A Copel manteve em 2005 a tendência de recuperação em seus balanços e obteve um lucro líquido de R$ 502 milhões, 34,3% maior do que o registrado em 2004 (R$ 374 milhões). Foi o terceiro aumento no resultado da empresa desde 2002, quando teve um prejuízo acima de R$ 300 milhões. A rentabilidade da companhia foi impulsionada pela combinação do aumento de receita com tarifas e o saneamento de contratos que engessavam parte do faturamento.

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O balanço da Copel divulgado ontem mostra que a empresa conseguiu equilibrar os descontos no preço final ao consumidor (hoje eles são, em média, de 6,8% para quem paga em dia) com o aumento de custos provocado pelo início da comercialização da energia nos leilões promovidos pela Câmara de Comércio de Energia Elétrica (CCEE). A receita bruta da companhia passou de R$ 5,5 bilhões, em 2004, para R$ 6,8 bilhões, em 2005, um aumento de 22,9%. As despesas operacionais cresceram 21,4%, chegando a R$ 4 bilhões.

Mesmo com esse equilíbrio, a direção da Copel prevê que o desconto será reduzido nos próximos meses. Em julho sai o reajuste para 2006 e até lá será negociado com o governo do estado um porcentual menor para o abatimento nas contas pagas em dia. "O desconto não teve influência grande no resultado da Copel, porque as revisões contratuais envolviam valores maiores. A tendência agora é o índice cair", diz o presidente da companhia, Rubens Ghilardi.

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O fim do desconto é esperado pelo mercado acionário porque pode elevar em R$ 290 milhões o faturamento da Copel. A empresa, porém, argumenta que após a medida houve uma queda na inadimplência – de 5,4% para menos de 2% – e que o consumo foi incentivado pelo preço mais baixo. A demanda dos clientes da Copel subiu 3,6%, de 18 mil GWh, em 2004, para 18,6 mil GWh no ano passado.

O resultado de 2005 também foi influenciado pela negociação em torno do funcionamento da termelétrica UEG, instalada em Araucária. A partir de junho do ano passado, a Copel deixou de reservar recursos para pagar a compra de gás natural para abastecer a usina. Com isso, a provisão para a despesa com o combustível caiu de R$ 278 milhões, em 2004, para R$ 140 milhões, em 2005. Esses recursos não foram desembolsados pela companhia, pois o débito foi reduzido para R$ 150 milhões a serem pagos a partir de 2010, e devem ser usados em outras áreas.

Com um resultado mais robusto em seu balanço, a Copel reforçou o caixa para elevar seus investimentos. A previsão é que sejam aplicados R$ 494 milhões em projetos de melhoria da rede de distribuição e transmissão, além de R$ 59 milhões em geração, telecomunicações e nas subsidiárias. Em 2004, essas áreas receberam um volume de recursos 30% menor (R$ 437 milhões). Além disso, devem ser gastos mais R$ 400 milhões para a aquisição da participação da El Paso na usina UEG.

A Copel estuda ainda a participação em novos empreendimentos de geração no Paraná. Pelo menos três usinas, cujas licenças ainda serão leiloadas, interessam à estatal. É provável que ela entre como sócia majoritária nas concorrências, em parceria com a Eletrosul. "Para esses projetos ainda teremos de encontrar uma forma de financiamento", afirma Ghilardi.

Dívidas

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Nos próximos meses, a Copel avaliará as melhores soluções para continuar o processo de alongamento de sua dívida, iniciado no ano passado com a emissão de R$ 400 milhões de debêntures (empréstimos de longo prazo que têm como garantia um título da companhia) para quitar um débito de US$ 150 milhões em bônus. Entre março e abril de 2007 vencerão outros R$ 800 milhões.

Para fazer a rolagem desse valor, a empresa tenta obter um empréstimo de longo prazo conhecido como "AB Loan" junto a uma instituição dos Estados Unidos, no valor de US$ 200 milhões. Também devem ser emitidos novos debêntures. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) já autorizou a captação de R$ 600 milhões através desse instrumento. É possível que a necessidade da companhia, caso o financiamento americano seja confirmado, fique em R$ 400 milhões.