Encarar as taxas de financiamento de automóveis pode trazer uma falsa sensação de bom negócio, afinal, estão entre os juros mais baixos do sistema financeiro nacional. Mas não é bem assim, pelo menos, se comparadas à opção de guardar o dinheiro por conta própria, antecipando o valor economizado para fazer o pagamento do carro à vista.
Conforme o educador financeiro Alfredo Meneghetti Neto, professor de Economia da PUCRS, quem se disciplina a poupar um determinado valor a cada mês pode chegar rapidamente ao preço de um automóvel, de maneira menos custosa. Em vez de pagar juros de empréstimos, o rendimento é que estará correndo a favor do consumidor para alcançar o montante pretendido.
LEIA MAIS sobre finanças, carreira e empreendedorismo
“Quem consegue juntar o dinheiro também pode chegar até a concessionária e negociar um bom desconto pelo pagamento à vista”, ensina Meneghetti.
A estratégia para começar a guardar dinheiro é escolher o modelo de carro desejado e dividir o valor pelo número de meses até a data provável da compra. Se a parcela couber no orçamento, o próximo passo será optar por uma aplicação que aceite depósitos relativamente baixos e não tenha impedimento para o resgate no curto prazo, como a poupança.
O rendimento será o segredo para evitar que a inflação corroa as economias e uma maneira de se blindar contra um eventual aumento no preço do carro até a data da compra.
LEIA TAMBÉM:Mercado vê Selic abaixo de 8% em 2017. Como investir neste cenário?
“Neste planejamento, é importante saber qual o tipo de carro que se pode, efetivamente, comprar, sem que a economia mensal pese em demasia nas finanças da família”, explica Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste Associação de Consumidores.
Uma maneira mais fácil de economizar é por meio de consórcios, com juros mais baixos do que os do financiamento de automóveis. Por outro lado, os consórcios carregam taxas de administração e regras que impedem quem atrasa as cotas de participar dos sorteios.
LEIA TAMBÉM: Investidor usa a avó de 92 anos para operar no mercado financeiro
Levantamento feito pela reportagem com as calculadoras de Proteste, Banco Central e a administradora de consórcios Embracon mostra a distância entre economizar e pagar juros. Quem já tem em mão R$ 10 mil e irá guardar dinheiro ao longo de três anos para comprar à vista um carro popular avaliado em R$ 35 mil terá de fazer uma economia mensal de até R$ 600.
Se a pessoa optar por dar esses R$ 10 mil de entrada e financiar o restante, a parcela será de R$ 1.007,80. E se recorresse a um consórcio com pouco menos de R$ 10 mil para dar um lance, o consumidor teria cotas mensais de R$ 991.