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São Paulo - A loja de móveis e artigos de decoração de luxo da empresária mineira Tania Bulhões, localizada em um dos endereços mais nobres de São Paulo, foi alvo de uma operação do Ministério Público Federal, da Receita Federal e da Polícia Federal, por suspeita de participar de esquema de importação fraudulenta.

Auditores fiscais e policiais federais constataram que, entre 2004 e 2006, a loja importava mercadorias da Europa e vendia para o Brasil por meio de duas empresas localizadas em um mesmo endereço em Miami, nos Estados Unidos, com a intenção de driblar o pagamento de impostos – como Imposto de Importação, IPI e ICMS.

Em vez de importar a mercadoria diretamente da Europa e ser a responsável pelo recolhimento de impostos, a loja fazia operações fictícias de compra e venda, utilizando as duas empresas em Miami e uma trading do Espírito Santo para trazer os produtos com preços subfaturados em até 70%.

Entre os produtos vendidos no Brasil, estão cadeiras por R$ 3 mil, cômodas por R$ 13 mil e jogos de jantar por R$ 30 mil.

O esquema de importação irregular é semelhante ao identificado na operação Narciso, que teve como alvo outra butique de luxo paulistana, a Daslu.

Apreensões

Trinta fiscais da Receita Federal e 40 policiais federais que participaram ontem da operação apreenderam R$ 600 mil em dinheiro e R$ 1,5 milhão em cheques no cofre da loja. Ninguém foi preso na ação. Também apreenderam uma Mercedes Benz F500 blindada, no valor de aproximadamente R$ 500 mil. A suspeita é que o carro foi comprado com o dinheiro da fraude. Durante a ação, batizada de Porto Europa, foi constatado que a loja vendeu produtos sem emitir nota fiscal.

No esquema para importar artigos de luxo, as investigações identificaram que os fornecedores reais eram pagos pelo sistema de remessa de dinheiro conhecido como dólar-cabo. Nele, um doleiro recebe dinheiro numa conta no exterior e coloca à disposição o mesmo valor no Brasil, em troca de uma comissão.

Os envolvidos no caso, segundo a PF, são suspeitos de cometer crimes de descaminho (importação de mercadoria sem passar pela alfândega), sonegação fiscal, falsidade ideológica, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

No ano passado, o faturamento das lojas Tania Bulhões, com produtos para casa e perfumes, foi de R$ 70 milhões.

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