e coloca novatos frente a frente com armadilhas desconhecidas. Em todo o Brasil, a quantidade de Microempreendedores Individuais (MEIs) saltou 42% entre março deste ano e o mesmo mês de 2015, fazendo com que esses empreendedores passassem de 4,8 milhões para 6,9 milhões no país.
Os 7 desafios do MEI e como superá-los
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Desde que se tornou MEI, o professor de música José Jeferson Moura Miranda, 30 anos, tem sentido os novos desafios. A cada dia, desde 2014, o músico avança um pouco na prática de tocar, desta vez, o próprio negócio. Uma situação faz Miranda correr mais em busca de orientações: conseguir crédito para decolar.
“Preciso de equipamentos para determinados trabalhos, mas ainda estou tentando colocar as contas em dia. Então, conseguir crédito para melhorar é um desafio. Fiz uma tabela de Excel com todos os meus gastos e controlo tudo”, destaca.
A falta de crédito para Miranda é problema recorrente para quem está começando a empreender. Em uma palestra oferecida pelo Sebrae/RS em Porto Alegre, o MEI Carlos Giovani Fonseca contou que passa pelo mesmo problema. Ele atua com comunicação visual e suou para conseguir crédito. Para ele, a solução foi muita pesquisa. “Nem sempre os grandes bancos oferecem a melhor opção, então é importante procurar outras opções, como as cooperativas”. aconselha Fonseca.
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O secretário Especial de Micro e Pequenas Empresas do governo federal, José Ricardo da Veiga, reconhece as dificuldades enfrentadas por Miranda e Fonseca. Ele afirma que a secretaria tem buscado levar os grandes bancos para perto do microempreendedor: “O que percebemos é que a linha de crédito fica nos panfletos e não chega à mão do MEI de verdade. Uma linha para esse público é o Micro Crédito Produtivo Orientado (MPO). Estamos buscando reformular o MPO para mais instituições oferecerem.”
A coordenadora de Atendimento do Sebrae/RS na Região Metropolitana, Alessandra Santos Faria, enumera outras situações que podem tirar o sono do MEI. Entre elas, está desconhecer o mercado em que se está entrando, não ter um plano de negócios e esquecer as obrigações. “Percebemos que a maioria dos MEIs tem dificuldade com o pagamento das guias de arrecadação. Não acompanham isso. E a partir do momento que não paga, ele está sem cobertura da Previdência, além da dívida acumular e gerar juros.”
Abaixo, uma lista de desafios e forma de superá-los para ajudar os microempreendedores novatos:
7 problemas e soluções para tocar o próprio negócio
E se na largada do negócio os clientes não aparecerem para comprar o seu produto ou pagar pelo serviço que você oferece? Isso pode apontar que, na verdade, você nunca soube bem quem seria o cliente. É preciso conhecer o público-alvo.
-É preciso buscar informações mais específicas sobre o que irá oferecer no seu negócio, sobre o seu segmento (alimentação, vestuário, serviços de beleza).
-Essa base é importante para entender o perfil de quem vai querer os seus produtos e serviços. E, quando o cliente aparecer, não perca a oportunidade de perguntar como está a concorrência ou o que você poderia melhorar para fazer ele retornar.
É um problema achar que conhece o cliente baseado em si mesmo. Uma armadilha que pega o empreendedor é a convicção de que, se ele compraria o produto, todos o fariam. Com essa certeza de sucesso rápido, líquido e certo, enche o estoque ou investe além da conta no ponto.
-É preciso pesquisar, conversar com clientes em potencial e, também, visitar outros estabelecimentos.
-Assim, será possível responder se o seu produto ou serviço é atrativo o suficiente para que outras pessoas comprem.
-Pense por que o consumidor compraria o seu produto. Saiba se outras empresas oferecem a mesma coisa melhor do que você.
Deixar de avaliar corretamente o local do ponto, pensando no tipo de negócio e na circulação de clientes, pode surpreender. Identificar o problema o quanto antes é fundamental. Se o negócio depende de clientes passando pela porta, mas isso não acontece, é hora de ligar o sinal de alerta.
-Identificar este problema o quanto antes para não perder dinheiro com aluguel.
-Conhecer a região em que pensa se fixar para ver como seu segmento se encaixaria nela. Lembre-se de que não ter concorrentes por perto não é garantia de sucesso.
-Talvez seja ideal fixar o ponto em uma área com outros negócios do mesmo setor. Ela pode ser procurada pelos clientes por isso.
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Querer dar a largada em um negócio e não ter dinheiro suficiente revela um obstáculo comum a empreendedores de todos os tamanhos: a falta de crédito no mercado. E aí, melhorias ou reforços no estoque ficam pendentes e podem comprometer o negócio. Bancos emprestam, mas querem garantias de pagamento.
-Controle as contas pessoais e as do negócio. Faça planilhas de gastos e seja firme.
-Saiba o valor do financiamento e a finalidade do recurso pretendido.
-Busque informações sobre linhas de financiamento que se encaixem nas suas necessidades e instituições que operem essas linhas.
-Um estudo com a viabilidade do projeto e a capacidade de pagamento é um salto à frente.
Aí está um caminho que pode levar o empreendedor a pedir empréstimos. Começar a usar o lucro para custos pessoais (como a conta de luz de casa) dá início a uma ciranda que pode levar o negócio ao buraco muito cedo.
-Um passo é determinar um valor de remuneração para usar na vida pessoal e não fazer retiradas extras do caixa.
-Sua necessidade e faturamento vão determinar o valor correto para isso.
-Talvez seja preciso procurar um contador.
É preciso apertar o cinto e cortar tudo o que for desnecessário. Luz, água, telefone, TV a cabo: não se esqueça que esses itens também podem pesar no seu negócio. Deixar eles correrem soltos é risco de encurtar sua história de empreendedor.
-Aproveite a luz solar, mantendo lâmpadas apagadas por mais tempo.
-Desligue computadores, aquecedores e ar- condicionado ao sair para almoçar e à noite.
-Não deixe os equipamentos em stand by, pois eles continuam a consumir energia.
-Contrate somente o que for adequado.
A maioria dos MEIs tem dificuldade com o pagamento das guias de arrecadação. Além de ficar sem cobertura do INSS, também ficará com uma dívida que só vai crescer com os juros.
-Todo mês, até o dia 20, o MEI deve preencher o Relatório Mensal das Receitas do mês anterior e anexar as notas fiscais de compras e as que emitir, além de pagar sua guia de arrecadação mensal (DAS).
-Todos os anos, o MEI deve declarar o valor do faturamento do ano anterior.
Para outras dúvidas, dê uma olhada também no Portal do Microempreendedor, canal oficial do governo federal para a oficialização do microempreendedor individual. Oferece as principais informações e obrigações do MEI. Confira em portaldoempreendedor.gov.br
Fontes: portal Sebrae/RS, Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa do governo federal e Alessandra Santos Faria, coordenadora de Atendimento do Sebrae/RS na Região Metropolitana.