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O excesso de pudor afasta as mulheres das sex shops da cidade. Ainda assim, apesar da timidez, o mulherio quer comprar apetrechos sexuais. É um dilema que algumas lojas femininas começaram a resolver. Para isso, criaram espaços - reservadíssimos - que garantem discrição e dão a coragem que faltava às moças que desejam consumir para seduzir.

A primeira a lançar a moda no Rio foi a Clube Chocolate, no Fashion Mall. Há dois anos, a loja voltada para a classe alta abriu seu Clube das Meninas, onde homem não entra. Tem lingeries de luxo, livros de sensualidade, cremes relaxantes e, claro, vibradores.

- Nem usamos o termo sex shop . Somos, na verdade, uma sensual shop - diz Duda Pereira, diretora de Marketing da Clube Chocolate.

Há um ano, foi a vez de a empresária Simone Wolff notar a vergonha e o desejo das mulheres em tocar no assunto. Criou, então, a Veronique, que à primeira vista é apenas mais uma loja de lingerie sensual. Ledo engano. Ao entrar na loja de Ipanema, lá está um espaço cheio de vibradores, lubrificantes e fantasias - um cantinho que atrai pela curiosidade que ainda cerca o tema para muitas mulheres.

- Notamos que havia demanda para uma sex shop , mas a forma de chegar à mulher estava errada, já que ela se sente constrangida numa loja dessas. Numa loja feminina, ela fica à vontade, pois deixa de lado o conceito de que sex shop foi feita para homens ou homossexuais. E os produtos, como os vibradores, são pensados para ela - diz Simone.

A idéia de Simone agradou à Folic, que fechou parceria com a marca. Desde 1 de junho, a filial do Centro tem uma Veronique. Num espaço de 40 metros quadrados, a sex shop traz uma pitada de ousadia à moda certinha da Folic.

E ainda dá acesso para quem nunca pôs os pés numa sex shop , ou não ia a uma há muito tempo. Um exemplo é a funcionária pública Pauliane Oliveira, que, após muitos anos sem pisar numa sex shop , não só foi até o point do pecado da Folic com as amigas como levou um presentinho para o marido:

- A mulherada fica constrangida em lojas de rua. Disfarçadinha, uma sex shop fica bem mais acessível.

Cecilia Matoso, especialista em varejo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), aprova a iniciativa das lojas. E acredita que a resposta vem no resultado das vendas.

- As mulheres aprovam o produto, mas não o canal. Uma sex shop traz a idéia de pornografia, de ser um lugar para homem... Além da preocupação: "O que vão achar de mim?". Com essas mudanças, as lojas vão aproveitar essa demanda reprimidíssima. Até porque muitas mulheres ainda podem considerar um vídeo ou um objeto uma compra de impulso. Uma desculpa, claro, que rende lucros para as lojas.

Não foi à toa, portanto, que o Rio Design Café, no Rio Design Barra, montou um canto para que as mulheres comprem acessórios para apimentar a relação sexual. No segundo andar da lojinha, o espaço foi aberto há um mês e a entrada de homens é vetada. Detalhe: numa pesquisa feita pelo shopping, as consumidoras pediram uma sex shop .

- Como há muito tabu sobre esse segmento, resolvemos optar pela discrição. Se não fosse assim, as mulheres olhariam para os lados para ver se alguém havia reparado onde entravam. Mas, sem dúvida, é um avanço contra o preconceito que vem da própria mulher - disse Carlos Martins, gerente geral do shopping.

E, para não perder a clientela, até as sex shops tradicionais se adaptam aos novos tempos. A A2, há dez anos na estrada, abriu, há pouco mais de um ano, uma filial especialmente para mulheres. Não é loja de rua nem está em um shopping: fica escondida num prédio da Rua Visconde de Pirajá, em Ipanema.

Trata-se da A2Ela, específica para o sexo frágil. Para quebrar a timidez das clientes de primeira viagem, a gerente da loja, Karen Ferreira, faz questão de mostrar como funciona cada apetrecho.

- Não é somente um lugar exclusivo. É um lugar para elas: da decoração aos produtos, passando pelo atendimento. Há sensualidade com uma delicadeza no ar - disse Karine Furtado, dona da loja.

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