Como esperado pelo mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) cortou novamente a taxa básica de juros. Com a redução de 0,75 p. p. a nova Selic fica em 7,5% ao ano e confirma a guinada de mais risco no mercado financeiro prevista ainda no início de 2017 e abre a porta para uma marca histórica.
A última vez em que os juros nominais ficaram abaixo dos 8% ao ano por um período razoavelmente longo, lembrou o economista-chefe do Santander Mauricio Molan, em relatório ainda na terça-feira (24), foi durante o governo de Getúlio Vargas, no década de 1950.
No relatório, ele vai ainda mais longe. Molan diz que baseado em inflação contida e baixa vulnerabilidade externa, o menor juro em 60 anos, de 6,75% previsto para fevereiro de 2018, deve persistir pelo menos até meados de 2019.
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Olhando para o futuro mais próximo, entre os analistas do Top-5, grupo que mais acerta as projeções no Boletim Focus do Banco Central, a expectativa é de que 2017 termina com uma Selic de 7% ao ano. Ou seja, a última reunião do Copom no ano, em dezembro, deve decidir por um último corte de 0,50 p.p. na taxa básica de juros.
Dado esse cenário, alertam as corretoras, quem ainda não olhou com atenção para os custos de suas aplicações, está atrasado. Essa era a primeira lição de casa recomendada pelos especialistas lá em maio, quando da confirmação de que a queda da taxa básica de juros continuaria apesar dos escândalos políticos. A segunda lição de casa era buscar ativos de mais risco para compor a carteira de investimentos.
Segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), com a nova redução da Selic, a poupança, mesmo com a redução no rendimento acionada quando a taxa básica de juros atingiu os 8% ao ano, renderá mais do que a maioria dos fundos de investimentos com taxa de administração superior a 1%.
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Por outro lado, pelas contas da associação, a caderneta perde para fundos com taxa de administração de até 0,5% ao ano, qualquer que seja o prazo de resgate considerado. Em média, com a Selic a 7,5% ao ano, lembra a entidade, a poupança terá uma rendimento mensal de 0,43% (70% da Selic + TR).
Nesse cenário, em termos práticos, uma aplicação de R$ 10 mil na poupança renderia R$ 525 em um ano. Mas a mesma aplicação em um fundo com taxa de administração de até 0,5% ao ano renderia R$ 566.
Poupança é só parâmetro
Vale lembrar que essa análise vale principalmente para aqueles fundos compostos, em sua maioria, por títulos públicos, e que seu objetivo é não é incentivar os investimentos na poupança, mas chamar a atenção dos investidores para a questão dos custos, mais precisamente, para a taxa de administração dos fundos de renda fixa.
Em qualquer tempo, vale sempre a máxima de descobrir o perfil certo de investimentos (mais conservador, moderado ou arrojado). No geral, os gestores recomendam a aplicação da reserva de emergência, aquela que equivale a seis meses a um ano de salário, em aplicações que, além de um bom rendimento, permitam a retirada do dinheiro a qualquer momento. Neste caso, duas opções são o Tesouro Direto e um fundo DI com taxa de 0,2% ao ano. É uma taxa que não é facilmente encontrada em bancos, mas é ofertada por corretoras independentes.
Para buscar melhores rendimentos, outra dica é buscar os títulos pré-fixados do Tesouro Direto, como o LTN 2023, e também considerar a possibilidade de aplicar parte dos recursos em ativos mais arriscados, como os fundos multimercado, que, nos últimos três anos, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), têm obtido ganhos superiores ao CDI (indicador de referência para esse tipo de ativo).
No caso do Tesouro, o simulador do programa indica que uma aplicação de R$ 1,5 mil nesta quarta-feira (25) no LTN 2023, que oferece 9,52% ao ano, chegaria a R$ 2,4 mil no fim do prazo. A mesma aplicação na poupança, mantida as condições deste dia (com a Selic ainda em 8,25% ao ano), renderia R$ 1,9 mil.
Atenção, #Concurseiros â Prazo para as inscrições no concurso dos Correios foi prorrogado para 5 de novembro. Vejam os detalhes: https://leia.gp/2i7YOxu
Publicado por Vida Financeira e Emprego em Sexta, 20 de outubro de 2017
Embora os fundos multimercado possam ter diferentes composições (papeis de renda fixa, ações, investimentos no exterior, entre outros ativos), eles são indicados para quem já tem um bom conhecimento de renda fixa e quer arriscar um pouco mais ou quem já tem um bom gestor na manga.
À semelhança dos fundos de investimentos mais tradicionais, os multimercado não contam com a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), mas possuem um mecanismo de segurança que os protegem de simplesmente desaparecer: caso a gestora venha a quebrar, esse fundo vai a leilão e vai ser adquirido por outra instituição financeira, o que garantirá sua existência e o patrimônio ali contido. Também como os fundos mais tradicionais, os de multimercado descontam o Imposto de Renda sobre os ganhos a cada semestre.
Como exigem gestores mais ativos e qualificados, em geral, os fundos multimercado têm uma taxa de administração mais cara que os fundos DI, por exemplo. A média da taxa de administração é de cerca de 2% ao ano.
Além disso, é cobrada uma taxa de performance dos gestores, de 20% sobre a diferença entre os rendimentos obtidos e os resultados do CDI no mesmo período. Essa taxa de performance é cobrada depois de todos os descontos, como IR e taxa de administração.