Preços menores, boa avaliação dos usados, feirões, juro zero, prazo para pagar a primeira parcela e presentes. Vale tudo para atrair aquele consumidor que só estava esperando o 13.º salário hoje é a data-limite para o depósito da primeira parcela e a proximidade das férias para trocar de carro. Luís Antonio Sebben, diretor no Paraná da Fenabrave, federação que reúne as concessionárias, diz que neste fim de ano os preços dos carros estão até 4% menores do que no ano passado em função do esforço das marcas para não perder participação de mercado devido à concorrência.
Foi o bom valor pago pelo seu Volkswagen Polo usado que convenceu a médica Isis Scomação a trocar de carro. Ela fechou o negócio há duas semanas e esteve ontem na concessionária Servopa para buscar o carro novo, um Volkswagen Fox. "Apareceu uma boa oportunidade e eu resolvi trocar", conta ela.
A autônoma Eunice Torres da Rocha ainda está na fase de pesquisas. Ela quer trocar o Fiat Tempra por outro modelo e decidiu aproveitar as promoções de fim de ano para fazer a negociação. "Vi alguns carros, mas ainda estou namorando", diz. Ela afirma que ficou surpresa com os preços dos usados, que estão muito próximos do valor dos novos.
Isis não recorreu ao financiamento e Eunice ainda não decidiu de que forma vai fechar negócio. Mas, segundo Sebben, muitos consumidores estão parcelando o valor a ser pago porque as taxas de juros cobradas pelos bancos voltaram a ser atraentes. Ele lembra que houve um pequeno aumento nas taxas no decorrer deste ano, mas que as instituições financeiras voltaram a oferecer dinheiro "assim que perceberam que não havia risco de inadimplência".
Como as vendas estão em alta desde o início de novembro, os gerentes das concessionárias alertam que o comprador pode não encontrar o carro na cor ou na configuração desejada. Na Ford Center, o estoque de veículos para o fim do ano ainda está equilibrado, diz o gerente de veículos novos, Ivan Corsato. Mas, segundo ele, alguns modelos estão em falta, como o utilitário esportivo Edge, cujos interessados estão esperando mais de 120 dias para receber o veículo. Para outros modelos, já começam a faltar algumas cores e versões.
Essa redução nas opções para o cliente também está sendo prevista para dezembro na Fórmula Renault. O gerente de Vendas, Marcelo Oliveira, cita o exemplo do Duster, lançamento da marca francesa, que já está com fila de espera de 60 dias para a motorização 1.6 litro.
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Vendas subiram 10% na primeira quinzena
A venda de automóveis no Brasil voltou a crescer em novembro. Em outubro, havia uma preocupação das montadoras com os estoques altos nos pátios. Mas, neste mês, os emplacamentos cresceram: na primeira quizena, as vendas subiram 10% sobre os primeiros quinze dias de outubro e 1,2% em relação a igual à primeira metade de novembro de 2010, segundo a Fenabrave.
Flávio Meneghetti, vice-presidente da federação para o segmento de automóveis, diz que estoques maiores em novembro não são preocupantes. Segundo ele, nesta época as fábricas costumam se preparar para as vendas de fim de ano e para os períodos de férias coletivas em dezembro e janeiro. Ele garante que não há excesso de oferta e que o que está sendo produzido vai ser consumido, já que a expectativa é fechar o ano com um crescimento de 5% nas vendas.
O mesmo porcentual de aumento está sendo projetado para 2012, podendo chegar a 6%, segundo os participantes do 21.º Congresso Fenabrave, realizado na semana passada em São Paulo. "Acredito que o crescimento de 5% a 6% é perfeitamente factível no ano que vem", disse o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, sócio da Tendências Consultoria. Para ele, as medidas baixadas pelo Banco Central nos últimos meses a redução da taxa básica de juros, que tende a ser reforçada na reunião de hoje do Comitê de Política Monetária, e o afrouxamento das restrições ao crédito que haviam sido determinadas no fim de 2010 deverão garantir o avanço do mercado nacional.
Colaborou João Pedro Schonarth