A Receita Federal liberou, às 9 horas desta segunda-feira (9), a consulta ao 5.º lote de restituição do imposto de renda. É o antepenúltimo do calendário previsto pelo órgão. No total, mais de R$ 2,8 bilhões voltarão para as mãos de 2,3 milhões de contribuintes. O valor médio a ser recebido neste 5.º lote, portanto, é de R$ 1.215, montante um pouco maior que um salário mínimo, mas que pode ser o início de bom investimento.
A consulta pode ser feita na página da Receita, por meio do aplicativo para tablets e smartphones ou pelo telefone 146. Quem ainda não teve a restituição liberada também pode verificar se há alguma pendência, por meio do serviço e-CAC.
Quem está recebendo agora provavelmente deixou para entregar a declaração na última hora e, apesar da correria, estão tendo um bom retorno com isso. A correção da restituição, a ser depositada nas contas dos contribuintes no próximo dia 16 de outubro, será de 4,98%, de acordo com a Selic retroativa a maio deste ano — algo que poucos investimentos garantem em um período de poucos meses.
A segunda vantagem de quem recebe nestes últimos lotes é poder planejar o uso do dinheiro, talvez, junto com o décimo terceiro salário, abonos etc, típicos de fim de ano. Tudo isso, claro, se você não tem dívidas em atraso ou que tomam uma boa fatia da renda mensal. Se esse é o seu caso, a principal orientação dos especialistas é quitar esses débitos. Ainda em abril deste ano, a Gazeta do Povo fez uma reportagem sobre a difícil tarefa de negociar uma dívida e que traz boas dicas para quem está nesta situação.
Para quem está com o bolso leve, seguem abaixo três ideias de como encarar o dinheiro extra que está entrando e onde aplicá-lo:
1. Uma reserva de emergência
Se você faz parte de uma das 280 mil famílias brasileiras que deixou o endividamento nos últimos tempos, ou por necessidade em razão do desemprego ou por dedicação e foco no orçamento, parabéns! A restituição do IR que vem agora pode ser a oportunidade que você precisava para começar a sua reserva de emergência. O valor varia um pouco de especialista para especialista, mas a reserva de emergência precisa ser algo em torno de seis meses a um ano de renda.
O destino da reserva de emergência, aquela que você pode precisar a qualquer momento e que precisa estar sempre à mão, costuma ser a poupança. O problema é que a taxa básica de juros está em trajetória de queda e, no início deste mês de setembro, acionou o gatilho dos 8,5% ao ano, que faz com que a poupança renda menos: 70% da Selic mais TR.
Corretoras independentes como a Rico e a Empiricus, e a plataforma de gestão automatizada de investimentos Verios, indicam como melhores opções para o bolso o Tesouro Selic e os fundos DI. Ambos permitem o resgate a qualquer momento e protegem bem o dinheiro com rendimento atrelado à taxa básica de juros.
Só é preciso cuidar com a taxa de administração — e aí a dica é fugir dos grandes bancos. Boa parte das corretoras independentes não cobra taxa para operações com o Tesouro e algumas já oferecem taxas abaixo os 0,5%. Reduzir a mordida dos gestores nessa reserva tão importante é crucial.
Dúvidas? Numa reportagem de setembro, falamos mais, aqui em Livre Iniciativa, como essas opções onde a reserva de emergência rende mais do que a poupança.
2. O início de um plano de aposentadoria
O quanto poupar e por quanto tempo vai depender do orçamento e estilo de vida de cada um. Dois cálculos do sócio do Grupo L&S, de educação financeira e assessoria em investimentos, Leandro Ruschel, podem te ajudar nesse plano: um que garantirá o pagamento das despesas indefinidamente, e que consequentemente exigirá um pé-de-meia inicial maior; e outro que garantirá o orçamento doméstico por um determinado tempo e que demandará uma largada menor.
Como qualquer estudo sobre o futuro, a base das projeções foi o presente. “Digamos que você tenha um custo de vida de R$ 10 mil por mês e que hoje seja possível conseguir um ganho de 6% ao ano sobre a inflação. Nesse caso, a renda necessária, anualizada, seria de R$ 10 mil vezes 12, ou seja, R$ 120 mil”, explica. Para gerar essa renda é preciso [acumular de início] R$ 2 milhões, que é dado pela fórmula R$ 120.000,00/0,06”, explica Ruschel. Esse é o cálculo para quem quer construir um patrimônio suficiente para fazê-lo render indefinidamente e até deixá-lo para os filhos.
Uma conta menos conservadora envolve a formação de um fundo de reserva que gerará renda apenas para um certo período. Considerando o mesmo custo de vida, R$ 10 mil , e a tabela atuarial do IBGE, que indica que uma pessoa com 50 anos de idade hoje viverá, em média, mais 27 anos, o montante inicial para manter essa pessoa na velhice teria de ser um pouco menor que o do primeiro cálculo: R$ 1,8 milhão.
Dúvidas? Em abril, nós explicamos melhor as dicas de Ruschel e também falamos de outras ideias para garantir uma boa aposentadoria.
3. Um dinheirinho para realizar um sonho
O quanto se quer poupar vai depender mais das condições de cada família e de quanto custa o objeto de desejo. Dois dos melhores investimentos para esse tipo de uso, segundo os especialistas, são o Tesouro Direto e o CDB.
Os títulos públicos são papéis emitidos pelo Tesouro Nacional para financiar a dívida pública do país. Ao comprar um papel deste, é como se o investidor estivesse emprestando dinheiro ao governo – e recebendo juros por isso.
Há três tipos de títulos: os prefixados, os ligados à inflação e os ligados à Selic, a taxa básica de juros do país. Além disso, dentro desses tipos, o Tesouro Nacional oferta, de tempos em tempos, diferentes datas de vencimento, que acabam formando um portfólio de títulos. A escolha certa vai depender principalmente do quanto você tem disponível para investir e de quanto tempo pode esperar.
De forma geral, segundo os analistas, aqueles prefixados, que pagam juros de acordo com um vencimento fixado de antemão, e aqueles atrelados ao IPCA, que cobram a inflação do período e tendem a ter valorização real de mais de 5%, continuam sendo boas opções em 2017.
Dúvidas? Falamos sobre o que você precisa saber para investir no Tesouro neste podcast:
As aplicações em Certificados de Depósito Bancário (CDBs) são conservadoras, remuneram com um porcentual da taxa DI (formada pelos juros pagos entre bancos e próxima da taxa básica de juros, a Selic). Aqueles que rendem próximo de 100% da DI são boas opções, e há vários nesse patamar em instituições confiáveis.
Os maiores rendimentos são proporcionais aos riscos e à carência para sacar o dinheiro. Os riscos de um calote são baixos, já que o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) assegura aplicações de até R$ 250 mil por CPF para esse tipo de ativo.
Já em relação ao prazo, os CDBs seguem uma tabela regressiva do Imposto de Renda, ou seja, quanto mais longo o prazo, maior o ganho. A tabela vai de 22,5% do rendimento para um prazo de seis meses a 15% para um prazo de dois anos.
Dúvidas? Falamos mais sobre como investir nesses tempos de inflação baixa neste podcast: