A poucos meses de iniciar a produção do Logan em sua fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná, a Renault anunciou ontem investimentos da ordem de US$ 150 milhões (R$ 312 milhões) na Rússia, para dobrar a capacidade de produção do mesmo carro, das atuais 80 mil para 160 mil unidades ao ano. A montadora justifica o aporte na fábrica Avtoframos, em Moscou, pelo sucesso alcançado pelo Logan no leste europeu, sobretudo no mercado russo. Desde 2005 foram vendidas 56 mil unidades do modelo naquele país.
Já a linha de montagem do Logan na Região Metropolitana de Curitiba deve entrar em funcionamento até meados do ano, e é a expectativa da Renault para fazer a operação brasileira dar certo já que ela tem acumulado prejuízos desde seu lançamento, na década passada. Nos últimos meses do ano passado, a empresa anunciou a contratação de 650 pessoas ao longo de 2007 ano e investimentos de US$ 360 milhões o dobro do que será investido na unidade de Moscou até 2009 no Brasil. "Ela [a Renault] está com um problema sério no Brasil. Mas o Carlos Ghosn, quando assumiu, deixou claro que o Brasil seria uma das prioridades, porque a situação aqui não está sendo o que os franceses esperavam", destaca o sócio e consultor da Tendências, Olivier Girard, em relação à declaração do presidente mundial da Renault/Nissan, o brasileiro Carlos Ghosn, quando assumiu o cargo em 2005.
Para o consultor, os investimentos na Rússia não devem ser motivo de preocupação para a fábrica brasileira. "A fábrica do leste europeu atende ao leste da Europa e à Rússia. Uma fábrica lá não deve atender ao mercado sul-americano, mesmo porque os custos de frete seriam inviáveis", avalia Girard. Já o sucesso mundial do sedã pode ser sinal de que o modelo será bem aceito aqui no Brasil. Somente no primeiro 1,5 ano após seu lançamento, em setembro de 2004, foram vendidas cerca de 260 mil unidades do modelo. Além da Rússia, o carro também é produzido na Romênia (até o momento a principal unidade de produção do Logan), no Marrocos e na Colômbia, e em breve, além do Brasil, Irã e Índia também vão fabricá-lo.
Em 2006, a Renault vendeu 51.557 unidades no Brasil, um acréscimo de 8,5% na comparação com o ano anterior avanço, contudo, inferior ao mercado nacional de automóveis, que teve expansão de 12,6% no ano, o segundo melho da indústria automobilística nacional. Parte dos resultados da operação brasileira da Renault no ano passado se deve ao lançamento dos modelos Megane e Megane Grand Tour. Este ano, além do Logan, a fábrica Ayrton Senna, em São José dos Pinhais, deve também produzir outros dois modelos da mesma plataforma.
E é exatamente para a produção de "outros modelos do programa Logan" na Rússia que a montadora anunciou os investimentos na unidade de Moscou, de acordo com a nota divulgada pela assessoria de imprensa da Renault. "A decisão marca uma nova fase do desenvolvimento da empresa na Rússia, que começou com a abertura de uma susbsidiária em 1998, seguida pelo início da produção do Logan em abril de 2005, cujo investimento inicial foi de US$ 250 milhões", informa o texto.
A ampliação da fábrica Avtoframos é possível graças a um acordo de intenções assinado com a prefeitura de Moscou, que será responsável pelo terreno e obras de construção. O início da produção da parte nova é previsto para meados de 2009.