São Paulo (AE) O mercado de usados, que negocia mais de 8 milhões de carros e comerciais leves por ano, ganha novos competidores com a entrada nesse ramo, cada vez mais ostensiva, das empresas de locação. Na próxima semana, a Master Rental, uma das cinco maiores locadoras de veículos do país, inaugura uma megaloja de seminovos na capital paulista para desovar modelos da frota. As facilidades aos clientes são similares às oferecidas pelas revendas autorizadas das montadoras, como oficina de serviços, prazos longos de financiamento e garantia.
Das principais locadoras brasileiras, só a Hertz não tem loja própria, mas em breve vai atuar no segmento. O grupo Localiza, líder do ramo, já tem mais de 50% de sua receita com a venda de carros usados, frente a 20% há cinco anos. "Vamos seguir a receita", admite Valéria Bueno, diretora da Master Seminovos, que investiu R$ 3,2 milhões na loja de São Paulo. Essa nova categoria de concorrência ainda não mudou significativamente o mercado de carros usados, mas já assusta lojistas independentes e até as concessionárias, que recentemente perceberam que o lucro com os seminovos é maior que o da venda de modelos zero quilômetro.
Desvio
"As locadoras estão desvirtuando seus negócios, pois algumas têm receita maior com a venda de carros do que com o aluguel", diz o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave), Hugo Maia. Segundo ele, as empresas conseguem negociar "descontos anormais" com as montadoras e renovam a frota constantemente, jogando para o varejo carros com seis meses a um ano de uso a preços atraentes. Por serem classificados como patrimônio, esses veículos não pagam, por exemplo, Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Para o presidente da Associação dos Revendedores de Veículos no Estado de São Paulo (Assovesp), George Chahade, o público das locadoras "não faz muita questão de qualidade, mas de preços, pois normalmente os carros têm alta quilometragem e não se sabe por quantas pessoas foram usados e de que forma."
Já Vitor Meizicas Filho, da consultoria Molicar, vê no negócio das locadoras uma evolução natural para girar mais rapidamente o dinheiro investido na frota, e acha que essas lojas estão mudando a concepção de que carro de locação está destruído. "Antes, o mercado escondia quando o veículo era de locadora e eles acabavam sendo vendidos em lotes, com grande depreciação". Agora, diz ele, as lojas dão garantia de procedência.
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