Depois de cinco anos de preparação, a paranaense Ouro Verde deu um passo decisivo para abrir seu capital e lançar ações em bolsa de valores. A empresa, locadora de equipamentos pesados e veículos, pediu registro de companhia aberta à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no início da semana.
A Ouro Verde fará uma oferta primária (emissão de ações) e uma secundária, na qual Celso Antônio Frare, fundador e principal acionista, venderá parte de suas ações. Apesar disso, Frare deve continuar no controle da companhia após a conclusão da oferta.
Não há informações sobre o cronograma do IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) nem sobre os valores que a Ouro Verde pretende arrecadar. Segundo fonte anônima citada pelo jornal Valor Econômico, a operação deve movimentar algo entre US$ 300 milhões e US$ 500 milhões. A empresa está em período de silêncio e não se pronuncia sobre o negócio.
Em entrevista à Gazeta do Povo no ano passado, o diretor-superintendente da Ouro Verde, Karlis Kruklis, disse que o plano da empresa era negociar um terço de seu capital na Bovespa, e que a data da abertura de capital, em 2013 ou 2014, dependeria principalmente do humor do mercado de ações. Que não é dos melhores: no mês passado, a Votorantim Cimentos cancelou sua oferta pública por causa da pouca demanda.
Crescimento
No prospecto enviado à CVM, a Ouro Verde informa que 77% dos recursos captados na oferta primária serão destinados ao seu crescimento orgânico, e os 23% restantes vão reforçar o capital de giro.
No documento, a companhia afirma que foi a locadora de máquinas e veículos "que mais cresceu desde 2009 em termos de receita de serviços e resultado operacional", em comparação com as três concorrentes que já têm capital aberto (Localiza, Locamérica e Mills). A empresa também destaca que sua receita tem "elevado grau de previsibilidade devido ao longo prazo dos contratos", que têm de dois a sete anos de duração.
Receitas
Após vários anos crescendo a taxas de mais de 30%, a receita operacional da Ouro Verde encerrou 2012 em R$ 516 milhões. No primeiro semestre deste ano, o faturamento cresceu 24%, para R$ 289 milhões. O lucro líquido apurado no período foi de R$ 37 milhões, bem superior ao da primeira metade de 2012 (R$ 8 milhões).
O endividamento bruto da locadora no fim de junho somava R$ 1,3 bilhão, do qual 70% correspondiam a dívidas de longo prazo. Descontando os recursos em caixa, aplicações financeiras e contas a receber, o endividamento líquido era de R$ 876 milhões. O patrimônio líquido, por sua vez, encerrou o primeiro semestre em R$ 161 milhões.