Escolher onde aplicar as economias pode ser uma tarefa ingrata, especialmente diante de um cenário econômico incerto e de juros cada vez mais baixos. Além disso, a falta de conhecimento das opções disponíveis no mercado e do próprio perfil de investidor acabam levando muita gente, principalmente os iniciantes, a optar pelo caminho mais fácil, a tradicional poupança. Mas ainda há alternativas mais interessantes que a velha caderneta para investir, por exemplo, o 13º salário.
Conheça algumas opções de investimentos
Com um valor definido para investir, o próximo passo, como recomendam os especialistas, envolve um pouco de autoconhecimento: é fundamental ter uma ideia do seu perfil de investidor. Iniciantes normalmente partem de um perfil conservador, que não exige muito conhecimento na área. O objetivo, neste caso, normalmente é a geração de uma renda constante, a curto prazo, a partir dos valores investidos.
Mas um investimento de perfil conservador, de valor baixo e com retorno a curto prazo dificilmente proporcionará uma renda muito diferente da oferecida pela poupança. A vantagem, no caso, é mais educativa: pode servir como “porta de entrada” para investimentos mais ousados.
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Também há quem já prefira começar a investir seguindo uma linha mais moderada, correndo um pouco mais de risco. A meta também passa a ser mais ousada: além da renda, o investidor quer gerar ganho de capital, com retorno acima da inflação. Os moderados também não se importam que haja uma certa demora nesse retorno. Dificilmente investidores entram nesse mundo de investimentos com um perfil arrojado, que não se desespera com as variações diárias do mercado.
Intuição é fundamental
Roberto Indech, analista-chefe da Rico Investimentos, sugere que os iniciantes partam de um perfil conservador e, à medida que se familiarizam com o mercado, podem começar a experimentar outras opções. “É um tanto intuitivo. Assim a pessoa vai descobrindo o perfil em que se encaixa melhor”, recomenda.
Opções interessantes mais seguras, lembra Indech, passam pelo Tesouro Direto, que é baseado na Taxa Selic, CDB’s e alguns fundos de investimento já voltados para perfis conservadores. Já fundos multimercado, por exemplo, exigem um perfil moderado e um conhecimento mais aprofundado na área.
Ferramentas
O economista lembra que há ferramentas disponíveis na internet que ajudam os investidores iniciantes a descobrirem o seu perfil. Uma delas está no próprio site do Tesouro Direto: o usuário define seus objetivos — que podem ser desde a aposentadoria até uma viagem de férias, por exemplo —, seus prazos e alguns outros detalhes para, em alguns segundos, ter acesso às melhores sugestões para alcançá-los.
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Os bancos e corretoras como a Rico também disponibilizam em seus sites plataformas confiáveis para se simular investimentos. Outro bom ponto de partida são sites voltados à educação financeira, como o Dinheirama, que fazem o mesmo trabalho de uma forma mais didática.
Com uma ideia do perfil é possível partir para a pesquisa das opções. Mas a escolha sempre deve levar em conta uma regra: nunca investir em produtos que você não entende. É importante, ainda, estar atento às taxas de administração cobradas pelas corretoras. Elas podem influenciar bastante na rentabilidade do seu investimento.
Juros e diversificação
No cenário atual, com juros que devem começar o ano que vem em 7% ou 7,5% (há um ano, a taxa era o dobro disso), os investidores iniciantes correm pouco risco mas também não ganham muito além da inflação. No entanto, os analistas não veem essa taxa com desânimo. “Há alternativas, independentemente do perfil do investidor, mesmo sendo conservador ou moderado”, explica Indech.
“Um mercado com juros baixos abre novas portas e surgem oportunidades, se viabilizam negócios, ativos de risco se tornam mais interessantes e uma carteira bem diversificada é fundamental para aproveitar esse momento”, ressalta um relatório recente da consultora Inversa, focada em investimentos não convencionais.
A recomendação dos economistas, a partir desse cenário, é partir para a diversificação. Assim, ativos alocados em opções mais conservadoras garantem uma boa segurança e trabalham para que valores aplicados em fundos mais ousados possam ser mantidos por lá sem gerar grandes preocupações com a volatilidade do mercado.
Pré ou pós
Entre as opções conservadoras estão títulos pré-fixados, nos quais já se sabe qual será a taxa de retorno no vencimento. Caso os juros caiam ainda mais, por exemplo, o rendimento não será afetado. Já os pós-fixados que seguem a Selic podem render menos, mas servem como reserva de emergência. Outra parte dos valores pode ficar em fundos indexados à inflação.
Já na renda variável, opções interessantes são os Fundos de Índice, baseados em ações e Fundos Imobiliários (cujo rendimento mensal é isento de imposto de renda). A Inversa sugere até que parte dos investimentos seja alocada em fundos cambiais e de ouro. Eles lembram que o dólar costuma valorizar frente ao real em cenários inesperados no país. Já os metais trazem segurança para o caso de problemas na economia global.
Automático
Na dúvida, para o dinheiro não ficar parado, vale ao menos verificar com o banco uma alocação automática de valores na poupança. De olho em quem não tem grandes valores para investir mas também espera que o dinheiro na conta renda mais que a poupança, as financeiras começam a oferecer novas opções aos clientes.
Em outubro, por exemplo, o Nubank, conhecida marca de cartões de crédito, lançou um serviço de conta digital que, entre as inovações, pretende remover a barreira do mercado de investimentos para os clientes. Assim que qualquer valor entra na conta, ele é aplicado automaticamente com rendimentos que a fintech promete ser superiores à poupança e ao CDB.
O caminho das pedras
Veja o passo a passo de como escolher onde investir seu 13º:
1. Descubra o seu perfil de investidor
- Conservador (indicado também aos iniciantes)
- Moderado (para quem já tem algum conhecimento)
- Agressivo (não recomendado a quem está começando)
2. Defina o quanto você pode investir
- Fundos mais rentáveis costumam exigir aportes iniciais mais altos
- Valores mais baixos não rendem muito, mas podem servir como exercício para começar a investir
3. Determine o tempo que você pode deixar o valor investido
- Quanto menor o tempo, menor vai ser a diferença de rentabilidade em relação à poupança, por exemplo
4. Pesquise e compare as taxas cobradas pelos bancos e corretoras
Cada banco e corretora devem informar as taxas em seus sites. No caso do Tesouro Direto as taxas estão todas no site do Programa
Conheça algumas opções de investimentos:
Tesouro Direto: É um programa do Tesouro Nacional para venda de títulos públicos federais para pessoas físicas. Ao comprar um título público, você empresta dinheiro ao governo em troca de uma remuneração por este empréstimo no futuro. Essa taxa pode ser definida na hora do empréstimo (pré-fixada), ligada à variação da inflação ou à taxa de juros básica da economia (a famosa Selic).
CDB: Nesse caso você empresta seu dinheiro ao banco, que antes de devolver os valores com juros os utiliza para suas atividades de crédito, ou seja, fazer empréstimos a outros clientes a juros maiores. As taxas costumam acompanhar a Selic.
Fundos de renda fixa: Destinada a investidores iniciantes ou conservadores, mescla diversos ativos em uma cota. Os títulos podem ser públicos e privados, pré ou pós-fixados e seguindo diferentes taxas, como a Selic ou o IPCA, por exemplo. O gestor do fundo cuida de tudo para você, mas também cobra uma taxa de administração por isso — se muito alta, acima de 1,3%, pode tornar a rentabilidade nada atrativa.
Fundos multimercado: Categoria mais voltada a investidores moderados ou agressivos, mescla aplicações de vários mercados, como renda fixa, ações, câmbio, entre outros. É uma opção simples e prática para quem busca diversificar investimentos. Antes de investir é sempre importante consultar o prospecto do fundo, por isso exige certo conhecimento na área.