Embora o dia tenha começado bem para a Bolsa brasileira, com o resultado do IPCA de janeiro a 0,29%, abaixo da previsão de 0,41%, no meio da tarde tudo mudou. Puxado pela queda de mais de 3% das bolsas norte-americanas, o Ibovespa, índice que reúne as principais ações negociadas em São Paulo, fechou com queda de 1,49%, a 81.532 pontos. O dólar comercial, que chegou a ser cotado a R$ 3,30, fechou leve alta de 0,13%, a R$ 3,2811 na venda.
Ás 19 horas desta quinta-feira (8), o índice Dow Jones caía 3,56%, a 24.006 pontos, e o S&P 500 caía a 2,74%, a 2.607 pontos. O índice das empresas de tecnologia Nasdaq chegou a 3,33%, a 6.817 pontos. As Bolsas europeias também fecharam no vermelho. Londres perdeu 1,49%, Paris caiu 1,98% e Frankfurt fechou com desvalorização de 2,62%. Milão (-2,26%), Madri (-2,21%) e Lisboa (-1,16%) também caíram.
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Nos EUA, o que puxou esse dia ruim foi um recuo de 1,2% na negociação de contratos futuros do petróleo em Nova York e também um movimento negativo dos Treasuries – títulos de dívida do governo americano normalmente vistos como um porto-seguro pelos investidores, mas que, devido à demanda em um momento de instabilidade, apresentaram queda nos rendimentos e viu seu preço aumentar.
"Temos uma treasury de 10 anos saindo de 2% em setembro, pouco depois da penúltima alta dos juros, para 2,85% agora. Isso causa uma realocação de ativos globais", afirma Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimentos. "Enxuga dinheiro das Bolsas, mas não deve levar a uma saída maciça de capital, porque a rentabilidade ainda é baixa, embora praticamente sem risco", ressaltou.
Dos 64 papéis que compõem o Ibovespa, 57 caíram e somente sete subiram. As ações preferenciais (+2,81%) e ordinárias (+2,75%) da Eletrobras lideraram as altas do índice. Assembleia de acionistas da estatal discute nesta quinta o modelo de venda das distribuidoras. A Via Varejo subiu 1,65%.
No terreno negativo, as ações da Suzano recuaram 4,88%. A Cielo perdeu 4,25% e a Braskem caiu 4%.
No geral, conforme mostrou reportagem da Gazeta do Povo ainda na quarta-feira (7), os analistas continuam acreditando que dias como o desta quinta-feira são de ajuste, mas que a perspectiva a longo prazo para a Bolsa brasileira é boa.
Depois dos recordes históricos dos mercados pelo mundo em janeiro — o Japão, por exemplo, também alcançou o maior índice dos últimos 20 anos — é normal, na opinião do economista, que aconteçam algumas turbulências pelo caminho, o que não significa que o mercado entrou em uma espiral de baixa.
Ao jornal Valor Econômico, Fábio Carvalho, head de equities da CM Capital Markets, disse nesta quinta-feira (8) que os investidores ainda apostam “em movimentos de correções estimulados pelo exterior e sem elementos na frente doméstica que deem força ao índice”. Para os analistas, o receio deflagrado pelos dados ruins do mercado de trabalho norte-americano deflagrado na sexta-feira passada ainda pode levar alguns dias para se dissipar.