Empréstimo
O "empréstimo do nome" operação em que um consumidor sem histórico de mau pagador assume uma dívida em lugar de um parente ou amigo com cadastro negativo é o terceiro motivo no ranking das razões que levam consumidores às listas de inadimplentes. Ao todo, 16% dos registros ocorrem em situações desse gênero, de acordo com o SCPC.
Fuja das dívidas
Confira algumas dicas dos especialistas em finanças pessoais para quem está com problemas financeiros:
Registre todos os gastos efetuados pela família e confronte-os com a receita média mensal. Faça um inventário das suas dívidas. Veja para quem deve, quanto deve, qual a maior dívida e qual é corrigida pelos juros mais altos. Priorize o pagamento das dívidas maiores e mais caras, como cartão de crédito e cheque especial;
O ideal é tentar negociar um desconto sobre o valor do débito e pagar à vista. Se não puder, verifique se o valor da parcela da renegociação caberá no orçamento. Especialistas também recomendam negociar um abatimento dos juros da dívida;
Se você costuma comprar mais do que ganha, é preciso mudar seu padrão de consumo, o que, para muitos especialistas, é a etapa mais difícil, porque implica uma mudança de hábito. Exige disciplina e reavaliação de prioridades. O ideal é que o comprometimento com pagamento de dívidas não supere os 30% a 40% da renda;
Se mesmo com a renegociação as dívidas não baixaram a esse limite, talvez seja o caso de adotar medidas mais drásticas como a devolução do bem financiado, como o caso do automóvel. Elimine gastos supérfluos, como cinema, jantares fora de casa e compra de bens de consumo;
Uma forma de evitar problemas é manter uma reserva financeira para eventuais imprevistos, como perda de emprego e gastos extras. Recomenda-se que se tenha uma economia equivalente de quatro a seis meses de gastos mensais, que é o tempo médio de recolocação.
A inadimplência do consumidor disparou em 2012 e atingiu o maior pico desde junho de 2009. Quem atrasou as contas no fim do mês, no entanto, terá mais uma chance para "limpar" o nome no fim do ano. Com a proximidade do Natal, comércio e bancos abriram a temporada de negociações com clientes endividados.
O objetivo é fazer com que o comprador aproveite o dinheiro extra do 13.º salário e da restituição do Imposto de Renda para recuperar crédito e voltar a comprar no fim do ano.
Neste ano, a expectativa é de que haja um esforço maior de empresas e instituições financeiras que em anos anteriores. Estão previstos mutirões de renegociação para facilitar o acordo entre empresa e clientes. A Serasa Experian lançou, pela primeira vez, um mutirão de negociação em julho deste ano em São Paulo e prevê mais quatro até o fim do ano. Em Curitiba, ele ocorrerá entre 27 e 30 de outubro. Nesta semana, a empresa terá também um serviço de negociação de dívidas pela internet, que deve atender 10 milhões de pessoas até o fim do ano.
A Boa Vista, administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), vai realizar 12 mutirões em todo o Brasil em outubro e novembro. Segundo o presidente da empresa, Dorival Dourado, há uma tendência de o brasileiro regularizar sua situação de crédito próximo de datas festivas, como Dia das Mães e Natal.
A inadimplência vem subindo praticamente sem trégua desde o início do ano passado. O calote de pessoa física em agosto ficou em 7,9%, segundo o Banco Central. Os atrasos acima de 90 dias ainda estão acima da média. Em operações como do cheque especial ela alcançou 12,2% e do cartão de crédito, 28,43%. No financiamento de automóveis, ela está em 5,9%, o mais alto patamar desde novembro de 2009.
"O Brasil está vivendo um ciclo de alta de inadimplência. Ao contrário do que ocorreu nas ocasiões anteriores, agora ele foi provocado pelo crescimento do endividamento e não por uma crise de desemprego", diz Luiz Rabi, economista da Serasa Experian.
O volume de cadastros negativados na Serasa aumentou 21,5% em 2011 e deve crescer 15% em 2012. Ao contrário do Banco Central, que considera como inadimplência os atrasos acima de 90 dias, a Serasa leva em conta o calote a partir do registro do CPF do cliente pela empresa, que em geral se dá 10 dias depois do envio da notificação do atraso.
Mas, segundo Rabi, o ciclo de alta durou até meados deste ano e a tendência, agora, é de queda. O volume de novos registros na empresa vem caindo há três meses. A Serasa prevê que o índice de inadimplência acima de 90 dias deve recuar para 7,5% até o fim do ano e para 7% em 2013.
OrigensDesemprego e descontrole são principais causas de inadimplência
Um levantamento da Boa Vista, administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), mostrou que o desemprego, com 34%, e o descontrole das contas, 29%, são as principais razões apontadas pelos inadimplentes pelos atrasos nas contas. Em terceiro lugar (16%) vem o "empréstimo do nome" para terceiros.
A pesquisa, que ouviu 1,3 mil pessoas, revelou ainda que, ao contrário do que se podia esperar, o descontrole na administração das contas é maior entre os que têm mais dinheiro. Para as classes A (42%) e B (32%) essa é a principal causa do calote. Já para as classes D e E, a perda do emprego é o principal motivo (40%).
Segundo Dorival Dourado, presidente da Boa Vista, um conjunto de fatores ajuda a explicar porque o Brasil vive hoje uma crise de inadimplência. Nos últimos cinco anos, 35 milhões de pessoas entraram no mercado de consumo. Com um cenário de estabilidade monetária, aumento do emprego e da renda e queda na taxa de juros, os bancos e financeiras inundaram o mercado com empréstimos e financiamentos.
A proporção do crédito sobre o Produto Interno Bruto (PIB) passou de 24% em 2003 para 51% agosto de 2012, ou R$ 2,211 trilhões. O endividamento sobre a renda das famílias passou de 18,2% em 2005 para 44,2% neste ano. E o comprometimento da renda com amortizações passou de 15% para 22,4% na mesma base de comparação. Muitas famílias se descontrolaram com tanto crédito, que em alguns casos foi confundido com renda, lembra Fábio Tadeu Araújo, professor de economia da PUCPR.
Para Dourado, a tendência é que a inadimplência desacelere para níveis próximos de 2011, mas ela ainda exige atenção. A projeção do departamento econômico da entidade é de que a inadimplência recue para algo próximo de 7,4% no fim do ano. Araújo, da PUCPR, acredita que a queda mais expressiva só deve ser sentida no fim de 2013.
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