Mão de obra
Qualificação retarda início do 3º turno
A baixa qualificação dos trabalhadores tem sido o maior obstáculo para a Renault implantar o terceiro turno na fábrica de São José dos Pinhais. Apesar de o vice-presidente da Renault do Brasil, Alain Tissier, confirmar a intenção da montadora de abrir o novo turno, a mão de obra disponível no mercado estaria forçando um adiamento do projeto. "O Brasil e o Paraná têm um problema sério. É difícil encontrar pessoas qualificadas."
O caminho encontrado pela empresa tem sido contratar pessoal e treiná-lo. "Estamos na fase intermediária do processo. Mas ainda não está marcada a data da entrada em operação do novo turno", diz Tissier. Desde sua inauguração, no fim de 1998, a fábrica de São José dos Pinhais nunca funcionou em três turnos.
Em dezembro, o presidente da companhia no país, Jean-Michel Jalinier, já havia sinalizado a intenção de contratar até mil trabalhadores para o terceiro turno. Hoje a montadora emprega cerca de 3,5 mil pessoas nas linhas de produção do Complexo Ayrton Senna e outras 1,5 mil nas áreas de engenharia e administrativas, divididas entre Paraná e São Paulo.
Os recorrentes problemas de logística e infraestrutura do Porto de Paranaguá são os motivos que levaram a Renault/Nissan a transferir, em fevereiro, parte de suas importações de automóveis para o Porto de Vitória, no Espírito Santo. A afirmação é do vice-presidente da Renault do Brasil, Alain Tissier. "Do ponto de vista logístico, é impossível operar em Paranaguá. Quando um navio não consegue descarregar, o custo do processo aumenta", disse Tissier, em entrevista à Gazeta do Povo. "Essa não é uma medida contra o Paraná, mas uma medida para facilitar para a montadora."
A notícia da transferência havia sido publicada pela Gazeta em 24 de fevereiro. Na ocasião, embora tenha confirmado as operações em Vitória, a montadora não revelou o motivo da mudança. Apesar do forte expansão das vendas no mercado nacional nos últimos anos, a Renault não cogita realizar importação por um terceiro porto.
Outra razão ainda que menos importante que a facilidade logística, segundo Tissier para importar pelo Espírito Santo são os incentivos fiscais oferecidos pelo porto capixaba, como os do Fundo para o Desenvolvimento das Atividades Portuárias (Fundap), criado na década de 70 e que visa promover as importações e exportações pelo terminal. De acordo com o vice-presidente da Renault, o governo paranaense precisa rever seus incentivos se quiser continuar atraindo empresas. "Não é entrar em leilão. Mas Paranaguá tem que se colocar em um nível competitivo", afirma.
Retorno possível
Com a transferência parcial para Vitória, a empresa dará mais agilidade ao transporte de veículos até a rede de concessionárias das regiões Norte e Nordeste do país. Mas, segundo Alain Tissier, a Renault pode voltar a importar a totalidade dos seus produtos por Paranaguá, caso o porto volte a funcionar bem. O executivo conta que, com a posse de Beto Richa, a Renault conseguiu abrir um canal de comunicação com o governo estadual. "Tivemos algumas conversas positivas com o governador. Se o Porto de Paranaguá tiver uma gestão mais otimizada e investimentos portuários, daria para voltar", diz Tissier. A importação de peças que abastecem a fábrica de São José dos Pinhais (região metropolitana de Curitiba) continua sendo feita pelo porto paranaense.
Em 2010, a Renault vendeu 42,6 mil veículos importados no mercado brasileiro entre automóveis e comerciais leves 300% mais que em 2009. A Nissan incrementou em 52% a venda de importados, para 14,3 mil unidades.
Japão
Apesar de 20% das peças que abastecem a indústria mundial de automóveis serem produzidas no Japão, a tragédia no país asiático não deve afetar a produção na Renault. A empresa diz não ter identificado nenhum problema no abastecimento. "Ninguém pode dizer que não recebe peças de lá. Mas não deixamos de produzir nenhum carro em razão dos problemas no Japão", afirma Tissier. Segundo ele, atualmente 83% dos componentes comprados pela marca são fornecidos por empresas brasileiras.
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